Fiz a releitura deste conto para uma conversa informal com a escritora e tradutora Tânia Ganho na Livraria Buchholz. E há tanto para esmiuçar nas poucas páginas!
O meu exemplar foi emprestado pela rede de bibliotecas aqui da zona e trata-se de uma edição bem velhinha da editora Húmus, com um posfácio de Rita Santana dos Santos e um texto da autora explicando porque escreveu este livro, o que a motivou a fazê-lo.
Diz a autora que durante muitos anos passou por uma depressão muito grave em que o estado de melancolia era uma constante. A receita do médico era muito descanso sem nada fazer, tendo uma vida “o mais doméstica possível”, sem leituras ou escritas. Melhorou quando deixou de fazer o que o médico dizia!
Então, o intuito deste conto seria alertar mulheres que se encontrassem em situações semelhantes.
O texto é riquíssimo em pormenores, mas é necessário estar atento porque algumas coisas estão subentendidas. Uma mulher escreve na primeira pessoa e logo nas primeiras linhas refere: “O John é médico e talvez – (não me atreveria a dizê-lo a ninguém, claro, mas isto fica na gaveta e é um grande alívio para o meu espirito), talvez essa seja a razão por que eu não melhore mais depressa.” pág. 8. Fica o aviso ao leitor que passa a olhar para estes rabiscos da narradora com outros olhos.
Onde se encontra ela? Que casa/mansão é essa onde se encontra que mais parece uma prisão e onde nada pode fazer? Como é o estado de espírito desta mulher que parece desequilibrada? Que esconde ela do marido? Sabe-se que teve uma criança há pouco, a parte psicológica parece desestabilizada o que faz o leitor pensar de imediato em depressão pós-parto…
E esse marido quem é e o que pretende dela? Com palavras amistosas impede-a de escrever, que é algo que lhe dá prazer. "Ele detesta que eu escreva uma palavra sequer". pág 12
Páginas intensas, com alguns momentos que parecem de loucura, muitas interrogações se colocam. Gostei muito e aconselho!
Terminado em 25 de Janeiro de 2025
Estrelas: 6*
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