A trama decorre em Vizela, em 1982, no seio de uma família típica portuguesa, um casal e quatro filhos. Os narradores são dois dos irmãos, o Manel e o Zé. Se ficamos com péssima impressão de um, do outro fica-se com a ideia de pessoa perfeita, a quem a vida magoa e que tem o motivo perfeito para não se envolver no drama que vai acontecendo aos poucos, lentamente. Seremos nós aqueles que passam ao lado das coisas sem as ver porque não nos dizem diretamente respeito?
O alcoolismo, os maus tratos e a violência doméstica são alguns dos problemas que afligem aquela família.
É impressionante como a autora consegue transmitir na perfeição os pensamentos do Manel, a deturpação da realidade a que ele se agarra para justificar os seus vícios e erros, a forma como se sente injustiçado e culpabiliza os que o rodeiam.
E de que forma os laços de sangue nos impedem de ver quando um coração está estragado? Porque se o Manel é o autor material do que se passou naquela família, quem está ao seu lado, e nada fez, que responsabilidades possui?
É para ler, meninos, é para ler! Muito bom! Desejosa de ler o próximo...
Terminado em 3 de Julho de 2023
Estrelas: 6*
Sinopse
«Matei a minha mulher. Não fiz de propósito, mas é daquelas coisas que, depois de feitas, já não deixam volta a dar.» Dois irmãos contam a dissolução de uma família. Manel casou com Ema, e foi até que a morte os separasse como enfim os separou – pelas mãos dele. Habituado ao álcool e incapaz de lidar com as frustrações, não era a ele que mãe e irmãos deviam o amor sem reservas? Zé, casado, agora com três filhos, não vê no sangue uma desculpa para a vida do irmão. Pela mão da violência, que é pedra de toque, assistimos a uma família cujos laços se desfazem. E à vida transformada noutra coisa. Com uma linguagem crua e destemida, que não raras vezes desarma o leitor, Amor Estragado é um romance sobre a família enquanto território a proteger, a traição da vida adulta face às certezas da infância, a inveja, o desgosto, a degradação que o vício impõe e o que custa perder um lugar de honra. E inevitavelmente sobre a culpa – do homem que mata e de quem não o impede. «Este livro é uma lufada de juventude, no meio da mesmice da nossa literatura contemporânea.» Itamar Vieira Junior «Uma escrita singular que impressiona pelo arrojo e versatilidade, pelo tom coloquial que nunca se perde.» José Riço Direitinho, Público «É coisa séria, sensual, bem escrita.» Francisco José Viegas, Correio da Manhã
Cris
Nunca li nada da autora, mas pelo que li ando a perder boas leituras.
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