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segunda-feira, 17 de julho de 2023

"À Espera da Subida das Águas" de Maryse Condé

Babakar é médico e vive sozinho em Guadalupe. Sozinho com o fantasma da sua mãe, que lhe aparece nos seus sonhos e lhe comanda a vida, dando-lhe ordens e comentando as suas escolhas, os seus medos, as suas incertezas. A ligação entre os dois, em vida, era muito forte e, depois da sua morte, também. Do nada, por uma coincidência da vida, que o próprio considera feliz, uma menina cai-lhe nos braços e passa a fazer parte da sua vida.

Aos poucos, a sua vida vai sendo preenchida por alguns amigos cujas vidas a narrativa vai desvendando aos leitores, aos poucos, com as suas histórias de abuso, dor, mistério. Mal comparando, fez-me lembrar uma viagem num meio de transporte em que vão entrando viajantes com as suas bagagens que mais não são que as suas vivências, que se vão somar às dos que já lá se encontram. 

A viagem neste livro decorre maioritariamente no Haiti, para onde Babakar decide levar a menina, cuja ascendência é de lá, mas como pano de fundo está a História desse país liberto do jugo colonial mas ainda cheio de danos que o colonialismo provocou, cheio de ódio, violência, corrupção, racismo. Mas onde a amizade e o amor fazem de Babakar um privilegiado também.

Geograficamente recorri ao mapa para que as distâncias/países referidos se façam perto dado que cada personagem tem origens diferentes e, quando assim é, gosto de me situar visualmente. Foi sobretudo essa dificuldade que senti no decorrer desta leitura.

Terminado em 29 de Junho de 2023

Estrelas: 4*

SinopseCris

Uma história sobre a reconstrução do mundo.

Babakar Traoré estudou no Canadá, é médico e vive sozinho em Guadalupe, onde estão as origens da sua família materna – mas também a sua solidão, os seus fantasmas, bem como a recordação de uma infância africana, de uma mãe de olhos azuis que vem visitá-lo em sonhos, de um antigo amor, Azélia, também desaparecida, e de outras ilusões juvenis antes do seu exílio e da idade adulta. Quando, a meio de uma noite de temporal, é chamado para assistir um parto, Babakar não sabe que a sua vida está prestes a mudar por causa dessa criança que vai nascer; a mãe, Reinette, uma refugiada haitiana, morre ao dar à luz – e a pequena Anaïs fica a seu cargo. O desejo de Reinette era que a filha fosse criada no Haiti, e Babakar muda-se para a ilha, à procura de quem pudesse ensinar a Anaïs de onde ela vem. Através da história dessa dupla improvável, Babakar e Anaïs, dos amigos Movar e Fouad, que os acompanham, e dos que foram encontrando naquela ilha martirizada por violência, governos corruptos e gangues rebeldes, mas tão bela e fascinante, irá reconstruir-se um novo mapa ligado pelos danos do colonialismo, bem como as raízes do amor, da amizade, da comunhão com os outros – e o lugar de cada um no Mundo.

Cris

2 comentários:

  1. Decerto um livro muito interessante de ler
    .
    Saudações cordiais. Uma semana feliz
    .
    Pensamentos e devaneios poéticos
    .

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  2. Parece-me uma leitura interessante quer pelas personagens quer pela aprendizagem sobre o Haiti.

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