O autor não podia ter escolhido título melhor! Está perfeito!
A trama gira à volta de um escritor de sucesso, sexagenário, que não escreve há mais de dez anos. É uma narrativa feita na primeira pessoa, intimista, que gera no leitor uma empatia natural face a este escritor. Jaime Toledo, pelo que ouvi, já apareceu noutro romance mas como personagem secundário, ganha aqui uma dimensão e profundidade bem maior. Para além de sofrer de um bloqueio que nenhum escritor quer possuir, sofreu de um cancro que o deixou bastante debilitado e com fracos recursos financeiros. No topo da pirâmide, está o seu (mau) feitio e um passado de abusos, assédios e pressões sobre as mulheres com quem se envolveu. O declínio, o isolamento, o arrependimento e a loucura.
Temos aqui uma personagem ao estilo de João Tordo. Uma escrita que nos envolve, rica em pormenores, possuidora de uma fina ironia, que nos obriga a questionar alguns valores. Queremos não simpatizar com esse Jaime e algo nos impede de o fazer. O seu percurso de auto-análise é fascinante e somos atraídos por essa mente que tanto se desculpa como se arrepende. O caminho do crescimento não é mais do que isso, não acham?
Leiam, vale muito a pena!
Terminado em 12 de Novembro de 2022
Estrelas: 6*
Sinopse
O novo romance de João Tordo conta-nos a história de um homem à deriva, enredado nos seus fantasmas e obrigado a enfrentar a mais terrível das acusações.
«Quão longa é a penitência de um homem, quantas semanas e meses e anos demora a expiação dos pecados?»
Aos sessenta anos, o romancista Jaime Toledo enfrenta vários problemas. Não escreve há uma década, foi diagnosticado com cancro e, de repente, dá por si no epicentro de um escândalo. Escritor de renome em Portugal, a polémica lança-o para o abismo – sem carreira, sem dinheiro e sem casa, com os livros a ganhar pó nos armazéns, depois de banidos pela sua editora, toma uma decisão radical: deixar tudo para trás e mudar-se para um barco decrépito, fundeado nas docas de Lisboa. É no Narcisse – um minúsculo «barco mágico» –, na companhia de uma velha guitarra e de um cão chamado Sozinho, que Jaime procurará devolver o sentido à sua vida, reconciliando-se com o passado: as relações conturbadas com as mulheres, o abandono da escrita, a culpa que o corrói.
Até que, um dia, a aparição de uma figura do passado mudará tudo, desviando a narrativa para um lugar inesperado. Estará nas mãos de Jaime decidir se este naufrágio é o fim ou um caminho para algo novo.
Este é um romance corajoso sobre o amor e as relações entre os sexos, uma reflexão sobre a memória e a culpa, e as linhas difusas que definem as fronteiras pessoais, sociais e morais. Através de Jaime Toledo, João Tordo traça o perfil de um homem em busca da redenção possível, num mundo mais rápido a julgar do que a reflectir e onde é mais fácil condenar do que estender a mão.
«Por vezes, a ausência de esperança é uma forma de esperança; a paciência surge quando se esgota a paciência; o amor nasce, estranhamente, do mais profundo desamor.»
Cris
Acredito que seja um bom livro de ler. O título é sugestivo e atrativo.
ResponderEliminarCumprimentos poéticos
Obrigada pela sugestão de leitura :)
ResponderEliminarPareceu-.me bastante interessante!!
ResponderEliminar-
Beijos
Boa noite!
Ainda não li nada do autor 😞
ResponderEliminarEste já li ha um ano atrás e adorei, como todos os do Joao Tordo!
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