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quarta-feira, 6 de julho de 2022

"Um Casamento Americano" de Tayari Jones

O que realmente gostei neste romance foi a sua verosimilhança com a realidade. Não com a nossa, felizmente, mas com a americana. Lê-lo fez-me lembrar alguns documentários ou notícias sobre pessoas condenadas injustamente. Levam anos a prová-lo (quando o conseguem e possuem dinheiro para tal) e ficam com a sua vida destruída. Aqui, como pano de fundo, está o preconceito racial, muito entranhado ainda hoje nessa sociedade. Creio que a autora poderia ter tocado mais neste ponto, salientando-o.

As personagens foram construídas com muita profundidade emocional. Roy, Celestial e Andre parecem estar vivos, ao nosso lado. Os seus sentimentos mexem connosco. Roy passa alguns  anos na prisão, acusado de um crime que não cometeu. O leitor sabe isso de antemão mas, mesmo assim, momentos houve em que duvidei. 

Como casal afro-americano, Roy e Celestial, constituem a personificação de que o "sonho americano" é possivel.  Financeiramente estão bem, possuem sucesso e boas perspectivas de futuro. No entanto, o seu casamento recente tem pela frente uma prova que, mesmo assim dura, estão dispostos a superar. A ida para a prisão de Roy constitui um sério obstáculo ao seu recente casamento. Se a vida cá fora, para Celestial, se mostra difícil, para Roy a vida prisional quase o faz desistir. Somente a esperança de conseguir provar a sua inocência e o facto de ter alguém à sua espera o faz continuar... Quando sai, nada é igual. A sua relação mudou. As cartas trocadas são já anteriormente prova disso,  mas Roy persiste na esperança.

A escrita é muito cativante. A História também. Dois factores que, conjugados, resultam num livro obrigatório.

São quase 350 páginas que voam nas nossas mãos! Tradução de Tânia Ganho. Irrepreensível, "comme d'habitude"!

Terminado em 12 de Junho de 2022

Estrelas: 5*

Sinopse

Roy Othaniel Hamilton e Celestial Gloriana Davenport conheceram-se durante o tempo da faculdade e estão casados há pouco mais de um ano. Vivem em Atlanta. Roy é um homem afável, que aprecia regras e tem um bom emprego. Celestial, é bonita, cheia de carácter e uma artista promissora. Um dia, durante uma visita aos pais de Roy, na Luisiana, a porta do quarto de motel em que se tinham hospedado é arrombada e Roy é preso, acusado de violação. Mas está inocente. Celestial sabe-o e nós, os leitores, também. Roy é condenado a 12 anos de prisão.

A segunda parte do livro é epistolar e como que um diálogo entre os dois, ele preso, ela em liberdade. À medida que os anos passam, os ressentimentos aumentam, assim como os silêncios e os intervalos das cartas. Cinco anos volvidos, Roy ganha um recurso e é libertado. Na terceira parte do livro (cheia de acontecimentos) veremos como tudo mudou e como o passado não pode ser desfeito.

Uma narrativa fortíssima, com um extraordinário trabalho no delinear das três personagens principais (e narradores: Roy, Celestial e Andre, o grande amigo comum), face a questões morais, raciais e legais. 

Cris

 

 

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