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quarta-feira, 20 de julho de 2022

"O Perfume das Flores à Noite" de Leïla Slimani

Falarem-me de Leïla Slimani é tocarem-me na ferida. Li Canção Doce há muito e, embora de repente não me lembre da totalidade da história, ficou-me sempre um amargo na boca quando me recordo dele. Por ser duro, por ser muito bom. Pela história e pela escrita. Para mim esta autora será sempre daquelas que quero ler tudo. Pode escrever em cima de papel higiénico que tudo farei para lhe chegar, como costumo dizer. E lê-la! 

Este livro é de um registo diferente do que referi anteriormente. A escrita é a mesma. Forte, poderosamente bela. No entanto, este pequeno livro transporta-nos para o mundo interior de Leïla. Ao aceitar passar a noite num museu, os seus pensamentos divagam tanto para o poder da escrita e suas próprias influências, como para as suas memórias na sua cidade natal, Rabat em Marrocos, e o choque cultural vivido quando veio para França. Sentir que não pertence verdadeiramente a nenhum lado e, ao mesmo tempo, ser uma cidadã do mundo.

Deambulações noturnas num museu em Veneza conjuntamente com aquelas próprias e interiores de quem prefere a solidão às massas. Gostei muito desta caminhada noturna e interior pelos meandros da própria Slimani mas "Canção Doce" continua a ser a minha obra preferida, pela surpresa/dureza que constituiu ao lê-la.

Terminado em 30 de Junho de 2022

Estrelas: 4*+

Sinopse

Como escritora que acredita que a verdadeira audácia vem do interior, Leïla Slimani não gosta de sair e prefere a solidão à distração. No entanto, aceita um inusitado convite para passar uma noite num museu em Veneza – um edifício mítico na Punta della Dogana. A noite insone acaba por ser o pretexto para a escritora deambular por outras paragens e outros tempos. Percorrendo, de pés descalços, as salas e os corredores do museu, estimulada pelo perfume das damas-da-noite que a transportam para a infância em Rabat, Leïla Slimani fala-nos do belo e do efémero, da virtude do silêncio, da magia da criação artística, da solidão e do sacrifício da escrita.

Acompanhada pelas palavras e histórias de outros criadores, como Virginia Woolf, Rilke, Montaigne, Murakami e Emily Dickinson, Leïla conduz o leitor por uma viagem intensa, uma reflexão iluminada e um desfile de memórias comoventes.

Cris

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