E se?
O mau (e o bom!) deste livro é que João Reis, tendo criado um mundo distópico, ele não é suficientemente longínquo para que consigamos entrar na história sem nos perguntarmos o que poderia acontecer connosco se fossemos afetados pelos mesmos problemas. Sobretudo porque muito do que é referido é assunto recorrente nos nossos dias.
E se?
São várias as personagens que dão voz a esta trama, às vezes apenas brevemente, outras de uma forma um pouco mais longa mas nunca deixando que os capítulos se alonguem muito. Leem-se, pois, de uma rajada. No entanto, a voz de Sara sobrepõe-se às outras. É o elo de ligação entre todas as personagens. Confesso que, pela sua história, foi a que mais me agarrou.
E se?
Neste mundo distópico a seca é extrema, as guerras sucedem-se, o número de refugiados multiplica-se a cada dia. Sara é mãe de Mariana e tenta não se apartar demasiado dela. Depois de algumas dias num terminal de aeroporto sueco, foram para um campo de refugiados. Mariana escreve o que se passa ao seu redor num caderno que possui. Escreve para si embora se dirija a Emanuel. Emanuel, seu companheiro e pai de Mariana, foi feito prisioneiro de Jonas e do seu grupo paramilitar. Não conseguiu apanhar o avião com elas. Dentro do campo, com a escassez de alimentos, de água e de roupas que se faz sentir, as pessoas mostram o seu melhor e o seu pior também.
E se? E se tudo o que estamos a viver se complicar ainda mais?
Gostei muito deste livro. Pela escrita concisa, pela história tão actual. O final não podia ser outro. Quem sabe como, quando e se vai acabar esta guerra dos homens contra os homens e contra a natureza?
Parabéns, João Reis, por esta obra! Espero bem que não acertes em cheio e que o mundo em que vivemos não se transforme numa guerra entre pessoas chefiadas por loucos, porcos e maus.
Terminado em 18 de Março de 2022
Estrelas: 5*
Sinopse
Num romance composto a múltiplas vozes, é feminina a voz que se
sobrepõe, através do fio condutor de um caderno onde regista o seu dia a
dia de refugiada na companhia da filha. O destinatário dos seus
apontamentos é o marido, em parte incerta, e somos nós quem os lemos.
São portugueses estes refugiados.
O Estado português dissolveu-se, e o território está sem lei. Deram-se
as Guerras Meridionais da Água, o Primeiro e o Segundo Eventos, e até
uma pandemia de rex-vírus 3, que se espalhou pela Europa, pelo Médio
Oriente e pelo Norte de África. Os países do Norte fecharam as
fronteiras e interromperam o apoio financeiro que vinham a dar aos
países do Sul da Europa, a «taxa do deserto». A seca é extrema.
Uma narrativa distópica de leitura compulsiva a partir da primeira
linha. Um romance construído com grande mestria e com um desenlace
surpreendente.
Cris
Acredito que seja um bom livro de ler
ResponderEliminarCumprimentos
O eterno dilema dos E se...?!!!
ResponderEliminarNão conhecia, mas parece interessante.
ResponderEliminarMuito interessante!!
ResponderEliminar*
A inocência, em voz sentida
Beijos. Boa tarde!