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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

"Um Dia na Vida de Ivan Denisovich" de Alexendre Soljenitsin


Não fora um clube de leitura onde o tema mensal era ler um autor Russo, não teria pegado
neste livro tão cedo. Já o tinha na estante há muito porque tanto a capa como a sinopse tinham-me feito muitas promessas...

Pelo que a sinopse refere deste autor, galardoado com o Nobel em 1970, este livro parece-me ser um livro de auto-ficção. O autor nasceu em 1918 e formou-se em Matemática. Com 27 anos, Capitão do Exército Vermelho, é preso, acusado de fazer comentários pouco elogiosos a Estaline. O famoso Artº 58 do Código Penal Soviético que abrange os crimes políticos! Qualquer suspeita de deslealdade para com o regime era punido com a prisão. Os oito anos seguintes passa-os em vários campos de trabalho. Os famosos Gulags! É libertado no ano da morte do ditador, 1953. 

No entanto ainda passariam mais alguns anos até que o seu caso fosse revisto e a sentença anulada. Em 1962 o seu nome aparece numa revista russa, com a história da vida de um carpinteiro num dia num campo no Norte do Cazaquistão, precisamente o campo onde Soljenitsin cumpriu uma boa parte da sua pena.

Confesso que tive algumas dificuldades com esta leitura. A letra pequena desta obra das Publicações Europa-América também não ajudou. Sente-se o frio intenso, o gelo, os trabalhos pesados, a fome permanente, a ameaça do castigo sempre pronta a cair sobre os prisioneiros e sobretudo pelo protagonista, Ivan Denisovich Shukhov, mas a narrativa é muito fria, ela própria e decorre muito lentamente. Creio que terá sido essa mesma a intenção do autor, dar a conhecer como um dia nesses campos de trabalho pode ser dolorosamente comprido, mas custou-me ler e não foi pelas duras descrições feitas mas pelo arrastar de pormenores relatados.

O final espanta e surpreende. Shukhov teve por vários factores, sendo um deles a sorte, um dia com mais alimento do que o habitual. A sua reacção e sentimentos face a isto é surpreendente!

Um livro importante pela lição de História que nos transmite. 

Alerta Spoiler - Não ler o comentário seguinte se ainda não leu o livro!

Fiquei a pensar como é que alguém que viveu num Gulag tanto tempo se poderia sentir grato pelo dia "bom" que teve. É este o sentimento último do personagem ano final do dia. Quanta miséria terá vivido para, no fim de um dia em que conseguiu comer algo mais do que o fornecido normalmente (através de esquemas e também da sorte), achar que tinha sido um dia bom! 

Terminado em 7 de Novembro de 2021

Estrelas: 4*

Sinopse

Alexander Issaievich Soljenitsin nasceu em 1918, em Rostov, nas margens do Dom. O pai era "colarinho-branco", a mãe, professora primária. Soljenitsin licencia-se em Matemática na Universidade de Rostov e pouco depois é chamado para o Exército Vermelho. Em 1942, com 24 anos, é promovido ao posto de capitão.

Em 1945 é preso sob acusação de ter feito comentários pejorativos acerca de Estaline. Os oito anos seguintes passa-os, nessa situação, em diversos campos de trabalho. O campo no qual - e, com ele, o seu herói Ivan Denisovich Shukhov - cumpre grande parte da sua pena ficava na região de Caraganda, no Norte do Cazaquistão.

Em 1953, ano da morte de Estaline, Soljenitsin é libertado. Contudo, só depois de passar mais três anos no exílio e de Kruchtchev ter denunciado a política de Estaline, é que o seu caso é revisto e a sentença anulada.

Em 1962, o nome de Soljenitsin aparece pela primeira vez nas páginas duma revista literária russa narrando, com uma autenticidade que assentava na sua própria experiência, a história de um dia vivido por um simples carpinteiro de aldeia num dos campos de trabalho da Sibéria, no período de Estaline.

Banido da União dos Escritores Soviéticos, é, no entanto, galardoado com o Prémio Nobel da Literatura de 1970.

Cris

3 comentários:

  1. Li em adolescente e reli há pouco tempo. É simplesmente brutal.
    Obrigada pela partilha

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  2. Espero ler um dia, mas ainda não será a propósito do tema deste mês, do clube :)

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  3. Enquanto relato deve ser muito interessante, mas também não sou fã de descrições que se arrastam.

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