lido é das coisas mais parvas que existe sobre as leituras mas... E como nada esperava, tudo obtive. Foi graças a um clube de leitura, dos muitos em que estou metida, que esta livro me veio parar às mãos. Em boa hora convém confessar! O livro em sí já morava há muito nas minhas estantes e foi rápida a decisão de o ir buscar. A perspectiva de uma conversa com um grupo de livrólicos e com o próprio autor fez-me pegar nele.
E que boa surpresa tive! Que escrita fantástica e que história tão bem narrada. Não vos sei explicar como a música está tão presente nesta escrita, como parece estar nas gentes africanas que conheço. África para mim é casa. Infância feliz. Talvez por isso fuja de leituras em que reconheça esse Continente e essas gentes coloridas e alegres, apesar de todas as suas tristezas.
A história aqui relatada poderia ser triste. E é em muitos aspectos mas a forma de a transmitir está cheia de esperança. Ludovica, aka Ludo é portuguesa que, por motivos vários, vai para Angola. Como muitos. Mas como muito poucos, não sai de casa e, a determinada altura, empareda-se e não torna a sair. Um apartamento fechado para o mundo com muitos mundos lá dentro: ele está recheado de livros. Passa por todos as alterações políticas que esse país sofreu, fome, medo, doenca e solidão dentro de um apartamento acompanhada somente do Fantasma, o seu cão. Ludo lida com a guerra civil como lida com as suas guerras intímas, fechando-se e espreitando pela janela.
Personagens vão entrando de mansinho e a páginas tantas vão sendo revelados os seus segredos e o porquê das suas existências face a Ludo. Também ela é palco de vários segredos dos quais o leitor toma conhecimento e que explicam esse seu pavor de enfrentar o mundo.
Tanta riqueza nestas páginas! Tantos pormenores que se encaixam, tantas pontas que se ligam, tantos personagens fantásticos! Tanto tudo! Capítulos curtos, leitura rápida a menos que se queira voltar a trás e reler. Estes é dos que merecem ser relidos!
Terminado em 10 de Novembro de 2021
Estrelas: 6*
Sinopse
Luanda, 1975, véspera da Independência. Uma mulher portuguesa, aterrorizada com a evolução dos acontecimentos, ergue uma parede separando o seu apartamento do restante edifício - do resto do mundo. Durante quase trinta anos sobreviverá a custo, como uma náufraga numa ilha deserta, vendo, em redor, Luanda crescer, exultar, sofrer.
"Teoria Geral do Esquecimento" é um romance sobre o medo do outro, o absurdo do racismo e da xenofobia, sobre o amor e a redenção.
Cris
Também nunca li Agualusa :(
ResponderEliminarVale a pena, Carla!
EliminarMais um autor que me falta descobrir.
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