Embora tenha alguns livros deste autor, como ainda não tinha lido nada dele, foi com agrado e surpresa que entrei na sua escrita. Tem um ritmo que caminha lentamente, onde as palavras tornam-se quase vagarosas. Parece até que a acção adormeceu e, no entanto, acho que o seu encanto está precisamente aí. Só quem domina por completo a linguagem, possuindo o dom da palavra, consegue tal proeza! O leitor não se sente enfadado e, também ele, busca segredos por desvendar nestas páginas onde o enredo centra-se num casal recém casado e na sua noite de núpcias.
De quando em vez, o autor faz uma incursão no passado de Florence e Edward, os protagonistas desta história, indispensável para termos ideia da época retratada e dos tabus a que estes jovens estavam ligados. A falta de comunicação, a partilha de sentimentos conduzem a uma situação definitiva, quase irremediável. A vida encarregar-se-á de... Os juntar? Os separar? Não avanço mais para que este livro vos traga a surpresa que me fez dar 6 estrelas. Nem quero que me acusem de comentar algum livro usando spoilers.
Nas últimas páginas o ritmo da acção muda, o tempo passa a correr, os anos que se sucedem à sua primeira noite são descritos de uma forma rápida, como se quase não tivessem importância.
Diferente, ousado, o autor surpreende o leitor ao conseguir transmitir-lhe como as diferenças entre aquilo que os dois protagonistas sentem e aquilo que dizem um ao outro, podem fazer divergir o caminho dos acontecimentos.
Um livro que se aprecia melhor no final. Como um todo. Nitidamente creio que não será livro para todos mas para mim encheu-me as medidas!
Terminado em 23 de Junho de 2019
Estrelas: 6*
Sinopse
Estamos em Julho de 1962. Edward e Florence, jovens inocentes casados naquela manhã, chegam a um hotel na costa de Dorset. Ao jantar, na suíte reservada a casais em lua-de-mel, esforçam-se por dominar os medos íntimos da noite de núpcias que se avizinha... Com Na Praia de Chesil Ian McEwan dá-nos mais uma obra-prima - uma história de vidas transformadas por um gesto não feito ou uma palavra não dita.
Cris
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