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terça-feira, 2 de julho de 2019

"Hotel Silêncio" de Audur Ava Ólafsdóttir

Quando uma amiga me perguntou o que estava a ler, falei-lhe neste livro e ao contar-lhe do que se tratava dei-me conta que, se resumisse o enredo, quase parecia um livro cómico. Um homem de 49 anos, recentemente divorciado mas sentindo-se já há muito um homem solitário e sozinho, descobre que a sua única filha não é filha biológica. Não é que isso faça muita diferença no que concerne aos seus sentimentos em relação a ela, mas começa a pensar que nada mais tem a fazer e pensa em suicidar-se. Já viu tudo, já viveu tudo. Isso seria até trágico se não fossem os seus planos darem sempre errados...

Mas não é de todo um livro de tal natureza. Fala-nos de como a vida pode ser entendida de várias formas e que, se olharmos em volta, há sempre alguém que,  em condições bem piores, a encara com mais força. 

Um país saído de uma guerra - um bom local para morrer? - é a escolha do nosso protagonista para concluir o que tinha planeado. 

Um livro que se lê com gosto muito embora os temas mexam com os sentimentos do leitor pois retratam algo que o título original ("Ör") traduz na perfeição: cicatrizes. Da guerra, do amor, da vida. Com um final abrupto, deixa-nos a imaginar...

Terminado em 29 de Junho de 2019

Estrelas: 5*

Sinopse
Jónas Ebeneser está no limiar dos quarenta e nove anos. É um homem divorciado, heterossexual, sem relevância social ou vida sexual. E tem a compulsão de consertar tudo o que lhe aparece à frente. Tomou recentemente conhecimento de que não é o pai biológico da sua filha. Isso despedaça-o e fá-lo mergulhar numa crise profunda.

Com grande mestria, num estilo poético e finamente irónico, Ólafsdóttir mostra neste romance a capacidade de autorregeneração de um homem que redescobre um sentido para a vida através da bondade, mesmo que o faça a partir das profundezas do desespero.

Ör («cicatriz», no original) foi galardoado em 2016 com o Prémio de Literatura Islandesa, o Prémio de Melhor Romance Islandês e o Prémio dos Livreiros Islandeses.

Cris

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