O que dizer quando um livro nos apresenta uma realidade desconhecida, difícil de entender, tão real que nos sentimos num espaço diferente do nosso, projectados para um país que só ouvimos falar nos noticiários e pelas piores razões? O que dizer quando a guerra nos entra pelo corpo, quando a guerra sem sentido feita "lá longe" nos é apresentada como estando ao nosso lado? O que dizer quando nos sentimos inseguros, com medo, aterrorizados com o que possa acontecer com o protagonista, que é "nosso" e que queremos proteger?
Este livro é brutal. Trata-se de ficção mas traduz uma infeliz realidade dos nossos dias. O leitor fica sem fôlego tal é a violência que vizualiza. Sim porque este livro não são só palavras, é a imagem que vomita delas para os nossos olhos e à qual não conseguimos ficar indiferentes. Como é possível? - pensamos.
É ficção sim, mas a autora refere que alguns personagens e factos foram baseados em pessoas e acontecimentos verdadeiros. E não é coisa difícil de se entender porque sentimos todas as palavras como verídicas.
Não é um livro para todos os estômagos mas, é por ter sentido um murro tão forte que adorei esta leitura. De que é que estou a falar? Leiam a sinopse. Ficarão a ter uma ténue ideia do que estive a comentar.
Leitura imprescindível.
Terminado em 2 de Julho de 2019
Estrelas: 6*
Sinopse
Caracas, Venezuela: Num país que antes da crise era a terra dos sonhos, da beleza e da prosperidade e que agora está esgaçado pela corrupção, pela criminalidade e pela repressão, Adelaida procura apenas sobreviver.
Cai a noite em Caracas é o retrato de uma mulher que, frente a uma situação extrema, terá de transformar-se, renegar o passado para se agarrar a uma nova vida.
É a história de muitas outras mulheres, muitos outros homens, crianças, velhos, encurralados num país em que a violência, a miséria e a traição marcam o ritmo diário da existência.
Um romance extraordinário, que anuncia uma grande promessa na literatura em espanhol.
Cris
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