Ouvi há pouco tempo uma entrevista com a autora e seu marido, Paul Auster, na TV. Eu, que raramente vejo algo dessa caixa (mágica ?) porque prefiro ver a magia que se encontra nas páginas de um livro, fui a correr à estante buscar este. Escolhi-o por ser ter um reduzido número de páginas do que outro que cá tenho dela, mas como a experiência revelou-se positiva, vou puxar o Verão Ardente para mais próximo de mim. Os livros cá em casa mudam de lugar com frequência... Os mais longe, na sala, vêm muitas vezes passar uns dias comigo, aqui ao quarto, lugar onde me estendo para sonhar um pouco.
Resultado desta leitura? - perguntam vocês. Gostei da escrita de Siri Hustvedt. É descomplicada, fluída mas faz uma coisa, pelo menos neste livro, que não aprecio muito. Interpela o leitor, chama por ele, interroga-o, obrigando-o a participar, levando-o a opinar. Sinceramente não aprecio isso. Faz-me sair do meu sonho de dentro da história. Faz-me sentir "eu". E aqui, na leitura, gosto de me sentir personagem. Escolho com frequência uma com a qual me identifico e, pumba! Mergulho nela. Ora, se me obrigam a opinar sobre algo, sou forçada a sair de dentro dela e voltar para mim... Mas isso foi um aparte, porque não foi tantas vezes quanto isso que tal coisa aconteceu.
O que gostei, sobretudo, foi a forma inteligente que a autora arranjou para falar de vários temas, actuais e muito pertinentes hoje em dia. O que se passa num casamento quando um dos conjuges trai o outro, as diferentes formas de malvadez que podem grassar na adolescência, transformando-se muito facilmente em bulling, e a velhice, esse mundo de perda permenente, onde a morte está próxima e a amargura e a desesperança pode dominar o carácter de alguém que presente esse fim próximo.
Uma pausa num casamento de muitos anos. Um bom motivo para olhar em redor e aproveitar a vida.
Capa bela, porém, sóbria. Como gosto. Recomendo. Fiquei curiosa, como referi, com outro livro da autora que cá tenho. Registo igual? Vamos ver. Este está aprovado!
Terminado em 12 de Setembro de 2016
Estrelas: 4*+
Sinopse
«Há tragédias e há comédias, não é verdade? E são frequentemente semelhantes, um pouco como os homens e as mulheres. Uma comédia depende de parar a história exactamente no momento certo.»
Esta é a voz de Mia Fredrickson, a viperina e trágico-cómica narradora de Verão Sem Homens.
Mia é obrigada a examinar a sua vida no dia em que, sem pré-aviso e depois de trinta anos de casamento, o seu marido lhe pede "um tempo". Após um período de internamento num hospital psiquiátrico, ela decide passar o Verão na sua cidade natal, onde a mãe vive num lar de idosos. Sozinha em casa, Mia entrega-se à fúria e à autocomiseração. Mas, lenta e ardilosamente, a pequena comunidade rural insinua-se na sua esfera pessoal. Os "Cinco Cisnes" - um surpreendente grupo constituído pela sua mãe e as amigas -, a jovem vizinha, as adolescentes que frequentam o seu workshop de poesia… uma multiplicidade de vozes, vulnerabilidades, pequenas tiranias e desafios que resultarão na mais improvável das relações.
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