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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

"Quanto Tempo Faltará Para o Abismo?" de Mário Cordeiro

Autor português que desconhecia, Mário Cordeiro foi uma surpresa para mim. Surpreendida fiquei também com o final, que, não sendo convencional, deixa o leitor pensativo, um pouco acabrunhado até. Pelo menos foi isso que me aconteceu. Já acabei a leitura há alguns dias mas só depois de ter pensado nos personagens e de me ter distanciado deles é que consegui escrever estas linhas...

A morte, a finitude do ser humano, está sempre presente nesta obra. Ora porque as personagens principais se referem a ela, ora porque, um pouco à semelhança de A Rapariga que Roubava Livros, a Morte surge como um ser humano e dispõe-se a falar um pouco dela e de quem ela quer visitar...

António vive com uma doença terminal. Saber isso faz da sua vida um tumulto constante e seus humores variam cosntantemente. A vida para Cataria, sua mulher, também não é fácil. Lado a lado vão construindo um presente que de futuro nada poderá ter, ou pelo menos, sentem que o presente terá os dias contados. Viver na expectativa de uma morte, faz com que os dias sejam no mínimo diferentes. Viver com um amanhã sem grande futuro, gera angústias, sentimentos de solidão e conflitos internos que facilmente geram desentendimentos com quem está ao redor. Quanto tempo fatará para o abismo? Quanto tempo lhe restará? Quanto tempo lhes restará?

Um exímio texto, uma escrita irrepreensível e um esmiuçar de sentimentos com que o autor nos brinda. Tema pesado que nos deixa pensativos, como já referi. Recomendo para quem, como eu, acha que certas leituras são necessárias.

Terminado em 18 de Setembro de 2016

Estrelas: 4*+

Sinopse

Um casal com dois filhos decide mudar de vida e ir viver para uma aldeia, numa pequena quinta. Ele é poeta e crítico literário, ela é pintora. Durante um dia nas suas vidas, uma sucessão de eventos desperta memórias profundas. Confrontado com uma leucemia em remissão, a morte entra e sai em diálogo constante.
Mas é o saber rural milenar transmitido pelas pessoas da aldeia que contamina o ambiente e influencia o casal com as suas visões do mundo num país em pleno processo pós-revolucionário e a dar os primeiros passos na democracia. O que lhes reserva o futuro? Quanto tempo ainda lhes resta de felicidade num mundo em constante mudança?

2 comentários:

  1. Olá.
    Muito obrigado pela sua resenha e pelas palavras amáveis.
    Acho que dificilmente conseguiria eu próprio expressar o que este romance significa.
    Talvez por isso - pelo tema e pela ambivalência sentimental - tenha sido o primeiro que escrevi, avidamente, em 1989, mas o 5º a ser publicado, depois de muitos outros livros, fossem romances, poesia ou "livros profissionais".
    Obrigado pela referência e pelas suas palavras.
    Mário Cordeiro

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    Respostas
    1. Espero por outro ( em breve?)... Foi um prazer "lê-lo", Mário.

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