Li Paulo Coelho quando adolescente. Não me lembro se gostei ou não mas, até surgir esta proposta da Bertrand, não tinha este autor na minha lista de espera... Ao ler a sinopse e ao perceber que se tratava de Mata Hari fiquei curiosa. Dela não sabia grande coisa, praticamente nada. Fui "googlar" um pouco e mais curiosa fiquei.
Aqui, neste livro, a personagem fala-nos na primeira pessoa e, com a escrita de um autor que está habituado a falar com os fãs através das letras que junta em palavras simples mas que tocam o coração, cria-se um ambiente que leva o leitor a acreditar que Mata Hari foi injustamente acusada de espionagem aquando da Primeira Guerra Mundial. Defesa bem elaborada pelo autor, através de situações ficcionadas que tive muito gosto em ler. É difícil saber ao certo se a acusação teria algo de veridíco mas, gostei de acreditar que não. Mata Hari foi acusada de traição quando deveria ter sido acusada, sim, de ser um espírito livre e de alguém que não desejava ter amarras de qualquer espécie. Uma mulher numa época errada. Mesmo hoje, certamente, haveria quem lhe apontasse o dedo...
Famosa por ter no seu leito alemães e franceses, Mata Hari acabou por ser fuzilada, acusada de traição. Creio que Paulo Coelho conseguiu dar voz a uma mulher que sentiu de perto o sucesso através das suas danças exóticas mas, soube também, descrever com precisão as suas (possíveis) angústias e seus últimos pensamentos ao ver-se confinada a uma cela suja e sem higiene.
Com uma escrita muito visual e simples, Paulo Coelho chega rapidamente ao leitor fazendo-o desejar ler todas as páginas até ao final. Final que mesmo adivinhado, não torna a leitura menos aprazível...
Gostei e recomendo!
Terminado em 15 de Setembro de 2016
Estrelas: 5*
Sinopse
«Tudo o que sei é que o meu coração é hoje uma cidade-fantasma, povoado por paixões, entusiasmo, solidão, vergonha, orgulho, traição, tristeza. E não consigo desenvencilhar-me de nada disso, mesmo quando sinto pena de mim própria e choro em silêncio. Sou uma mulher que nasceu na época errada e nada poderá corrigir isso. Não sei se o futuro se lembrará de mim, mas, caso isso ocorra, que nunca me vejam como uma vítima, e sim como alguém que deu passos com coragem e pagou sem medo o preço que precisava de pagar.»
Mata Hari foi a mulher mais desejada da sua época: a famosa bailarina que usava exóticas danças orientais para chocar e encantar as plateias de toda a Europa; a confidente e amante dos homens mais ricos e poderosos do seu tempo; a mulher com um passado enigmático que despertava o ciúme e a inveja das senhoras da mais alta aristocracia parisiense. Uma mulher que ousou libertar-se do moralismo e dos costumes provincianos das primeiras décadas do século XX - e pagou caro por isso. Em A Espia, Paulo Coelho evoca de forma magistral a vida desta magnífica mulher, que nasceu à frente do seu tempo, apresentando-a ao leitor contemporâneo como uma poderosa lição de força e de liberdade.
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