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terça-feira, 20 de setembro de 2016

"A Espia" de Paulo Coelho

Li Paulo Coelho quando adolescente. Não me lembro se gostei ou não mas, até surgir esta proposta da Bertrand, não tinha este autor na minha lista de espera... Ao ler a sinopse e ao perceber que se tratava de Mata Hari fiquei curiosa. Dela não sabia grande coisa, praticamente nada. Fui "googlar" um pouco e mais curiosa fiquei.

Aqui, neste livro, a personagem fala-nos na primeira pessoa e, com a escrita de um autor que está habituado a falar com os fãs através das letras que junta em palavras simples mas que tocam o coração, cria-se um ambiente que leva o leitor a acreditar que Mata Hari foi injustamente acusada de espionagem aquando da Primeira Guerra Mundial. Defesa bem elaborada pelo autor, através de situações ficcionadas que tive muito gosto em ler. É difícil saber ao certo se a acusação teria algo de veridíco mas, gostei de acreditar que não. Mata Hari foi acusada de traição quando deveria ter sido acusada, sim, de ser um espírito livre e de alguém que não desejava ter amarras de qualquer espécie. Uma mulher numa época errada. Mesmo hoje, certamente, haveria quem lhe apontasse o dedo...

Famosa por ter no seu leito alemães e franceses, Mata Hari acabou por ser fuzilada, acusada de traição. Creio que Paulo Coelho conseguiu dar voz a uma mulher que sentiu de perto o sucesso através das suas danças exóticas mas, soube também, descrever com precisão as suas (possíveis) angústias e seus últimos pensamentos ao ver-se confinada a uma cela suja e sem higiene.

Com uma escrita muito visual e simples, Paulo Coelho chega rapidamente ao leitor fazendo-o desejar ler todas as páginas até ao final. Final que mesmo adivinhado, não torna a leitura menos aprazível...

Gostei e recomendo!

Terminado em 15 de Setembro de 2016

Estrelas: 5*

Sinopse

«Tudo o que sei é que o meu coração é hoje uma cidade-fantasma, povoado por paixões, entusiasmo, solidão, vergonha, orgulho, traição, tristeza. E não consigo desenvencilhar-me de nada disso, mesmo quando sinto pena de mim própria e choro em silêncio. Sou uma mulher que nasceu na época errada e nada poderá corrigir isso. Não sei se o futuro se lembrará de mim, mas, caso isso ocorra, que nunca me vejam como uma vítima, e sim como alguém que deu passos com coragem e pagou sem medo o preço que precisava de pagar.»
Mata Hari foi a mulher mais desejada da sua época: a famosa bailarina que usava exóticas danças orientais para chocar e encantar as plateias de toda a Europa; a confidente e amante dos homens mais ricos e poderosos do seu tempo; a mulher com um passado enigmático que despertava o ciúme e a inveja das senhoras da mais alta aristocracia parisiense. Uma mulher que ousou libertar-se do moralismo e dos costumes provincianos das primeiras décadas do século XX - e pagou caro por isso. Em A Espia, Paulo Coelho evoca de forma magistral a vida desta magnífica mulher, que nasceu à frente do seu tempo, apresentando-a ao leitor contemporâneo como uma poderosa lição de força e de liberdade.

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