Desta vez, é pela voz desta autora que somos confrontados com "o outro lado". Não há relatos de atrocidades como a que estamos habituados a ler nos livros que nos falam sobre o holocausto mas há miséria, fome e imposições permanentes, tanto a nível ideológico como físico. Irmgard nasceu numa família humilde que se fixou uma zona montanhosa alemã, perto do retiro de Hitler.
A sua família era formada por membros que aderiram à causa hitleriana e por outros que lutaram contra ele. Heroicamente, aliás! Irmgard cresceu e viveu tentando "escolher" entre os pais e os avós que amava. Mas, como sabemos, a elite nazi não partilhava das mesmas dificuldades que o povo alemão e, somos confrontados, aqui nesta leitura, com toda a propaganda nazi impingida por Hitler e pelas dificuldades reais passadas pelo povo que, ocultado da verdade, tentava sobreviver.
O secretismo que envolvia as acções de Hitler e a opressão em que vivia a maior parte do povo alemão, levava a que qualquer suspeita não fosse abertamente formulada, muitas vezes por medo de um castigo ou por desejo que fossem deixados em paz. A vida dura, difícil, repleta de carências contribuia para que o medo se instalasse e as notícias não se espalhassem.
Ficamos presos ao relato desta menina/mulher que, através de diários e conversas com familiares, tentou contar a história da sua família. Sem desculpas. Com toda a culpa que uma criança pode transportar por erros praticados por indivíduos sem qualquer humanidade. Quando a guerra termina, a autora tem 11 anos. O pós-guerra, vivido com muita dificuldade e ansiedade, é um mundo novo que se lhe abre. A ocupação americana foi uma porta de saída de um país fechado em si mesmo para um mundo onde a palavra liberdade possuia outro sentido.
Recomendo muitíssimo esta leitura.
Terminado em 11 de Novembro de 2014
Estrelas: 6*
Sinopse
a verdade é que ao ler o livro a senhora já tem a sua ideia feita ! não pode por isso ter uma leitura neutra é notorio no que escreve .
ResponderEliminarOlá "Anónimo",
EliminarClaro que não sou neutra... nem sei como o poderia! A ideia que tenho hoje está relacionada com tudo o que me foi contado e com o que li acerca do holocausto.
Mas o que é certo é que ao ler este livro fiquei com uma ideia diferente: nem todos os "do outro lado" foram "os maus"! Não é isso que transparece quando lê o meu comentário?
É isso que fazem os livros: obrigam-nos a re-pensar. Reitero por isso as estrelas dadas nesta leitura.
E a minha opinião vale o que vale...