Sou uma leitora algo distraída. Sabendo disso, é frequente ter perto de mim papel e lápis para ir anotando o nome dos personagens e as suas relações parentais. Tal não aconteceu com este livro, muito embora, em certas partes da leitura, sentisse necessidade de o fazer. Isso deveu-se, sobretudo, à escrita forte da autora, belíssima, que mexeu com as minhas emoções muito profundamente. E esqueci-me de tirar as pequenas notas que gosto tanto e que me vão orientando.
É um verdadeiro puzzle este livro! São várias as entradas, todas elas poderosíssimas, que me deixaram com uma inquietação permanente, querendo captar a história de fundo e ligar as personagens. Sem grande sucesso, aliás! Nas últimas 50 páginas talvez, pequeninos pormenores despontam deste texto mágico e criam uma história que nos apetece ler de novo, tal é a sensação de perda que nos assola quando terminamos o livro.
Findo o livro dá vontade de fazer uma pausa. Escutar pormenores que fazem agora todo o sentido. Apetece, como disse, ler de novo. Será que deixei escapar algo que uma re-leitura ajudaria a saborear?
O prazer de descobrir a história suplanta a história em si. A forma como ela nos é contada demonstra todo o à vontade que a autora possui com as palavras. Encantou-me, de facto.
Mas não vos vou contar nada! Não o saberia fazer, nem tão pouco poderia. Desvendar este livro é uma aventura que cabe a cada um. Mas preparem-se! Vão ficar rendidos. E não façam como eu... Peguem logo num papelito e num lápis e escrevam: água, ar, terra e fogo. Vai ajudar, vão ver! E depois irão perceber porquê... Ah! E tenham atenção que a cada um desses elementos corresponde um personagem diferente.
Recomendo. Muito!
Terminado em 23 de Novembro de 2014
Estrelas: 6*
Sinopse
Um condomínio, no Porto, que deveria guardar nas suas raízes a memória de uma casa e os fantasmas dos habitantes e das grandes árvores que daí foram arrancados.
Uma mulher que se foi tornando um fantasma de si mesma desde que as últimas árvores desse jardim tombaram. Duas irmãs gémeas que não sabem da existência uma da outra: uma parisiense, outra portuense. Um português, dono de um cinema de bairro em Paris, amigo de Laura, que vê o seu cinema arder e vai parar ao hospital, gravemente queimado. Um agente da PIDE que segue, nos anos 60, os movimentos dos habitantes e frequentadores da Casa Azul, produzindo relatórios sobre eles para as chefias. Um dossier que escapa às chamas e uma herança de cartas nunca lidas. A mãe da irmã que vive em Portugal, Rita, internada num lar, após uma tentativa de suicídio: uma tristeza profunda desde que teve de vender a casa de família, no Porto - a Casa Azul - e o seu magnífico jardim. Uma história de amor e paixão que não pode morrer, porque nasceu em Paris, no único mês de Maio em que tudo foi possível. Quatro personagens que precisam de encontrar-se para formarem um universo com sentido.
Cris, só a opinião é um texto bem escrito e muito apelativo. Fiquei desejosa de ter o livro na mão e lê-lo. Como não apreciei a capa, seria um livro que, por mim própria, não escolheria, mas agora... Já tenho alguns na minha lista de Para ler, mas este saltou bem para o topo. ;)
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