É assim que começo a maior parte das minhas histórias. Essa simples expressão parece ter a capacidade de nos transportar para outras realidades, uma outra dimensão, onde a fantasia se cruza com a realidade, para nos dar pequenas e grandes lições de vida.
Suponho que pudesse começar assim também a minha própria história, pois o que é a vida senão uma folha de papel onde, entre sonhos e desejos, vamos construindo a nossa existência?!
A minha existência é curta, porém longa, composta de uma dualidade que me define. Sou gémeos de signo astrológico e, quer acredite ou não na influência dos astros na minha vida, há características às quais não posso fugir – a criatividade, o desejo de comunicar e a vontade de conhecer novos lugares, sejam estes reais ou inventados.
Nasci naquela que considero a mais bela cidade do mundo, o Porto e cresci num ambiente urbano, mas fortemente pontuado de elementos rurais, que enriqueceram a minha infância e adolescência. Fui daquelas crianças que teve o privilégio de subir às árvores, esfolar os joelhos a andar de bicicleta, brincar em casinhas de faz de conta, com bolos de lama e arroz de bagos de urze.
As letras sempre me acompanharam. Digo sempre, pois não recordo concretamente o momento em que ler se tornou uma paixão e escrever uma vocação. Aqui e ali, sempre fui escrevinhando qualquer coisa, um ou outro poema, uma ou outra história de aventura, a maior parte delas, certamente, inacabadas e de pobre qualidade criativa…
Guardo ainda as cartas de amor (e desamor) juvenil que recebi, como resposta às tantas mais que escrevi. Sempre gostei de receber e escrever cartas. Quanto mais longas melhor. O cheiro do papel, a letra inicialmente cuidada e um pouco rebuscada que para o final mais se assemelhava a letra de médico, os sonhos e sentimentos projectados numa simples folha de papel…pedaços de mim, da minha história, que nada poderia substituir.
A acompanhá-las, os poemas. Essas melodias escritas, que escondem nas entrelinhas motivos e emoções que nós próprios desconhecemos ter. Tristes, complexos, mais ou menos intensos… foi por aí que comecei a escrever mais a sério. Formas breves e momentâneas que não exigem grande compromisso comigo ou com os outros.
Mas só muito recentemente assumi verdadeiramente a minha relação com a escrita. Cansada das temáticas depressivas que povoaram a minha adolescência, mergulhei num mundo de magia, sonhos e fantasia. As pessoas cometem o equívoco de pensar que escrevo
para crianças, mas na verdade, escrevo para mim. Quando era criança não precisava que me lembrassem como o mundo e a vida são mágicos, como sonhar é fundamental para construir a felicidade que tanto buscamos. Por isso, ao contrário do que a maioria pensa, escrevo sobretudo para adultos, pois sei que são eles quem mais precisam de ouvir as mensagens que transmito. Porque sei que são eles quem mais precisam de acreditar no sonho e na magia, quem mais precisam de histórias positivas na sua vida.
Procuro, assim, que as minhas histórias sejam fontes de prazer para quem as lê, independentemente da idade, mas maior fonte de prazer, são para mim, porque sou a primeira a povoar os mundos que crio, a primeira a viver as aventuras que narro.
Mas espero que nas minhas histórias não haja apenas prazer na leitura, espero transmitir mensagens positivas, capazes de educar para aqueles valores com os quais eu tive o privilégio de crescer, mas que vejo, a cada dia, desaparecer um pouco mais da sociedade em que vivo…
Agora, assumi completamente o compromisso, após o primeiro livro publicado, o trabalho tem sido constante e regular, recompensado aqui e além nas sessões de apresentação que sou convidada a fazer, nos prémios que vão acontecendo, nos contactos para novas edições, mas acima de tudo pelas críticas que me vão chegando.
E assim, vivo e escrevo com o meu próprio sonho (ainda pouco concreto e definido) de mudar o mundo com histórias de encantar.
Susana Machado
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