
estandarte; me tirasse da mão para me dar com a outra. Hoje sinto-me mais cigarra do que formiga…escrevendo.
Um dia troquei a cidade pelo campo. Decidi tentar a sorte, perseguindo o sonho da escrita. Sentimentos contraditórios: muitas vezes não sei o que persigo, se o ofício de escritor, se a mera ideia romântica de o ser: a escritora junto à enorme janela, na sua casa de campo, a chávena de café, os pássaros lá fora.
Veio o Prémio Revelação APE/Babel com uns contos que escrevi para adolescentes. E em 2012 terminei, enfim, o primeiro volume de uma longa história que me obrigou a trabalhar muito; que ainda hoje me rouba múltiplas horas: a trilogia “A Ilha de Melquisedech”.
Tal como eu, esta história tem idade interior incerta. Não se percebe muito bem a que faixas etárias se destina, nem se sabe ao certo como classificá-la. Uns dizem que é literatura fantástica, outros que é uma alegoria, outros, como eu, chamam-lhe um romance de fantasia (pois também mete um feiticeiro, fadas, faunos, um ciclope, lestrigões e até uma mulher com oito braços). Parece que o livro só quer brincar mas não é bem assim: a brincar a brincar, nele vai surgindo o mundo a sério e, afinal, o que parecia fantasia não é bem. E porque, muitas vezes, o que separa a realidade mais dura da fantasia, a lucidez da loucura, a verdade da mentira, são fios de cristal quase invisíveis; porque precisamos de fugir para mundos de papel onde fingimos paraísos. Onde tudo é perfeito na imperfeição de vidas inventadas que, sendo imperfeitas, bem que podiam ser realmente nossas.
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Vera de Vilhena
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