Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 336
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04415-0
Gosto de escrever a minha opinião acerca de um livro mal acabo de o ler mas às vezes isso não é possível. Por preguiça. Porque preciso de ponderar sobre o que li. Porque as palavras enrolam-se no cérebro e não querem sair ... por mil e uma razões. Desta vez conjugaram-se as três e andei a adiar, a adiar demasiado.
Mas isso não quer dizer que a minha opinião seja menos boa. Não! Pelo contrário. O tema agradou-me, como me agrada sempre que sou transportada para 1940 e consigo viver e sentir um pouco os horrores que nós, os Homens, somos capazes de praticar.
E digo somos porque, hoje, o "holocausto" ainda anda por aí. Muitas vezes disfarçado, é verdade, mas vivo na sua forma mais dura e cruel.
Mas voltando ao livro. Saltitando entre o passado (1939/40) e o presente (1992), entre Paris e Berlim, vamos conhecendo os elementos de um grupo de jazz onde a música é uma paixão, onde as diferentes nacionalidades de cada um são um ponto de união, porque os une a amizade assente na música. Personagens bem caracterizados, com vida e sentimentos próprios, que se misturam no contexto político e social de então, fazem deste livro uma pérola a ler. Já no presente, só restando dois elementos de idade avançada, o mistério adensa-se quando têm conhecimento da possível existência do elemento mais promissor da banda, que julgavam morto.
Creio que o autor poderia ter explorado um pouco mais os momentos passados nos campo de concentração por esse jovem músico. Pelo menos senti a necessidade de conhecer melhor esse aspecto da vida de Falk. Porém é retratado aqui, brilhantemente a meu ver, como se deviam sentir os cidadãos alemães que não tiveram a "sorte" de nascer loiros e de olhos azuis... Em todos os lados da guerra, por uma razão ou outra - ou pela cor da pele ou pela nacionalidade - sentiram-se deslocados sem pertencer a nenhum desses lados completamente. Falk era alemão e negro.
Leiam. Vale a pena!
Terminado em 2 de Janeiro de 2013
Estrelas: 5*
Sinopse
Se não contares a tua própria história, alguém o fará. E possivelmente fá-lo-á mal...
Paris, 1940. Em plena ocupação alemã, Hieronymous Falk, um jovem e brilhante trompetista de jazz, é detido num café, desaparecendo completamente de circulação. Tinha apenas vinte anos, era cidadão alemão e... negro.
Cinquenta anos depois, Sid, antigo companheiro de banda e única testemunha desse fatídico acontecimento, ainda se recusa a falar do assunto. No entanto, quando Chip, outro ex-companheiro, lhe mostra uma misteriosa carta que recebeu de Hieronymous, vivo e de boa saúde, Sid enceta uma dolorosa viagem ao passado. Da agitação dos bares clandestinos da Berlim do início da Segunda Guerra aos salões de Paris, irá reviver a paixão pela música, a camaradagem e a luta diária de então, mas também as invejas, as traições em nome da arte e o sentimento de culpa...
Um romance extraordinário sobre o mundo do jazz, mas também sobre os limites da amizade, o racismo e a fragilidade dos que vivem à margem.
Prémios e nomeações para prémios:
Finalista do Man Booker Prize 2011
Finalista do Orange Prize 2012
Vencedora do Scotiabank Giller Prize 2011
Vencedora do Ethel Wilson Fiction Prize 2012
Vencedora do Anisfield-Wolf Book Award
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