Escrito na primeira pessoa, em jeito de confidência, o personagem principal, John, vai-nos pondo ao corrente de toda a tragédia que sofreu e de como consegue sobreviver à morte das duas pessoas mais chegadas: a sua mulher e a sua pequena filha, vítimas de um acidente de carro. Primeiro, a fuga da realidade, seguida de remorsos pesados e autodestrutivos, visto que ele era o condudor do veículo.
Ao isolar-se, tenta fugir de si próprio, dos seus pensamentos. Pensa no presente, evita o passado, não toma planos em relação ao futuro. Vive entorpecido, alcoolizado muitas vezes. E é este aprofundar de sentimentos que comprova a mestria do escritor. Os erros cometidos por John e que comete posteriormente nestas acções que o livro relata, levam-nos a simpatizar e a desculpabilizar o personagem.
Achei o final um pouco inacabado. Se é certo que o personagem consegue libertar-se do torpor em que vivia, parece-me que o autor poderia ter explorado mais esse aspecto e pela sua forma de escrita conseguiria agarrar o leitor de igual maneira. O salto na narrativa que se verifica no final deixa-nos um olhar vago do que aconteceu na realidade...
Uma leitura que nos anestesia e nos prende tanto pelos sentimentos abordados como pelo tema tão difícil de aceitar na vida real: a morte de familiares chegados e como voltar a viver e a recomeçar.
Terminado em 23 de Junho de 2012
Estrelas: 4*
Sinopse
John Wraith, de 46 anos, recupera a consciência depois de um grave acidente; só então toma conhecimento de que a sua mulher e a sua filha de 5 anos morreram tragicamente no carro que ele mesmo conduzia. Por sugestão da irmã irá recuperar na casa de férias, em Nature’s Valley, um local remoto da costa sul-africana. É Inverno e a terra está quase deserta. Porém, conhece aí uma perturbada jovem de 17 anos, o seu pai e o seu irmão, e deixa-se atrair irremediavelmente por esta família disfuncional. Uma análise intensa sobre a perda e a obsessão que fazem de O Despertar do Adormecido um notável thriller psicológico.
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