Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 272
Editor: Albatroz
ISBN: 978-972-0-04572-0
Idioma: Português
Mal vi este livro soube que tinha de o ler! A capa atraiu-me deveras: cheia de expressividade chamava por mim. O título despertou definitivamente a minha curiosidade.
Quando leio romances estou sempre à espreita e à espera de, no meio da história, encontrar pedaços de História verídicos que me façam saber um pouco mais sobre os usos e costumes de um povo, de um lugar. Este livro não é um romance - antes o fosse, pois significaria que estas histórias faziam parte do imaginário da autora - mas lê-se como tal. Com o coração apertado, não querendo acreditar que possa existir semelhante fardo para todas estas heroínas que vivem nestas páginas. E o pior é que, passados tantos anos, a situação ainda se mantém inalterada para muitas delas.
Histórias de horror, inimagináveis para quem nasceu no Ocidente, mas também histórias de coragem. Um grito de quem não tem forma de se exprimir de outra forma. A autora, jornalista afegã refugiada em Londres, intercala a sua própria história com relatos verídicos da vida de algumas mulheres afegãs que tiveram a coragem de contar a sua vida num programa radiofónico da BBC...
Num país onde os valores culturais privilegiam o sexo masculino, as raparigas são, demasiadas vezes, um meio de troca para resolução de conflitos ou de união de duas famílias. Para tal cultiva-se o analfabetismo pois a ignorância impede muitas mulheres de lutar pelos seus direitos, direitos esses que desconhecem por completo.
Vidas de escravidão a que muitas mulheres se sujeitam para que não lhes sejam tirados os filhos pois a lei afegã atribui, aquando de divórcio, os filhos aos pais em detrimento da vontade das mulheres/mães.
Algumas conseguem - contra tudo e todos - a tão almejada independência económica, que lhes permite uma vida de trabalho dura, um pouco menos miserável.
Ser-se mulher, no Afeganistão, significa transportar um estigma muito pesado. Ser viúva é uma desonra para a família e muitas delas são obrigadas a casar com cunhados ou outros familiares. Ser divorciada é pior do que a morte, tais são as consequências. Uma vida de inferno.
Mesmo lendo esta obra e acreditando na veracidade dos relatos aqui descritos custa ler, custa ficar a saber! Mas, e por isso mesmo, este livro é de leitura obrigatória. Recomendadíssimo!
Terminado em 16 de Junho de 2012
Estrelas: 6*
Sinopse
Um relato que traz a lume as vidas escondidas das mulheres afegãs que tiveram a coragem de enfrentar a comunidade e contar a sua experiência.
Shereenjan era ainda uma menina quando foi obrigada a casar-se para pôr termo a um conflito entre duas famílias; Samira passa os dias num quarto húmido e escuro a tecer tapetes, por imposição do marido, e tem de drogar a filha bebé com ópio para poder dedicar-se plenamente à sua tarefa; ao perder uma perna num bombardeamento, Wazma é abandonada pelo marido, que amava incondicionalmente, e privada de ver a sua única filha; Anesa é forçada a casar-se com um homossexual e a tornar-se escrava do amante do marido; Layla é uma das muitas viúvas renegadas pela família e pela sociedade.
Zarghuna Kargar, uma jornalista afegã refugiada em Londres, ouviu estas e outras histórias, que compilou com o objetivo de destapar uma realidade assustadora, tão próxima e ao mesmo tempo tão distante - milhares de mulheres afegãs há muito que são vítimas dos costumes de uma sociedade profundamente religiosa e tradicional.
Embora a sorte das mulheres afegãs tenha melhorado consideravelmente nos últimos anos - há mais de 60 membros do sexo feminino no parlamento , em várias zonas do país a repressão continua inabalável. Mulheres Afegãs - Histórias por detrás da Burka é disso testemunha.
Bem parece que vai ser o próximo livro a ler...pois os meus favoritos são os que relatam históricas veridicas...parabéns pelo teu blog...já sigo algum tempo
ResponderEliminarBeijinhos
Elisabete Cruz
http://tralhasepanelas.blogspot.pt/
Olá Elizabete! Obgda pelas tuas simpáticas palavras.
ResponderEliminarEste livro faz-nos reflectir na sorte que tivemos em termos nascido neste cantinho do mundo, percebes?
Bjinhos
Cris