Com este comentário da Teresa fiquei rendida e já o tenho cá na estante para o ler, esperando uma aberta nesta lista infindável de livros que é a minha pilha...Obrigada pelo empréstimo, Teresa! (Cris)
"Mais um livro que me veio para às mãos através duma troca de livros e que se revelou uma inesperada e excelente surpresa!
A história é-nos contada na primeira pessoa por Christopher, um jovem de 15 anos que sofre de Autismo e que vivendo no seu mundo muito peculiar é de repente catapultado para situações que o vão obrigar a "entrar" no mundo dito normal.Christopher é obcecado por números primos (os capitulos do livro são ordenados pela sequência desses números), não suporta ser tocado pelos outros, não gosta de amarelo e castanho mas adora vermelho e é um aluno excelente a matemática e ciências, quando se enerva e entra em "crise", faz extraordinárias contas de cabeça e tem uma extraordinária memória fotográfica.
Um dia este cenário é alterado quando descobre o cão duma vizinha morto com uma forquilha. Começa então a sua investigação para descobrir o culpado do crime que tanto o impressionou. E resolve mesmo escrever um livro anotando todos os passos da sua investigação.
É esta decisão que vai mudar completamente a sua vida e a visão do mundo que o rodeia. Os desafios que vai enfrentar que a nós parecem minímos, são enormes e geradores de stress intenso. O simples acto de entrar num transporte público é duma dimensão grandiosa para Christopher e requer toda a sua força para o conseguir fazer.
Durante esta leitura que inicialmente nos pode parecer absurda, vamos gradualmente percebendo o quanto é plausivel e conseguimos de facto "ver" a história pela cabeça de um jovem autista de 15 anos!
O autor terá tido o seu trabalho simplificado pelo facto de ter trabalhado com crianças autistas e consegue duma forma fantástica levar-nos a conhecer esse tipo de disfunção e a perceber o raciocinio de Christopher.
Uma pequena advertência: mal começamos a ler o livro ficamos absorvidos até ao final...
Lembrei-me diversas vezes de um outro livro, Lotaria de Patricia Wood, que embora seja diferente tem alguns pontos de semelhança. Se Lotaria me fascinou, O Estranho Caso do Cão Morto não ficou nada atrás!
Quanto á forma de escrita de Mark Haddon, é extremamente bem estruturada e não é alheio o facto de ele ter ensinado Escrita Criativa!
Uma história comovente, com excelentes momentos de humor mas também com momentos de uma sensibilidade incrível, que nos faz pensar e tentar compreender o drama de quem vive com este tipo de disfunção. Que nos leva a compreender e aceitar as diferenças e desperta a nossa consciência.
Excelente é o adjectivo que encontro para classificar este pequeno/grande livro."
Teresa Carvalho
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