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segunda-feira, 21 de abril de 2025

"Uma Família Em Bruxelas" de Chantal Akerman

O começo é abrupto, como se fosse o seguimento de uma ideia já referida: "Além disso..." colocando o leitor num estado de surpresa e atenção que me agradou. A escrita é corrida, algo repetitiva, quase oral, que me levou a ler algumas partes em voz alta para ver se funcionava melhor comigo. Mas nem assim me agradou. Gostos...

É um monólogo intenso, compacto, um fluxo de pensamento constante que, a mim, me cansou sobretudo pela quase inexistência de pontuação pese embora seja um livro muito pequeno em tamanho e páginas. A narradora é uma mulher que perdeu recentemente o marido, e que recorre a vários episódios do passado, saltitando entre pensamentos, acontecimentos com as duas filhas, o marido e ela própria e o presente.

O tema do Holocausto paira muito ao de leve e, não fora a referência de uma amiga a esse facto, creio que ter-me-ia passado despercebido muito embora a narradora, cujo nome nunca é referido, tenha mencionado que perdeu familiares "nos campos" e que a mãe morreu em 1942, não tendo conseguido realizar os projectos que tinha com ela. 

O AVC do marido despoleta esta dor que é sentida, a dor do luto, uma intensa solidão que o leitor sente através das repetições de frases e pensamentos. 

Compreendo a intenção da autora mas não me prendeu como esperava e gostaria.

Terminado em 30 de Março de 2025

Estrelas: 4*

Sinopse
Pela janela de um apartamento em Bruxelas vê-se uma mulher, quase sempre vestida de roupão e envolta nas suas memórias. Ela acaba de perder o marido. Por isso passa muito tempo ao telefone, a falar com as filhas, uma em Ménilmontant, um bairro de Paris, outra na América do Sul, e com a família espalhada pelo mundo.

Nesse labirinto de vozes, evoca o vazio que a cerca, com a delicadeza de uma fuga musical. Para além do nome impronunciável da Shoah e do silêncio dos sobreviventes, fala de uma solidão indescritível e dos pequenos arranjos com a vida.

Memórias no meio das banalidades do quotidiano. Uma história de luto sublimada por palavras, Uma Família em Bruxelas é uma conversa íntima como um livro aberto.

Cris

1 comentário:

  1. Ao ler esta publicação lembrei-me do livro "E, de Repente, a Alegria", de Manel Vilas, que gostei muito. Porém, nem todos os autores nos conseguem agarrar com narrativas mais introspectivas.

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