Não há como não ficar presa a esta história! A narrativa tem um quê de mistério do qual o leitor se apercebe logo de início e o agarra de imediato. Uma mulher observa duas meninas enquanto brincam. Ela e nós ficamos a saber que são suas netas, filha da sua filha que não vê há muito. Esconde-se para não ser vista, espreita sorrateiramente para dentro de uma janela. Parte sem se dar a conhecer a essas netas que nunca a viram, que não sabem quem é a avó.
A trama passa-se numa cidade holandesa. Yoella vive actualmente em Israel. Foi de propósito confirmar o que lhe tinham dito, foi de propósito “conhecer” as netas, ver a filha Leah. O que está por detrás do afastamento de uma relação que, é-nos mostrado página a página, é cheia de amor e cumplicidade entre mãe e filha? O mistério adensa-se com o avançar da história. A que se deveu o afastamento aparentemente inexplicável entre as duas?
O passado regressa e é-nos dado a conhecer sempre pela perspectiva da mãe, a narradora. Conta esta história na primeira pessoa e cria assim um impacto maior ao leitor. É fácil colocarmo-nos na sua pele. Uma mãe sofrida, que recorda com dor mas muito amor também. E, no entanto, o leitor sente alguma instabilidade mental da parte da mãe que nos leva a não considerar como verdadeiros todos os pontos de vista a que se refere, sendo que se sente presente a depressão que a afectou em alguns momentos da sua vida e o amor que tem pela filha que poderá ser excessivo.
Os pequenos erros, embora pareçam insignificantes, também afastam. Como referi temos a perspectiva de Yoella, a mãe. Gostava de ter também o ponto de vista da filha, Leah. Porque um pequeno erro para uma pessoa pode ser uma grande erro para outra...
Recomendo sobretudo se querem uma leitura muito absorvente!
Terminado em 10 de Março de 2025
Estrelas 5*
Sinopse
Uma mulher está parada no escuro, numa rua, a milhares de quilómetros da sua casa em Israel.
Espreita através de uma janela iluminada para o interior de uma moradia, nos subúrbios de uma cidade holandesa.
As duas crianças pequenas que observa, enquanto brincam entre a sala e a cozinha, são as filhas da sua única filha, as netas que ela vê pela primeira vez.
No centro da história, no passado, está uma pequena família: pai, mãe e filha – uma família cujos erros foram cometidos por amor; erros esses que se acumularam e criaram uma cisão, um intenso drama psicológico.
Com precisão cirúrgica, Hila Blum analisa as brechas que fendem o amor entre mãe e filha, as coisas que queremos ver e as que preferimos negar, enquanto desenha um mapa íntimo que põe a nu os limites da nossa capacidade de dirigir e controlar os destinos dos nossos filhos.
Enquanto isso, e ao longo do livro, Blum dialoga com outras escritoras da sua geração, cuja obra se entretece com a vida de Yoella, a mãe desta história, construindo um romance de grande força e beleza.
Cris
As relações constroem-se pelas perspectivas dos intervenientes. Gostaria de descobrir o que levou à sua separação.
ResponderEliminarParece-me muito interessante!!
ResponderEliminar.
Mesmo que a alegria não seja muita, derivado ao tempo instável, não quero deixar passar sem vos desejar uma Santa Páscoa, recheada de Saúde e Paz
Uma Santa Páscoa.
Beijos. Sejam Felizes!
Boa Páscoa, Cidália!
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