Annie Ernaux para mim é casa. Gosto de ler os seus livros espaçadamente porque o seu tom intimista e revelador de aspectos da sua vida fazem-me querer conhecê-la melhor, identificando-me com alguns acontecimentos e reacções. E, sobretudo, admiro a sua escrita concisa. Os seus pequenos livros, de auto-ficção, dizem tanto!
Um diário, escrito em vários momentos da sua vida aquando da descoberta e posterior acompanhamento de sua mãe, doente de Alzheimer. Leitura onde os sentimentos dela se misturam com os nossos, leitores: frustração, ternura, dor, choque. Uma inversão de papéis para a qual ninguém está preparado. Quem nos ensinou a ser pais dos nossos pais? Como se gere o esquecimento a que somos votados quando essa terrível doença progride e nada podemos fazer?
Um livro que mesmo depois de lido permanece em nós. A reflexão impõe-se.
A escolha do título é uma descoberta doce, terna.
Terminado em 1 de Março de 2025
Estrelas: 6*
Sinopse
No verão de 1983, durante uma vaga de calor, a mãe de Annie Ernaux
sentiu-se mal e foi hospitalizada. Aperceberam-se de que não comia nem
bebia há vários dias, estava desorientada, revelava falhas de memória.
Pouco depois, foi diagnosticada com a doença de Alzheimer. «Não saí da
minha noite» foi a última frase que escreveu, numa carta a uma amiga,
quando já se encontrava a viver com Annie, que nos três anos seguintes
manteve um diário. Aí registou não apenas os sinais do agravamento da
doença da mãe, mas também os seus próprios sentimentos ao ver-se
impotente, assistindo ao definhar daquele ser que lhe deu vida. «Sonho
muitas vezes com ela, tal qual era antes da doença. Está viva, mas
esteve morta. Quando acordo, durante um minuto, tenho a certeza de que
ela vive realmente sob essa dupla forma, morta e viva ao mesmo tempo,
como as personagens da mitologia grega que atravessaram duas vezes o rio
dos mortos.»
Cris
Olá! Ainda não li nada dessa autora, mas foi ótimo conhecê-la através de seu post. O assunto do livro também é interessante, essa troca de papéis que precisamos assumir no fim da vida gera muitas reflexões! Parece ser uma ótima leitura!
ResponderEliminarwww.finaliteratura.blogspot.com
Provavelmente uma boa leitura para todos aqueles que atravessam esta realidade e não só, uma vez que não sabemos se e quando a mesma nos bate à porta.
ResponderEliminarOLá, gosto muito da Annie, mas este livro ainda não li. Vai para a minha infindável lista LOL
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