Este livro tinha tudo para lhe dar 6 estrelas mas não fiquei satisfeita com o final. Não que não goste de finais em aberto. Gosto. Sobretudo daqueles em que as hipóteses são variadas e o leitor pode escolher aquela para a qual mais se inclina. Este final, achei incompleto. Senti que faltava informação. Que com mais duas ou três páginas poderia ficar um final em aberto mas perfeito.
Posto isso vou-vos falar de uma obra da qual gostei muito, que envolve o leitor logo nas primeiras páginas, com personagens bem construídos, humanos, com detalhes muito reais. Personagens que, tal como as pessoas, possuem características positivas e negativas. É um dos factores que aprecio num livro. Ninguém é totalmente mau ou bom. Os erros de comportamento são uma característica do ser humano. A reacção face aos mesmos é que pode ser diferente.
Uma jovem com 17 anos, inteligente o bastante para ser a primeira da sua família a ter possibilidade de ganhar uma bolsa para a universidade, vê-se numa posição desesperada. Grávida, prevê um futuro cheio de obstáculos que a impedirão de ter a vida com que sonha. A gravidez não está nos seus planos.
Para além disso, ainda carrega nas costas o suicídio da mãe. Que razões a terão levado a agir assim? Há culpados? Será ela é culpada, de alguma forma, dado a mãe a ter tido ainda na sua adolescência? Nadia, Luke, seu namorado, Audrey, sua melhor amiga, crescem com pesos e segredos difíceis de carregar.
E há as "mães", algumas senhoras que frequentam a igreja, narradoras de parte deste livro. "Nós", as mães, que o leitor vagamente sabe quem são. Personagem colectivo numa comunidade fechada afro-americana, a sul da Califórnia.
As páginas voam, a trama adensa-se e prende. Aconselho.
Li desta autora o livro que foi anteriormente publicado em Portugal, "A Outra Metade" (opiniao aqui), embora cronologicamente tenha sido escrito depois deste. Para romance de estreia foi uma boa surpresa.
Terminado em 27 de Novembro de 2023
Estrelas: 5*
Sinopse
O romance de estreia de Brit Bennett, autora do fenomenal A outra metade e herdeira da tradição literária norte-americana firmada por James Baldwin, Toni Morrison e Chimamanda Ngozi Adichie.
Sobre o pano de fundo de uma comunidade afro-americana marcada pela religião, no Sul da Califórnia, As mães conta uma história comovente e perspicaz sobre amor e ambição. Tudo começa com um segredo: «Todos os bons segredos têm um determinado sabor antes de os contarmos, e, se tivéssemos demorado mais algum tempo a degustá-lo, teríamos porventura reparado na acidez típica de um segredo ainda por amadurar, colhido cedo demais, rapinado e propagado antes do tempo certo.»
Nadia Turner está no fim do liceu e é uma adolescente rebelde, angustiada, muito bonita. Imersa no luto após o suicídio da mãe, envolve-se com Luke, um rapaz um pouco mais velho, filho do pastor da comunidade. São miúdos, não é nada sério. Mas desse romance resultará um segredo com um impacto duradouro. Pouco depois, Nadia abandona a terra natal, para forjar uma vida só sua. Os anos passam. Já adultos, Nadia, Luke e Aubrey, a melhor amiga, ainda vivem no rescaldo da escolha que fizeram naquele Verão à beira-mar, enredados num estranho triângulo amoroso e perseguidos pela dúvida: como seria agora, se tivessem, então, feito uma escolha diferente? Numa prosa encantatória e desafiante, As mães revela que as escolhas que seguimos deixam marca até ao fim.
«Agridoce, sensual, moralmente desafiante.» The New York Times Book Review
Cris
Boas leituras e um Natal bem feliz 🙏🧑🎄😘
ResponderEliminarGracinha, Feliz Natal!
EliminarObrigada pela partilha. Parece-me muito interessante.
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