Quando li da Catarina o "Coisas de Loucos", fiquei sua fã. Da sua escrita tão pessoal que nos faz aproximar dos personagens reais que descreve, da forma como consegue prender o leitor através de uma investigação que supomos demorada, dos pormenores relatados que nos fazem viajar para a época descrita.
Aqui, o mesmo sucedeu. Pouco mais tenho a dizer sobre a sua forma tão peculiar de tratar um assunto, do seu envolvimento palpável nas linhas que escreve. Escreve com o coração sem deixar que este interfira ou julgue. Descreve a dor, o amor, a razão, a loucura.
Capa soberba, com as características que a Tinta da China já nos foi habituando, e um título fantástico que muito tem a ver com uma das histórias narradas e que acaba por representar todas as outras. Meninos fruto da Guerra Colonial que vieram a um mundo sem que a ele pertencessem. Filhos de soldados portugueses e nativas que nunca foram aceites na terra onde nasceram e foram objecto de discriminação. Filhos de tugas, "filhos do vento", a maior parte deles registados como filhos de "pai desconhecido". Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
É impressionante em como todas estas histórias há um denominador comum: a dor de não saber quem é o pai, a esperança de um (re)encontro, o querer colocar um ponto final numa vida toda ela feita de esperança, incerteza e dor. Estes são apenas alguns nomes a que Catarina conseguiu atribuir um rosto.
Sei que há algumas reportagens sobre este assunto que quero muito ver. Vou tratar disso!
Terminado a 19 de Novembro de 2023
Estrelas: 6*
Sinopse
Chamavam «resto de tuga» a Fernando e ele não percebia porquê, até ao dia em que descobriu que era filho de um português que combatera na Guiné. Procurou o pai pelo nome que achava que ele tinha, o único nome que a sua mãe decorou: furriel. Uma patente militar é pouco, mas Fernando não desiste.
A história de Fernando repete‑se com outros nomes: o de Óscar, sovado todos os dias pelo padrasto, por ter nascido com a pele mais clara; o dos gémeos Celestina e Celestino, que guardam, aos 40 anos, a fotografia desbotada de um jovem militar que não quer conhecê‑los. Não se sabe o número de casos, porque estas contas nunca se fizeram.
Catarina Gomes partiu para África levando na mala um dos maiores tabus entre os militares portugueses: os filhos da guerra, crianças que ficaram para trás (em Angola, Moçambique e na Guiné‑Bissau) quando terminou o conflito e que há anos buscam uma identidade perdida, sem que o próprio Estado português reconheça a dimensão desta realidade. Esta é a primeira vez que se conta a sua história.
Peço desculpa mas, hoje, embora vendo, lendo, e elogiando, a sua publicação, passo a fim de deixar:
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Votos de um NATAL MUITIO FELIZ, repleto de luz, alegria, saúde, amor, prosperidade, paz, extensivo à sua ilustre família.
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Poema: “ Natal de amor e saudade “
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Bom Natal também para si e todos os seus, Ricardo!
EliminarFiquei com muita vontade de ler este livro.
ResponderEliminarTambém quero muito ler.
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