Começo por vos falar da capa, como para me preparar para o que tenho a dizer-vos sobre ele... Achei a capa lindíssima e o título, que dá o nome a um dos textos que faz parte esta obra, é grande, difícil de fixar mas muito chamativo.
Como referi, o livro é constituído por vários textos da autora (crónicas?) que se juntam num todo e falam da sua vida. Lendo a sinopse, fica-se a saber que Lara já não se encontra entre nós, que morreu, mais concretamente, já que falar da morte é ainda hoje difícil, às vezes, tabu. E então, temos muitas formas de expressar essa ausência
Lara já morreu. Escreveu sabendo que a sua doença terminal a impediria de viver por muito tempo, viveu, sabendo que os seus dias estavam marcados e eram finitos. Todos sabemos que vamos morrer mas quando um médico não nos dá esperança, a morte torna-se uma presença subitamente real e próxima.
E Lara começou a falar/escrever sobre a vida. Como não falar da vida quando se aproxima a morte? E escreveu estes textos de uma sensibilidade extrema, repletos de um humor fino, que nos faz voltar atrás e reler. E sorrir. Porque Lara consegue falar da vida, dos medos, do que viveu e a marcou e fazer-nos sorrir. É certo que senti sempre um peso enorme com esta leitura, mas se Lara pretendeu deixar uma parte de si quando escrevia, conseguiu. Senti-me "overwhelmed". Não conheço palavra melhor para explicar o que senti ao ler esta obra.
É um livro cheio de coragem porque Lara expôs-se, abriu-se para algumas folhas em branco como às vezes o deveríamos fazer para a vida: sem medos e confessando aquilo que a estava a pesar. Lara escolheu a ordem dos textos, ajudou a seleccionar aqueles que queria que ficassem no livro. Mas já não esteve presente na apresentação desta sua obra. Teria gostado de ouvir o que foi dito sobre si.
Gostei tanto, mas tanto deste livro! Quão forte foi ao mostrar as suas fragilidades!
Terminado em 17 de Abril de 2023
Estrelas: 6*
Sinopse
«”Gostariam de saber a data da vossa morte? Fazia diferença se tivessem mais um ou mais cinquenta anos de vida?”
Ah, finalmente, uma pergunta em que o cancro me dava uma vantagem sobre os outros.»
O inesperado diagnóstico de cancro do pulmão, aos trinta e um anos, durante a pandemia e numa idade em que os seus pares começam famílias e compram casa, obrigou Lara da Rocha Vaz Pato a confrontar-se com as reações de amigos e família, com a perda de cabelo, os tratamentos ou o apoio psicológico e, acima de tudo, com o medo da morte. Pelo meio, fala da pressão de estudar em Portugal durante a crise dos anos 2000, sobre viver no estrangeiro e sobre as exigências que sentiu no mercado tecnológico como jovem adulta. Com a chegada da doença, as suas histórias e recordações falam de ser feliz e de ver o lado belo da vida, mesmo no meio de tanta má fortuna. Os temas pesados e desconfortáveis não se evitam, mas tornam-se mais fáceis de digerir pela verdade do tom e pelo humor. Um livro que não se esquece.
Desassombrada, Lara mostra-nos como lidou com os altos e baixos que a vida lhe trouxe, desde pequenos episódios da sua intimidade a temas como o cancro e a morte, a competição entre mulheres no trabalho, as relações amorosas ou as recordações da infância e da família.
Cris
Bom dia. Escrever um livro sobre a vida quando se espera a morte deve ser terrível. De uma angustia de escrever chorando. Um livro que vou procurar ler. Ao ler a descrição fiquei emocionada.
ResponderEliminarBeijinho
Terrível mesmo!
EliminarImagino ser um livro que se lê com as lágrimas a cair sobre o rosto.
ResponderEliminarFim de semana de Paz e Amor.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Será impossível não nos deixarmos tocar pela história.
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