Nevada era um furacāo para a época. Inteligente, instruída, bonita, gostava de viajar e bem sabedora do que pretendia da vida: melhores condiçōes de vida sem ter de depender de ninguém. Interesseira? Talvez isso transpareça também um pouco nestas linhas mas creio que a autora soube retratar com mestria a sua forte personalidade e todos os factos que desencadearam nela os sentimentos mistos e contrårios: alegria infinita mas, de igual modo, uma tristeza profunda. Nevada durante a sua vida revela-se lutadora, persistente e sensível mas profundamente determinada a conseguir os seus objectivos ao ponto de ser completamente desprendida para com a pessoa que era suposto amar mais do que a si própria, o seu filho. Agarrou sempre as oportunidades que encontrou para melhorar a sua vida (casou-se várias vezes) e soube ultrapassar os vários acontecimentos negativos que a vida lhe trouxe e dar sempre a volta por cima. Adorava viajar e, confesso, essa foi a parte que senti uma certa inveja: Nevada quase nāo parava quieta! Gerava polémica mas, creio, que sempre soube aproveitar isso em seu favor. Defeitos? Claro que os possuía e tinha tantos fās como pessoas que lhe queriam mal e a criticavam.
Um livro que se lê com muita fluidez, perfeito para conhecer a vida de uma das nossas princesas. Gostei muito de "a conhecer" através desta escrita cuidada e simples. Recomendo!
Terminado em 16 de Janeiro de 2017
Estrelas: 5*
Sinopse
Quando D. Afonso, príncipe real, saiu do automóvel junto ao Paço Real de Sintra naquele ameno dia 8 de Junho de 1908, Nevada Hayes sentiu um calafrio e foi subitamente acometida por um pressentimento: um dia seria sua mulher. Um dia seria rainha de Portugal.
Nascida no Ohio, Estados Unidos, filha de um merceeiro, cedo percebeu que estava destinada a uma vida melhor. E lutou com todas as suas forças para a conseguir. Trabalhou em Washington e Nova Iorque, casou por amor e por interesse, teve um filho que abandonou, viveu em França, Itália, viajou por países exóticos, divorciou-se duas vezes e viu-se envolvida em vários escândalos. O seu nome fez correr tinta na imprensa, nomeadamente quando conseguiu casar com D. Afonso, apesar da recusa e indignação de D. Manuel, último rei de Portugal, então no exílio em Inglaterra. Tornara-se finalmente duquesa do Porto, princesa de Bragança.
Houve quem a retratasse como uma mulher fria, calculista, mal-educada, mas Ana Anjos Mântua, coordenadora da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, conta-nos a sua história para além do rol dos seus incontáveis defeitos. Através de uma investigação cuidada, a autora traz-nos um romance empolgante sobre esta extraordinária mulher, que se transformou ao longo da vida para se tornar uma das figuras mais admiradas e faladas pela imprensa internacional e pela aristocracia europeia da época. Morreu a 11 de Janeiro de 1941, viúva do «seu amor» D. Afonso, e depois de ter conseguido reclamar ao Estado Português a herança que considerava sua por direito.
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