Confesso que não sou muito dado a "literaturas". As maratonas de 500, 400, 300 ou mesmo menos páginas intimidam-me e rapidamente perco o interesse antes de começar. Tudo isto porque não tenho a disciplina de leitura suficiente para acompanhar enredos minimamente complexos nem as características e evolução das personagens. Sinceramente tenho pena, mas não dá... Sempre me refugiei em temas mais ou menos profissionais com algumas tímidas investidas em livros de política, ciência ou história.
Tudo isto a propósito de ter "tropeçado" há dias, numa livraria, com este último livro do Gonçalo Cadilhe e, mal o folheei e li umas diagonais, disse a mim próprio: "andas sempre a olhar para as mesmas prateleiras... nunca reparaste no género?" Sabia que existia mas nunca tinha verdadeiramente experimentado. Acho que encontrei o meu estilo de leitura.
E posso dizer que foi uma agradável revelação. O estilo de escrita do autor é realmente cativante e permite galgar páginas com prazer e sem esforço.
Revela-nos um Santo António viajante num trajecto que ele terá feito desde Coimbra até Itália e França, passando pelo norte de África. Onde os factos não se encontram suficientemente documentados, o autor deduz, de uma forma convincente, os caminhos que terá provavelmente tomado. De qualquer forma, não senti falta de eventuais "rigores históricos estritos". No caminho da descrição dos lugares e trajectos, ficam-me deste livro, as referências que o autor nos deixa à história, cultura e costumes dos lugares e dos povos que encontra. E ainda a descrição de episódios, peripécias e contactos com pessoas reais, com nome próprio, que pontuam aqui e ali a narrativa e a enchem de vivacidade.
Fiquei fã de Gonçalo Cadilhe. Terminado este, rebobinei o seu percurso como escritor e já me atirei ao "Planisfério Pessoal". Estou quase a meio das 350 páginas. Quebrei o enguiço. Já faço maratonas...
Abílio Delgado
Sinopse
De Lisboa a Pádua, o escritor-viajante Gonçalo Cadilhe faz uma viagem com muitas paragens e revelações históricas sobre a vida de Santo António, seguindo os passos do santo em plena época medieval.Santo António nasce por volta de 1190; Portugal acabava de ser fundado e, na época, a cidade de Lisboa corria o risco permanente de voltar a cair as mãos dos mouros. Santo António não nasceu António, mas Fernando. Foi batizado de Fernando Bulhão, da família dos Bulhões, e mais tarde assumirá então o nome de Santo António. Ficou conhecido no entanto como Santo António de Pádua, porque os santos ficavam conhecidos com o nome do lugar onde faleciam. No caso de Santo António, ele falece em Pádua, é aí que começa o seu caminho celestial.
Sem comentários:
Enviar um comentário