"Imperatriz Isabel de Portugal" da escritora, historiadora e investigadora Manuela Gonzaga é uma biografia histórica exaustivamente documentada, sobre a que é considerada a princesa mais bela do seu tempo e uma das rainhas mais amadas de Espanha dado o seu casamento com Carlos V, rei de Espanha e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Como refere a autora, salvo raras exceções, é notória a falta de informação sobre a vida das rainhas na idade média e renascimento pelo que teve que socorrer-se e cotejar várias fontes, nomeadamente as crónicas sobre os homens do seu tempo, pai, irmão, marido. Outra fonte muito utilizada são as muitas cartas trocadas entre a Imperatriz e seu marido durante as longas ausências deste. Na verdade Carlos V, dada a enormidade do seu império e na qualidade de soberano mais poderoso da Cristandade, vê-se sucessivas vezes confrontado com as ambições de Filipe I de França, seu primo e seu principal inimigo, com problemas com o papa e ainda com o perigo turco, o que o leva a enfrentar guerras em várias frentes e ausentar-se de Castela por largos períodos. A Isabel de Portugal, Rainha de Castela e Imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico, dada a educação que tivera na corte de seu pai e a fluência com que falava castelhano, não foi difícil desempenhar, de forma altamente positiva, as funções que o Imperador delegava na " mui querida e mui amada mulher", nas suas longas ausências. Isabel nas suas regências enfrentará sempre com grande dignidade e sapiência todas as dificuldades que se lhe apresentam, incluindo a crónica crise financeira e exerceu sempre na perfeição o seu papel de soberana, de esposa e mãe. Foi uma união de amor que se prolongou para além da morte da imperatriz a que o imperador desgostoso sobreviveu 18 anos.
É, assim, uma obra que se lê com agrado, sobre uma princesa de Portugal, bela e inteligente, filha de D. Manuel I e de D. Maria de Aragão e Castela , irmã de D. João III, mãe de Filipe II de Espanha - I de Portugal e avó de D. Sebastião, e que desempenhou um papel altamente importante ao lado de seu marido, na história da Península Ibérica e da Europa na primeira metade do século XVI.
Esta obra, "Imperatriz Isabel de Portugal", inclui cerca de 50 páginas com referências aos documentos, estudos e livros que a historiadora consultou. Contudo, o livro lê-se com o interesse de um romance, deliciando o leitor com todos os detalhes que envolveram não só a vida de Isabel de Portugal como de várias personagens históricas do seu tempo, uma Europa do século XVI, conturbada por inúmeras ambições e interesses e em plena reforma religiosa.
Texto da autoria de Maria Fernanda Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário