Uma amiga minha prefere ler os livros de cada autor pela ordem em que foram escritos. Atē agora, isso não tem sido relevante para mim. Confesso que cheguei a achar uma obsessão de quem é leitor compulsivo... Mais uma a juntar a tantas outras que, quem sofre deste "mal", conhece muito bem!
Porém, sendo "Montedor" o primeiro livro de Rentes de Carvalho, faz todo o sentido lê-lo antes dos outros. Foi isto que senti depois de acabar este livro. Já tinha lido "Mentiras e Diamantes" e gostei muito da sua escrita deliciosa. O enredo prende completamente o leitor. Para ler a seguir tenho "Os lindos braços de Júlia da Farmácia", de quem li comentários muito bons.
Confesso que, talvez por distracção minha, este livro não me prendeu tanto como o anterior. O personagem principal, embora caracterizado de forma soberba, irritou-me um pouco com todo o seu descontentamento, quase desprendimento, perante a vida! Buscando um futuro e, no entanto, sem futuro algum!
Escrito em 1968, adivinha-se na escrita desta obra-estreia de Rentes de Carvalho uma inquietação que leva o ser humano a querer ir mais longe! A comprová-lo estão os muitos livros publicados em Portugal e que pretendo ler num futuro próximo.
Terminado em 19 de Setembro de 2014
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Estrelas: 4*
Sinopse
Ao longo das gerações, são sem conta as famílias portuguesas em que há alguém como o triste protagonista de Montedor: rapaz sem futuro, com um passado apenas de sonhos, arrastando-se num presente que é uma verdadeira morte lenta.
Mau grado a simplicidade das personagens e das cenas, há no romance uma tensão permanente, e pode-se com verdade dizer que quase cada página encerra um momento dramático ou antecipa uma tragédia, a qual, talvez porque raro chega a acontecer, cria um desespero cinzento, retratando bem, e cruamente, os medos e o sofrimento da sociedade portuguesa, passada e presente.
Publicado pela primeira vez em 1968, Montedor é o romance de estreia de J. Rentes de Carvalho, sobre o qual escreveu José Saramago: «O autor dá-nos o quase esquecido prazer de uma linguagem em que a simplicidade vai de par com a riqueza (...), uma linguagem que decide sugerir e propor, em vez de explicar e impor.»
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