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domingo, 5 de janeiro de 2014

Ao Domingo com... Alexandre Saro


Escrever. Quem o faz quer dizer alguma coisa. Quer que o leiam, isto é, que o ouçam. Quer ser ouvido.
Ainda que diga que não. Senão não escrevia. Escrever, no limite, é falar sozinho. Sempre com a vaga esperança de que alguém escute. Ao menos o éter, ou o próprio autor para se ouvir.
Vida. Sem medo de ser anti-convencional. Sem medo de ser convencional. Com humor. Muito, sempre. Até porque não é coisa séria.
Mulheres. As mais bonitas são definitivamente as inteligentes. Não as que parecem, mas as que o são mesmo. Porém, perigosíssimas. Uma maldição que assola qualquer homem decente. Então quando armadas com um belo sorriso … são o diabo de saias. Ou calças.
Virtudes. A maior: justiça. Por si encerra todas as outras. A que alcança que às vezes seja até justo pecar.
Defeitos. O mais terrível: a estupidez. O lar da verdadeira ignorância, dos que vivem bem com o mal dos outros, dos que vão morrer sem tentar, dos que gostam de ser temidos ao invés de respeitados, dos que vencem mas não convencem. Dos vizinhos destes, dos que nunca levantam a cabeça, dos vassalos, dos falsos moralistas.

ARARAT. Trágico-cómico. O quotidiano contemporâneo. O dilema das escolhas. A diferença entre o que se pensa e o que se faz. O despropósito da finitude.
“Com Noé nascemos pela segunda vez.” Alguém disse. Num timbre muito pouco católico, ARARAT está no limite do real. Que fizemos nós desta segunda oportunidade? Nós. Eu. Você. A namorada, o vizinho, a sogra, o amigo. Todos.
A tragédia da submissão. Do ridículo. A pavorosa fatalidade do ter de ser. Do ser assim.
Numa atmosfera plena de humor negro, o leitor é convidado a fazer uma viagem aos seus dias. A neles distinguir a alegoria da realidade concreta. Contemplar e contemplar-se.

Alexandre Saro

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