Nasci numa aldeia de rudez telúrica, nas profundezas do Minho, com Trás-os-Montes à vista. Os autores das histórias que conheci desses primeiros tempos não habitavam livros, mas ruas lamacentas que acolhiam as suas incessantes passadas de trabalho. Os meus avós e os seus vizinhos iniciaram-me nesta literatura da palavra falada e por vezes maravilhosamente ficcionada. Os livros foram descobertos com espanto e rapidamente se tornaram indefectíveis companheiros. Primeiro interessado nos segredos do universo depressa encontrei nos homens segredos maiores e decifradores intemporais! Com alguma naturalidade tornei-me psicólogo com a velada presunção de igualmente poder decifrar os mistérios humanos.
A escrita foi acompanhando este caminho, histórias do passado ressuscitaram, reinventadas e adulteradas, velhas personagens surgiam a preencher parágrafos com as suas vidas. Em 2011 através de um concurso da Alfarroba tive a possibilidade de publicar um primeiro conto. Ficaram vários a aguardar vez.
Tinha ainda muitas vidas alheias nas memórias. São estas vidas que compõem os “Anónimos”, uma coletânea de contos. Como Camus diria, em nenhum existe o autor, mas certamente que todas as suas personagens existem em mim. Por isto as histórias que conto são verdadeiras, são reais, aconteceram, pelo menos podiam ter acontecido. Quem as ler, facilmente vai identificar os seus heróis, também os conhece ou conheceu, são da sua rua, já os viu a deambular pela cidade, reconhecerá os seus percursos e as suas desventuras. Não lhes conhece os nomes, mas sentirá certamente que estes anónimos existem. Por isto, a todos nomeei, como forma, mesmo que tosca, de homenagem e agradecimento por me terem permitido escrever este livro.
Tenho vários projetos na “gaveta”. Qualquer escritor, por bisonho que seja na sua arte, almejará ser poeta. Publicar um livro de poesias talvez seja um pináculo das ambições literárias. Sendo difícil, penso no entanto voltar a publicar. Um romance aguarda há algum tempo, espero que esteja a envelhecer bem, já que o seu tema central é precisamente o envelhecimento.
José Ribeiro
Só passei para deixar um beijinho.
ResponderEliminarFeliz dia da mãe!
Beijinhos,
http://strawberrycandymoreira.blogspot.pt/