Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 360
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722343398
Coleção: Obras Literárias Escolhidas
Há livros em que o título muito dificilmente poderia ser outro. Este é um deles. Mas sinto que me falhou alguma coisa na leitura deste livro. Não o compreendi na sua totalidade. Algo me escapou.
Depois de acabar a leitura de qualquer livro, ponho os dedos nas teclas do computador e as palavras saem. Com este, não está a ser assim tão fácil.
Tenho de afirmar, em primeiro, que nunca tive vontade de desistir. O livro prende a nossa atenção. Quatro personagens giram à volta de uma outra, surda-muda de nascença, e vão-lhe atribuindo qualidades que gostariam que ela tivesse... Partilham com esse homem os seus pensamentos, mais ou menos secretos, projectando os seus sonhos, desabafando. E ele, que muitas vezes não os compreende, sabe escutá-los. Ouve-os calmamente. Uma qualidade rara naquela altura, numa América conturbada, por volta dos finais de 1930, onde a exploração humana está bem presente. Sente-se que começa a fervilhar uma revolta, um não aceitamento das injustiças que povoam as relações entre brancos e negros. Através das cinco personagens e suas vivências é-nos feito um retrato da América durante a Grande Depressão, da fome e miséria, dos conflitos raciais que se viviam então.
O Sr. Singer, assim se chamava esse homem, possui os seus próprios problemas, os seus sonhos por realizar, a sua solidão. Ninguém parece preocupado em tomar conhecimento disso, procuram-no, com muita frequência, para contarem as suas histórias, para desabafarem. Um retrato da nossa sociedade, também, não vos parece? Saber ouvir é, na verdade, um dom que todos procuramos nos outros e que, poucos parecem querer cultivar em si mesmo...
Terminado em 4 de Fevereiro de 2011
Estrelas: 4*
Sinopse
No Sul profundo dos Estados Unidos, em plena década da Grande Depressão, num cenário desolado, de pobreza, intolerância e isolamento, John Singer, um mudo, torna-se de súbito confidente de um grupo de personagens desenquadradas da sociedade. Todos procuram à sua maneira preencher o vazio deixado pelos sonhos perdidos - e todos, por algum motivo, acham que Singer os compreende. Mas Singer, impassível na sua mudez, não tenta alcançar nada senão a atenção de um amigo que não manifesta mais que indiferença… Uma obra expressiva e poderosa que permanece actual na sua projecção de uma realidade intrínseca à condição humana.
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