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terça-feira, 31 de julho de 2012

A convidada escolhe... Um longo regresso a casa

A minha opinião aqui!(cris)

"A história é verídica e passou-se com a escritora destas fantásticas 200 páginas.

A frase da primeira página, de George Eliot, diz quase tudo…: “Na torrente da vida, os momentos dourados passam por nós e nós não vemos mais do que areia; os anjos vêm visitar-nos e só os reconhecemos depois de eles terem partido.”

Comentar este livro parece-me uma tarefa impossível! Mexeu muito comigo… Também tenho alguns, mais do que gostaria neste momento, anjos no Céu! Talvez por isso este livro me tenha tocado tanto, mas ao mesmo tempo ajudou-me neste regresso a casa porque passamos ao perder quem amamos….

É muito interessante a narrativa da amizade de Gail e Caroline, que se encontraram e a partir daí constroem uma amizade daquelas que todos queremos ter, a propósito dos seus fiéis amigos caninos. Uma amizade cimentada em conversas, na partilha dos gostos e hobbies de cada uma e, o mais difícil, na gestão dos silêncios... Como são estes, tantas vezes, a iluminar-nos e a encher o nosso coração de felicidade! Alguém um dia me disse que se paga caro um grande amor… E todos já vivemos perdas destas!

Não quero transmitir uma visão tristonha e obscura deste livro, pequeno no formato e no número de páginas, mas riquíssimo de sentimentos e compreensão. Antes pelo contrário aconselho vivamente a que muitos o leiam. Saímos mais ricos no fim! Aprendemos muito com ele: a motivar e incentivar, quando necessário, a falar e a saber escutar, a tirar partido de cada momento, de cada estação do ano …, e como acompanhar os que estão quase a ser anjos…

Termino com as palavras da escritora: “… sabia que a melhor coisa a fazer, e a mais difícil, era ficar calada e escutar.”

Um livro a ler e, no meu caso, a reler sem dúvida."

Ana Bento

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Novidade "Esfera dos Livros"

Não nos roubarão a esperança
de Julio Magalhães
Poderá o amor nascer em tempo de guerra? No Portugal de Salazar e nos tempos conturbados da guerra civil espanhola, Miguel Oliveira, voluntário português ao serviço das tropas nacionalistas de Franco, é feito prisioneiro pelos republicanos, depois de o seu avião ter caído nos arredores de Barcelona. Um feliz golpe de sorte salva-o de um julgamento sumário e de uma morte certa por fuzilamento. Será trocado por um oficial republicano, perto de Madrid. Miguel inicia uma longa viagem de automóvel que o vai levar de Barcelona a Madrid num território pejado de perigos. Será durante essa intensa viagem que ele conhecerá e se apaixonará por Dolores, a jovem republicana responsável por levá-lo à capital espanhola. Outrora uma defensora ardente da República, Dolores está nos finais da guerra, cansada de ver tanta morte e destruição. Para sua grande surpresa e sem nunca abandonar os seus ideais, a jovem republicana encontrará em Miguel um bom confidente e até um protetor. Tendo como pano de fundo a violenta paisagem desenhada pela guerra civil, Não nos roubarão a esperança, narra o nascimento de um grande amor que terá de provar ser mais forte do que o ódio.

Novidade Chiado Editora

Com as Borboletas, a Noite
de Henrique Borlina

A Chiado Editora acaba de publicar “Com as Borboletas, a Noite”, de Henrique Borlina, uma das grandes apostas da editora multinacional para o Brasil este ano. A obra, de uma beleza e frescura desarmantes, bem como de uma maturidade rara para a jovem idade do seu autor, é o brilhante resultado dos contos que o jovem autor foi reunindo ao longo dos últimos três anos da sua escrita. 
A obra terá em breve o seu lançamento no Brasil.
Henrique Borlina nasceu em Votuporanga/SP porque em Valentim Gentil não havia maternidade em 1974. Cresceu em meio à política local onde sua família sempre fez oposição. Apaixonou-se aos 12 anos por literatura e não parou mais de ler e escrever.
Formou-se em Direito e foi procurador de um município do interior paulista por oito anos. Atualmente advoga por toda a região de Piracicaba, onde vive.
Casado com a artista plástica Tatiane Barroso, aguardam ansiosos o nascimento do primeiro filho.
Reuniu alguns contos escritos entre 1999 e 2010 que resultou neste “Com as Borboletas, a Noite”. Em 2011 escreveu o romance “Os Primos”. Actualmente trabalha o segundo livro de contos, ainda sem título; e escreve a novela “Enquanto Chovia”.


Passatempo em breve aqui n'O tempo entre os meus livros!

Passatempo "As vinhas do amor"



O tempo entre os meus livros tem para oferecer a todos os seus seguidores um exemplar do livro de Roisin McAuley, "As vinhas do amor".


Este passatempo tem a colaboração da Editora Quinta Essência e é válido até ao dia 7 Agosto.


Boa sorte!

Resultado do passatempo "O primeiro alquimista"

Chegámos ao fim do primeiro passatempo realizado com o apoio da editora Esfera dos Livros. Tínhamos para oferecer um exemplar do livro de Sofia Martinez, "O primeiro alquimista", que li e gostei muito.

Aqui podem ler a minha opinião e um texto da autora que saiu na rubrica "Ao Domingo com..."

Das 264 participações foi seleccionado o nº 102 que corresponde a:

- Patrícia Madeira de Várzea Santarém
Parabéns!

Resultado do passatempo "3 vidas, 3 destinos"


E chegámos ao fim de mais um passatempo aqui n'O tempo entre os meus livros que teve a simpática colaboração da autora de "3 vidas, 3 destinos", Lígia Trindade.

Das 299 participações foi seleccionado o nº 31 que corresponde a:

- Mafalda Oliveira de Escapães, Sta Mª da Feira


Muitos parabéns! Vais receber em breve um exemplar autografado enviado pela autora!

domingo, 29 de julho de 2012

Ao Domingo com... Pedro de Sá


"Escrever, estranha actividade esta. Para que se escreve? Esta é, em certa medida, uma questão redundante. Porque a escrita é, sem dúvida, necessária à vida social. Mas procuro, ao trazer à liça esta questão, um outro nível da escrita, quiçá mais subterrâneo, o eu que se derrama numa folha de papel. Sim, o desafio supremo: fundir a vida num rectângulo branco. Nunca, como hoje, se publicou tanto em Portugal. Não quero entrar pela problematizante dicotomia  quantidade/qualidade. É demasiado evidente. Basta olhar a montra de uma qualquer livraria. Há uns dias, a título de exemplo, vi um romance extraordinário (Cotovia, de Deszo Kosztolanyi), por uns meros 4,50, em 2ª edição. Note-se  que a 1ª edição data, se não estou em erro, de 2003. É espantoso! Um romance magnífico que, no nosso país, está num verdadeiro limbo. Poderia, como é evidente, citar muitos outros. Mas por aqui me fico. Já não é nova a questão de se ensinar a ler, mas a sua pertinência está em crescendo, sem dúvida alguma. Sim, estou em crer que um jovem leitor de Harry Potter não venha, no futuro, a pegar em Dostoiévski. Mas esta é uma problemática transversal a outras formas de arte:  a  música,  o  cinema, etc… Basta atentar nos discos mais vendidos, ou nos filmes com mais assistência. O que nos resta? Neste particular, surge-me sempre a imagem final de  O Rinoceronte,  de Ionesco. Sim, é a solução. No fundo, a única possível, para quem a sua consciência não é um simples ramo que se inclina com o vento. Regressemos à questão da escrita. Afinal, porque se escreve? Há uma multiplicidade de respostas. Umas mais retóricas, outras mais poéticas, mas, em todas elas, há uma premente necessidade de explicitar algo de incomunicável.  Note-se, neste ponto, que me estou a reportar a  Escrever, não a escrevinhar, e ainda menos a  modus vivendi (por outras palavras, aumento significativo de saldos bancários). No que me concerne, escrevo por sentir uma incomodidade, como se tratasse de um imperativo ético. Dito de outra forma, é como se saldasse uma dívida com um outro eu, ao permitir-lhe comunicar. Alguém uma vez disse que os livros deveriam vir sem o nome do autor (Lobo Antunes), não podia estar mais certo. Porque essa voz que comunica nos livros irrompe, quase sempre, do insondável de nós.

Na sessão de autógrafos do meu primeiro livro (Olhei para Trás e Sorri…), um cavalheiro aproximou-se de mim, para que  lhe rabiscasse o meu nome, e disse-me o seguinte: Da vista de olhos que já dei pelo seu livro, sinto que esta história já o habita há muito. Escusado será dizer que fiquei siderado, perante tamanha sensibilidade. Embora escreva no silêncio, e sempre de madrugada (sou incapaz de escrever de dia), procuro aproximar o ritmo da prosa ao de uma composição melódica. Por exemplo, o  Olhei para Trás e Sorri… assemelha-se a um Adágio. Uma história de amor idealizada até a um Absoluto.


Já o meu 2º livro (Queria Rever o teu Rosto ao Entardecer) tem como elemento catalisador da acção uma música (o Stairway to Heaven, dos Led Zeppelin). A personagem central encontra-se na fila de trânsito diária, para o seu local de trabalho, e, de repente, aos primeiros acordes desta extraordinária canção, mergulha no rio da memória, e relembra quatro dias de uma viagem, com uns amigos, na sua adolescência. Uma viagem iniciática, e quatro dias que lhe perduram na memória. E um rosto desejado no sublime do entardecer. Actualmente, tenho-me ocupado com outro género literário: as crónicas. Algumas estão no blogue:  Letras no Ocaso. Lá para Novembro/Dezembro sairá a compilação das crónicas, com o título, claro está,  Letras no  Ocaso.  É curioso, ao redigir as crónicas, também me habitam melodias, desde, por exemplo, Yann Tiersen, a Leonard Cohen. Como se o ritmo das palavras fosse uma transposição paradigmática de uma melodia. Porque, no fundo, o sentir é sempre individual, quer das palavras, quer da música.  E dessa individualidade brota o diálogo que edifica a caminhada da arte. Por conseguinte, como escritor, a alteridade é um valor supremo. Jamais condiciono a interpretação de um leitor, em determinado sentido. O que anteriormente escrevi é, apenas, a minha visão das coisas. Nada mais!"

Pedro de Sá

sábado, 28 de julho de 2012

Um livro numa frase




“… Não posso perder-me em saudades do que não cheguei a ter, porque é isso o que alimenta a dor dos portugueses. Se alguma legitimidade tenho para ter saudades – essa palavra tão portuguesa! -, é só do muito que, privilegiadamente, tive…”

In pág. 27, "D. Estefânia, Um Trágico Amor", de Sara Rodi
Frase escolhida por Ana Bento, convidada do blog

Na minha caixa de correio

   

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Quem sofre são as crianças de Donna Leon


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 280
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896572914

Pensei que já tinha lido algum livro desta autora mas não encontrei nenhum comentário meu aqui no blogue.
Policial diferente, onde não se procura um assassino mas onde o mistério e o suspense está sempre presente.

O tema é polémico. Adopção ilegal de bebés ou pode.se falar em "venda" de crianças. Questões surgem que nos fazem pensar. Onde estarão melhor: com pais adoptivos que as amem ou com famílias que não as querem/orfanatos?

O enredo surge-nos apimentado com mistérios que se vão esclarecendo aos poucos e termina com um final surpreendente, quase abrupto, inesperado. Somos levados a desculpabilizar quem acaba por "comprar" um bebé já que o seu amor pela criança faz-nos esquecer esse pormenor...


E remete-nos para outra questão: e se quem adopta, legal ou ilegalmente, se arrepende da sua decisão? Para onde irão essas crianças devolvidas? E quem sofre nos casos em que ao fim de algum tempo ou anos se retiram as crianças e as devolvem aos pais/orfanatos? Não serão as crianças?


Gostei e recomendo.

Terminado em 25 de Julho de 2012

Estrelas: 4*

Sinopse


A tranquilidade da noite veneziana é perturbada quando um bando de homens armados força a entrada no apartamento do Doutor Gustavo Pedrolli, fraturando-lhe o crânio e levando o bebé de dezoito meses.

Quando o Comissário Guido Brumerri, arrancado da cama pela notícia, chega ao hospital para investigar, ninguém sabe o porquê de tão violenta agressão ao eminente pediatra.

Mas Brunetti em breve começa a descortinar uma história de infertilidade e desespero, e um submundo onde os bebés podem ser comprados com dinheiro, entre um esquema fraudulento com farmácias e médicos da cidade. O conhecimento pode ser tão destrutivo como a ganância, certas informações acerca de um vizinho podem levar a todos os tipos de corrupção e diversas formas de dor.





quarta-feira, 25 de julho de 2012

Milagre de R.J.Palacio


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 368
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789895579655

Este é um livro que nos fala sobre "esperança", na capacidade do ser humano superar as suas imperfeições, no poder do amor.

Li-o num dia só. Vários narradores, todos eles crianças. Pelos seus olhos aprendemos a superar os preconceitos, as dificuldades, aprendemos a amar melhor. Sorri mas também me emocionei com os retratos de uma vida tão pequena mas tão cheia de olhares furtivos, de incompreensões, de sofrimento.

Mas é um livro em que o amor vence e por essa razão um livro onde o que há melhor no ser humano se impõe à mesquinhez. Como devia ser a Vida! 

A presença de August, um menino com uma deformação congénita na face, faz com que o melhor do ser humano acabe por prevalecer. Um pequeno milagre de amor.

Terminado em 22 de Julho

Estrelas: 5*

Sinopse

August nasceu com uma deficiência genética que faz com que o seu rosto seja completamente deformado. Quando nasceu os médicos não tinham esperança de que sobrevivesse, mas sobreviveu. Vários anos e muitas cirurgias depois, August vai, aos 10 anos, enfrentar o maior desfio da sua vida. A escola. 
Contado a várias vozes, é uma história emotiva das dificuldades que tem de superar uma criança com uma terrível deformação e um relato do milagre que é a vida.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A convidada escolhe...Noite de Elie Wiesel


Às vezes estamos quase em simultâneo a ler o mesmo livro, ah Teresa? E as opiniões não divergem muito... Este livro é para ser lido! (Cris)


"Começo já por atribuir a este livro o "rótulo" de excepcional.

Depois de ler Se isto é um homem de Primo Levi e uns tantos mais sobre esta temática, achei que seria dificil chocar-me ainda mais com os crimes do nazismo. Estava enganada...
Mais uma vez choquei-me, indignei-me e senti-me arrasada com esta leitura. Nunca se está preparado para a abominação, para a desumanidade, para ver o pior do ser humano.

Noite é o relato de Elie Wiesel sobre a sua vida no campo de Auschwitz III (Buna) e posteriormente em Buchenwald, mas também nos fala sobre a sua vida antes de ser apanhado pelo horror do Holocausto, sobre o rapazinho estudioso do Talmude que ambicionava ir mais longe e iniciar-se na Cabala, um rapaz dedicado ao seu Deus.

É doloroso ler sobre a perda da inocência, da fé, sobre os horrores ocorridos naqueles campos de extermínio mas é também avassalador ler sobre a capacidade que Elie teve em manter tanto tempo o seu amor, apoio e protecção ao seu pai. Conseguir naquelas condições pensar  no outro é algo que nos faz ter esperança na capacidade do ser humano em colocar o sentimento acima do proveito próprio. Os laços afectivos com o pai mantiveram-se praticamente até ao final e mesmo quando Elie vacilava na protecção ao pai, acabava sempre por se arrepender de o ter feito. Quantos de nós teriamos essa capacidade? Quantos de nós em situações semelhantes, esqueceriamos tudo e todos apenas teriamos capacidade para pensar na nossa própria sobrevivência? Faz-nos pensar como uma criança que vive aqueles horrores, sente a sua fé no seu Deus vacilar e diminuir e ainda assim consegue manter vivo o sentimento, a humanidade, a esperança e o amor.

Não há muito mais que possa dizer sobre este livro pois tudo o que dissesse seria sempre insuficiente!
Adjectivando, é avassalador, doloroso e perturbante mas por isso mesmo imprescindível e magnifico.

Ler este livro é manter viva a memória de quem pereceu naqueles campos de horror, é prestar homenagem a tantos homens e mulheres, jovens ou mais velhos, que foram cruelmente exterminados em nome duma idiologia.

Para terminar, deixo-vos um excerto inesquecível.

"Nunca esquecerei aquela noite, a primeira noite no campo, que fez da minha vida uma noite longa e sete vezes aferrolhada.
Nunca esquecerei aquele fumo.
Nunca  esquecerei os pequeninos rostos  das crianças cujos corpos eu vi transformarem-se em espirais sob um céu mudo.
Nunca  esquecerei aquelas chamas que consumiram para sempre a minha Fé.
Nunca esquecerei aquele silêncio nocturno que me privou, para a eternidade, do desejo de viver.
Nunca  esquecerei aqueles momentos que assassinaram o meu Deus e a minha alma, e que transformaram os meus sonhos em cinzas.
Nunca esquecerei, mesmo que tenha sido condenado a viver tanto tempo quanto o próprio Deus.
Nunca." (pág. 48)"

Teresa Carvalho


segunda-feira, 23 de julho de 2012

O gosto proibido do gengibre de Jamie Ford


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 320
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04334-4

Achei esta capa belíssima e muito atractiva e quando vi o livro numa livraria, ela despertou, de imediato, a minha atenção. E mereceu todo o tempo que lhe dediquei embora, verdade seja dita, tivesse sido pouco porque o li muito rapidamente mas com muito interesse.

O facto de a história ter por base factos verídicos torna o enredo muito apelativo porque conseguimos imaginar os sentimentos das personagens e suas reacções como se na realidade elas tivessem existido. 

Alternando entre dois espaços temporais -1942 e 1986-
somos confrontados com algumas questões raciais (1942), vividas pelos nipo-americanos que, mesmo considerando a América o seu país, se viram obrigados a deslocarem-se para campos vedados, vigiados e de trabalho por serem considerados inimigos do país e despojados dos seus bens.

É uma história de amizade e de amor entre um rapazinho chinês e uma rapariga japonesa. Uma história de amor que não era acarinhada nem bem vista porque a China e o Japão encontravam-se em lados opostos da guerra. Lembro que, nessa altura, a China era aliada dos EUA e o Japão inimigo. Mas é também uma história de memórias, ternamente contadas por Henry, recentemente viúvo, que recorda o seu primeiro amor. De culturas que entram em confronto entre si e de culturas que tentam simultaneamente preservar os valores do país de origem dos seus antepassados e assimilar outros pertencentes ao país onde se nasceu e se vive.


Bonito. Sentido e doce, este romance. Mas também um romance que nos faz pensar, reflectir. Sobre a guerra e suas intransigências, sobre separações e reencontros. Sobre a amizade e amor entre dois povos.


Um livro a ler!

Terminado em 21 de Julho de 2012

Estrelas: 5*

Sinopse


1986. Henry Lee, um americano de ascendência chinesa, junta-se a uma multidão que se encontra à porta do Hotel Panama, outrora o ponto de encontro da comunidade japonesa de Seattle. O hotel esteve entaipado durante décadas, mas a sua nova proprietária descobriu na cave poeirenta os pertences das famílias japonesas que, após o ataque a Pearl Harbor, foram enviadas para campos de internamento. Quando uma sombrinha de bambu é exibida, Henry recua quarenta anos e recorda Keiko, uma jovem de ascendência japonesa com quem criou um profundo laço de amizade e de amor inocente que ultrapassaram os preconceitos ancestrais que opunham as duas comunidades. Quando Keiko e a sua família são enviados para um campo, apenas resta aos dois jovens esperar que a guerra termine para que as promessas que fizeram um ao outro se possam finalmente cumprir.


Passados quarenta anos, Henry, agora viúvo, ainda tenta encontrar uma explicação para o vazio que o acompanhou desde então; para a atitude distante de um pai que nunca entendeu; para a relação difícil com o filho; e, sobretudo, uma explicação para as suas próprias escolhas.

O Gosto Proibido do Gengibre é um romance extraordinário, que nos revela uma das épocas mais conflituosas da História dos Estados Unidos.

domingo, 22 de julho de 2012

Ao Domingo com... Sofia Martinez


"Olá! Chamo-me Sofia e comecei a escrever este romance numa viagem de comboio. Se pensarmos num livro como num bilhete de avião, este dá direito a uma viagem no espaço e no tempo. Convido o leitor, ou a leitora, a suspender por momentos a incredulidade e, abrindo-o, a seguir as personagens. Este texto é uma ficção, não um documento, no entanto há bastante “real palpável” por entre as folhas. O local existe e pode ser visitado: é um sítio arqueológico no concelho de Macedo de Cavaleiros e chama-se Fraga dos Corvos. Vários materiais que vemos nas mãos das personagens existem e podem ser mirados e remirados quanto se queira, graças aos arqueólogos que os trouxeram à luz do dia.


O tempo da acção é a Idade de Bronze, cerca de 1750 a.C. Os habitantes da Península Ibérica já saíram da última idade da pedra (o Neolítico) há algum tempo, conhecem o cobre como metal e dominam agora a criação do bronze, primeira liga de metais (cobre e estanho), para forjar utensílios, adornos e armas. Mas estamos ainda muito longe da Idade do Ferro (cerca de 500 a.C.) e das tribos que os romanos encontram ao invadir a península (219 a.C).
O domínio do bronze está associado a profundas transformações na sociedade. Como se o progresso técnico trouxesse consigo uma nova ordem social, crescentemente hierarquizada, guerreira e masculina.


No romance, uma jovem debate-se entre duas representações do mundo, e entre duas religiões – a antiga e a nova. E se se revolta contra o novo estado de coisas e a violência dos novos costumes tem para isso uma excelente razão. Um leitor disse-me que escrevi não apenas sobre o primeiro alquimista... mas sobre a primeira feminista!


Há ainda uma história de amor. A heroína do romance, Breia, tenta nas primeiras páginas escapar ao seu destino e à brutalidade de costumes inspirados pelas novas divindades masculinas. Felizmente encontra abrigo numa aldeia... onde vive o outro herói da narrativa, Tor. Uma vez aceite, a jovem deveria em princípio submeter-se à autoridade do novo chefe mas, em vez disso, nada faz para evitar a aproximação do outro “rebelde”, o jovem aprendiz do fundidor.


Para além destes dois, há um “herói colectivo”, que é a própria aldeia da Fraga, com os seus habitantes. Aqui temos um pouco mais de “realidade palpável”, pois é possível sabermos hoje o seu tamanho, o aspecto das cabanas que a compunham, e o tipo de actividades a que se dedicavam os aldeões. Temos portanto o cenário pronto (graças aos arqueólogos!), basta-nos povoá-lo. E as personagens que o povoam correspondem ao que se sabe sobre esse período, em que as relações sociais elaboradas, a cerâmica, a tecelagem de panos e fabrico de vestimentas requintadas, de objectos puramente decorativos, a pastorícia e mesmo uma agricultura incipiente nos transmitem uma imagem de complexidade civilizacional notável, muito distante da Idade da Pedra. Entram aqui também os indícios de domesticação de cavalos selvagens, o que tornaria estas populações as primeiras da região a fazê-lo. Um outro herói da narrativa é precisamente um destes cavalos... e adivinhem quem o consegue amansar? Bom, vou deixar-vos ler o texto.


Nota: Garranos selvagens ainda podem ser vistos, hoje, no Parque Nacional da Peneda-Gerês.


Apesar das suas imperfeições, este livro é uma homenagem aos que procuram a sabedoria com amor, e sabem que é mais difícil cultivar um jardim que incendiar uma seara, que exige mais esforço tecer um tapete com fibras que se vão achando aqui e ali, que rasgar uma tela. A personagem da tecelã, Teixa, tece o pano de que se vestem as gentes como quem tece uma história. É paciente, sabe ouvir, está atenta aos outros. Gostei de a ter por companhia.


Para terminar, e porque este livro não existiria sem eles, queria agradecer:
- à editora Esfera dos Livros, por ter acreditado e investido no livro
- à Associação de Professores de História, através da sua presidente, Raquel Henriques, que me pôs em contacto com a editora
- ao Carlos Mendes e à Associação Terras Quentes de Trás-os-Montes pelo interesse e apoio dado ao projecto, desde o primeiro manuscrito
- a toda a minha família, já que todos participaram :
- ao meu pai arqueólogo, que me levou para as excavações desde pequena e respondeu a todas as minhas perguntas sobre a Idade do Bronze à medida que o romance ia avançando
- à minha mãe pela paciência, a confiança e as ilustrações!
- ao meu marido pelo apoio incondicional, o entusiasmo e as sugestões, quando a escrita “encalhava”
- e aos meus dois filhos que me deixaram alguns minutos de vez em quando para escrever... e inspiraram certas cenas que poderão descobrir neste romance.


 Boa leitura! Boa viagem!"


Sofia Martinez

Passatempo "O Primeiro Alquimista"




Mais um passatempo aqui n'O tempo entre os meus livros, para todos os seus seguidores, desta feita com a colaboração da Esfera dos Livros.

Assim temos para oferecer um exemplar do último livro de Sofia Martinez, "O primeiro alquimista" até ao dia 28 de Julho.


A minha opinião aqui!


Boa sorte!

sábado, 21 de julho de 2012

Na minha caixa de correio

  

Mais três livrinhos para a minha estante. Está a decorrer um passatempo com um deles. Não querem espreitar no blog?

Um livro numa frase





"Mas, no mesmo instante, despertou em mim este pensamento: "Espero não o encontrar! Se pudesse ver-me livre deste peso morto, de modo a poder lutar, com todas as minhas forças, pela minha própria sobrevivência, de modo a poder tratar só de mim e de mais ninguém!" Logo de seguida senti vergonha, vergonha de mim mesmo para o resto da minha vida!"


In pág. 123, "Noite" de Elie Wiesel
Frase escolhida por: Cris

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O outro amor da vida dele de Dorothy Koomson


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 448
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04344-3

Mesmo antes de terminar este livro sabia que lhe ia atribuir 5 estrelas, pela forma como me agarrou completamente ao desenrolar das vidas das personagens principais. Sabiamente escrito, esta obra teve o condão de fazer com que as folhas passassem pelos meus olhos à velocidade de um foguetão!

Para que possam ter uma ideia fico feliz quando consigo ler 100 páginas num dia de semana mas com o trabalho e os filhos nem sempre o consigo fazer... Pois bem, quando dei por mim já tinha lido 250, sem esforço    
nem cansaço algum!

O enredo toma conta de nós completamente e vi-me envolvida (tão envolvida!) que só consigo dar os parabéns à autora pela sua escrita tão simples quanto cativante. Posso afirmar que foi um dos melhores romances que li ultimamente, deixando-me literalmente presa ao enredo porque a autora soube dosear muito bem o romance em si, o suspence e o mistério que envolvem as personagens principais. E há personagens que nos apetece esmagar tal é o ódio com que ficamos delas!!!


A capa tem tudo a ver com a história e o espelho representa muito bem a ligação que se vai estabelecer entre as duas mulheres/personagens!

Só atribuo 6 estrelas quando o romance está ligado a aspectos históricos reais e só por essa razão este livro não teve essa pontuação... Saliento, contudo, que as "vidas" vividas pelas personagens poderiam ser as vidas de uma qualquer pessoa que se cruza connosco no dia a dia!  


Adorei!

Terminado em 17 de Julho de 2012

Estrelas: 5*+

Sinopse

Está a viver o amor com que sempre sonhou?

Libby tem uma vida perfeita com um marido maravilhoso e uma casa enorme em frente à praia. Mas, aos poucos, começa a duvidar do amor de Jack e não acredita que ele tenha realmente superado a morte da primeira mulher, Eve.
Quando o destino interfere na relação de ambos, Libby sente necessidade de conhecer melhor o homem com quem se casou e a aparentemente perfeita Eve.
A jovem esposa descobre algumas verdades assustadoras sobre aquela família. Com receio das consequências, Libby começa a desconfiar que também ela terá o destino da primeira mulher que Jack amou¿
Pode um novo amor apagar uma grande paixão?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A convidada escolhe...Retrato a sépia

Tenho-o cá na prateleira. Ainda não o li. Um dos muitos que aguardam a sua vez... (Cris)

“Retrato a Sépia” é um romance histórico que se desenrola entre 1862 e 1910, um exercício de memória que vai iluminando e desvendando a vida da personagem principal –Aurora /Lai-Ming.

A acção decorre no Chile e em São Francisco (Califórnia) mais propriamente na Chinatown, mas algumas das personagens do romance atravessam o Atlântico e viajam também pela Europa.

Ao mesmo tempo que compõe as suas personagens, Isabel Allende convida-nos a reflectir sobre várias temáticas entre as quais uma que lhe é muito cara e que sempre aborda em todos os seus romances: a da condição feminina. Paulina del Valle e Eliza Sommers, respectivamente avó paterna e materna de Aurora, são duas das personagens que estilhaçam os estereótipos ditos “femininos”, cujas personalidades tão marcadas e distintas foram determinantes no desenvolvimento e carácter da personagem principal. Aurora, que desenvolve uma paixão muito pouco usual para as mulheres na época – a fotografia – descobriu nesta actividade a possibilidade de ver a realidade envolvente e descobrir o seu próprio passado. Como diz no final do livro “ No fim de contas a única coisa que temos na totalidade é a memória que fomos tecendo. Cada qual escolhe o tom para contar a sua própria história: teria gostado de optar pela clareza duradoura de uma impressão em platina, mas nada no meu destino possui essa qualidade luminosa. Vivo entre matizes difusos, esbatidos misteriosos, incertezas; o tom para contar a minha vida ajusta-se mais ao de um retrato a sépia…”

Inesquecíveis e poderosas, além das acima referidas, outras mulheres como Nívea, desde jovem apaixonada pela ideia do sufrágio feminino “Quando irão poder votar as mulheres e os pobres neste país?”; soror Maria Escapulário que violava sistematicamente as regras do colégio cujo objectivo era transformar as alunas em criaturas dóceis; Matilde Pineda a professora que em vez de responder às perguntas, indicava caminhos para se chegar à resposta.

Quero ainda aqui referir outras duas personagens masculinas que marcam este livro extraordinário. O avô materno de Aurora, o doce e generoso zhong-yi Tao Chi’en cujos conhecimentos e prática da medicina tradicional chinesa, aliados à medicina ocidental faziam dele uma figura respeitada muito para além da comunidade chinesa. A sua acção para além das curas do corpo alargava-se a resgatar as meninas traficadas para fins sexuais, questionando assim a conspiração de silêncio das autoridades americanas face a práticas e a uma cultura fundadas num total desprezo pelo valor da vida das meninas chinesas. E o
mordomo de fraque Williams, mais tarde Frederick Williams marido de Paulina sempre atento e profundo conhecedor da natureza humana, fiel colaborador da mulher no desenvolvimento da cultura dos vinhos e queijos franceses no clima chileno.

E depois de ler este livro quem se esquecerá da cama mitológica de Paulina del Valle vinda de Florença directamente para São Francisco; ou da cena em que Aurora com apenas 5 anos é deixada pela avó Eliza em casa da avó Paulina; ou a recuperação de Severo del Valle mutilado na guerra através do amor e dos jogos eróticos que Nívea lhe proporciona e que haviam sido aprendidos através da leitura dos romances pornográficos de uma tal Dama Anónima que vimos a saber não ser mais do que Lady Rose Sommers; ou do desespero de Aurora quando
descobre a origem da indiferença do marido; ou a cena que é a chave dos pesadelos de Aurora?

Já a meio da leitura deste livro, soube que ele faz parte de uma trilogia, sendo, digamos que a peça intermédia de um puzzle. “A Casa dos Espíritos”(1982) tem por palco a segunda metade do século XX e “Filha da Fortuna” decorre temporalmente imediatamente antes de “Retrato a
Sépia” na primeira metade do século XIX.

Mas, conforme palavras da própria Isabel Allende (1) ” “Retrato a Sépia” pode ser lido em separado, sem fazer parte de uma série. (…) “Retrato a Sépia” (2000) foi o último a ser escrito, assume o lugar intermediário entre os dois, de alguma maneira, fechando o círculo.”

Escusado será dizer que já estou a ler “Filha da Fortuna”…

(1) Artigo na secção Cartaz –Livros do “Expresso” de 5 de maio de 2001, intitulado “As minhas personagens têm vida própria”

Almerinda Bento

Passatempo "3 Vidas 3 Destinos"


Com a prestimosa colaboração de Lígia Trindade, autora de "3 vidas 3 destinos", O tempo entre os meus livros tem para oferecer aos seus seguidores um exemplar deste livro que me parece muito sugestivo!

O passatempo decorre até ao dia 26 de Julho.


Boa sorte!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Noite de Elie Wiesel


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 136
Editor: Texto Editores
ISBN: 9789724745244

Em pouco mais de duas horas li este livro. Porque é pequeno. Porque está escrito na primeira pessoa. Porque é verídico. Porque o tema do Holocausto nunca se esgota e porque me apaixona saber o que terão sentido e sofrido tantos e tantos Homens.

Mas não é tão rapidamente que vou esquecer esta leitura. Não é suposto, porque nos devemos lembrar sempre do que o Homem foi capaz de fazer, nem o conseguiria mesmo se o desejasse!

Todos nós já lemos algo sobre essa época sangrenta mas o que me mais me prendeu foram os laços afectivos entre pai e filho que se mantiveram durante quase todo o cativeiro. Às vezes, o medo, a fome e o terror que ambos sentiam ao vivenciarem cenas  brutais faziam-nos (quase) esquecer o sentimento de solidariedade e amor que os unia. Elie Wiesel lutou sempre para que a indiferença e o sentido de sobrevivência, que os homens são levados a sentir em situações de carência extrema, não os afastasse. Esse esforço e, por vezes, o remorso sentido por ele quando não conseguia comportar-se como achava que devia fazer, incomodou-me e fez-me pensar no que um Homem consegue fazer a outro Homem: tirar-lhe tudo, tirar-lhe a dignidade.

Um livro que deve ser lido! Recomendo!

Terminado em 14 de Julho de 2012

Estrelas: 6*

Sinopse

Nascido no seio de uma família judia na Roménia, Elie Wiesel era adolescente quando, juntamente com a família, foi empurrado para um vagão de carga e transportado, primeiro para o campo de extermínio, Auschwitz, e, depois, para Buchenwald. Este é o aterrador e íntimo relato do autor sobre os horrores que passou, a morte dos pais e da irmã de apenas oito anos, e da perda da inocência a mãos bárbaras. Descrevendo com grande eloquência o assassínio de um povo, do ponto de vista de um sobrevivente, Noite faz parte dos mais pessoais e comovedores relatos sobre o Holocausto, e oferece uma perspectiva rara ao lado mais negro da natureza humana.