Para além disso desejaríamos que esta história não fizesse parte da História. A crueldade deste conflito está bem expressa aqui nestas páginas. Em linhas gerais, pode-se traduzir esta obra na busca de um pai pelo seu filho de cinco anos, quando sabe que o autocarro onde ele ia, sofreu um acidente.
Mas depois é todo um percorrer por terras cujos nomes conhecemos mas que um mapa ajuda a localizar visualmente: Jerusalém, Cisjordânia, Gaza. Nomes como FDLP, OLP, Fatah, começam aos poucos a fazer sentido. Mas, confesso, foi-me difícil perceber todo o contexto histórico descrito e fixei-me nas personagens e suas histórias de vida. A segregação existente entre palestinianos e israelitas, com cartões de identidade diferenciados por cores consoante as zonas a que podem aceder, esta distinção entre homens de primeira e de segunda, levou a situações de injustiça às quais é impossível ficar indiferente. Muros cada vez mais extensos separam famílias e amigos, colonatos crescentes, estradas para palestinianos e outras para israelitas. É impressionante como conseguimos viver a nossa vida sem termos consciência destas realidades que deveriam chegar-nos a casa através dos meios de comunicação social e que desconhecemos...
O acidente de um autocarro transportando crianças de infantário, a pouca assistência dada e a ajuda tardia, resultou na morte de oito crianças e dois adultos. Poderiam ter sido salvos se a ajuda tivesse chegado mais cedo? Porque demorou tanto tempo a chegar?
Este livro foi publicado em 3 de Outubro de 2023, tendo a guerra rebentado depois.
É bem mais fácil lermos este livro e pensar que é uma obra de ficção. Antes fosse. Obrigatório ler!
Terminado em 20 de Janeiro de 2024
Estrelas: 6*
Sinopse
Uma tragédia pessoal sobre o pano de fundo do trágico conflito israelo-palestiniano. Milad Salama tem cinco anos. Está entusiasmado com a viagem escolar a um parque temático nos arredores de Jerusalém. O autocarro, porém, não chega ao destino. Ao saber do acidente, Abed, pai de Milad, inicia uma via-sacra em busca do filho desaparecido. As crianças acidentadas foram levadas para diferentes hospitais de Jerusalém e da Cisjordânia. Abed, em desespero, vê-se confrontado com um labirinto de obstáculos físicos, emocionais e burocráticos. É palestiniano e está do lado errado do muro que separa dois povos vizinhos e inimigos. O relato detalhado de Nathan Thrall — a partir de uma história particular — ilustra de forma comovente e perturbante a profunda crueldade do conflito israelo-palestiniano. Um pai em busca de um filho, depois de um terrível acidente, confronta-se com as consequências cruéis de um conflito sem fim à vista. Uma trágica histórica particular que é afinal uma tragédia colectiva.
Cris
Vou querer ler, sem dúvida.
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