Ouvi falar muito bem deste livro. Em linhas gerais sabia ao que ia e, por isso, não me surpreendeu, pese embora tenha gostado.
Sentimentos contraditórios os meus. Já explico.
Esta história decorre em Paris por volta dos anos 50 e o protagonista é David, um jovem norte-americano que aí vive temporariamente. A noiva encontra-se em Espanha, em passeio. Conhece Giovanni, barman num bar gay, e a relação que se estabelece entre os dois tem quase tudo para não dar certo. Aliás, sabemos no início do livro que essa trágica relação tem os dias contados, só não sabemos as razões e como termina na realidade.
David aceita passivamente o amor tempestuoso de Giovanni e, por falta de dinheiro, vai morar para o quarto onde este vive. Não se sente resolvido em termos da sua identidade sexual e nunca põe a hipótese de terminar com a sua noiva.
Relato bem narrado, muito cru e seco, tocando em pontos fulcrais no que concerne às questões de identidade, a explanação real de sentimentos intensos de culpa, medo, desejo e remorso. Não senti, contudo, empatia pelas personagens principais. Foi como se lesse uma história com interesse mas ela não tocasse nos meus sentimentos.
Há uma questão que se coloca, por detrás destas páginas: como decidimos nós viver as nossas vidas? Assumimos quem somos?
Apesar desta minha falta de empatia, o livro tem todo o mérito possível. Foi escrito na América dos anos 50, retratando uma relação entre dois homens brancos e escrita por um autor negro. Parece pouco hoje em dia, mas não era na altura.
Terminado em 12 de Agosto de 2023
Estrelas: 5*
Sinopse
Impregnada de paixão, arrependimento e desejo, esta é a história de um trágico triângulo amoroso. E uma obra de culto merecido, que questiona a identidade de vários ângulos. Ao publicá-la em 1956, Baldwin quebrou mais do que um tabu: era um escritor negro a escrever sobre o amor entre dois homens brancos. O seu editor aconselhou-o a queimar o manuscrito, mas volvido este tempo O quarto de Giovanni é uma das obras mais célebres de Baldwin.
Cris
Já tinha lido sobre este livro. Ainda bem que a obra resistiu aos preconceitos. Pena que não tenho conseguido satisfazer completamente.
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