Casa cheia para a apresentação deste livro na biblioteca do belíssimo Palácio das Galveias que vos convido a conhecer e a admirar. Uma apresentação cuidada, com leituras de partes do livro muito bem lidas e que por si só despertaram a curiosidade de quem lá se encontrava, de certeza! Eu já ia com o livro a meio e com a minha opinião quase formada!Percebi que muitos aspectos da narrativa se mesclavam com a vida da autora. Este sentir tão forte que nos é relatado num presumido diário, veio de certeza de fortes vivências da autora. O quê ao certo não importa, referiu ela na apresentação, e, afastando a minha curiosidade, concordei eu.
O tempo é/foi o da pandemia. O relato é feito na primeira pessoa pela Ana Ester que se vê isolada na sua doença, um isolamento que mais do que físico, a que todos nesse tempo fomos obrigados, é também emocional. Discurso muito duro, cru, que senti verdadeiro. Não é para corações moles este livro!
Primeiro romance desta jornalista/apresentadora que, mais uma vez, veio dar provas da sua versatilidade e sentido apurado, carregado de uma escrita sensível e de um forte peso que leva o leitor para mundos sofridos.
Gostei muito. Duro mas belo!
Terminado em 27 de Maio de 2023
Estrelas: 5*
Sinopse
Escrito em grande parte durante o
confinamento e a doença, e concluído após uma longa gestação, O Quarto
do Bebé é um romance autoficcional em forma de diário íntimo.
Depois da morte de um conhecido psicanalista, a filha, sua única
herdeira, encontra entre os papéis que ele deixou o diário de uma
paciente. Tem título – Fala Orgânica – e está assinado: Ester do Rio
Arco. O que começou por ser uma curiosidade transformou-se numa obsessão
e objeto de leitura compulsiva. Neste manuscrito, a filha do
psicanalista vai encontrar não apenas uma forma de conviver com o pai,
como também inúmeros pontos de identificação com a paciente dele.
Os temas são os do dia a dia do isolamento e da doença, a escrita, o
corpo, a mutilação, a relação com a mãe e com as origens, a ligação
profunda a uma amiga (figura tutelar e espécie de mãe de Ester) e a
morte dela. Em suma, a perda, a infertilidade, maternidade e filiação,
nascimento e morte. O arco narrativo desenha-se a partir do que poderia
vir a ser um quarto de bebé, mas que nunca albergará uma criança, até à
transformação desse quarto num lugar físico e mental de criação,
nomeadamente da escrita.
Daqui emerge ainda um retrato antropológico do país em que os pais
estiveram na guerra e as mães escreveram aerogramas, e é exposta a
violência que a sociedade patriarcal exerce sobre as mulheres.
Com ecos do universo literário da recentemente nobelizada Annie Ernaux,
uma das grandes referências da autora, O Quarto do Bebé é um relato cru e
corajoso que revela uma nova e envolvente faceta de Anabela Mota
Ribeiro.
Cris
Despertou a minha curiosidade :)
ResponderEliminarOlá Cris. Não seria um livro que me despertaria o interesse, mas agora conseguiste deixar-me curiosa e com vontade de pegar nele. Bjs
ResponderEliminar