A narradora é uma mulher que teve um parto há pouco e que luta com o que me parece evidente pelos estados descritos: uma depressão pós-parto. O marido é médico e não parece compreender o seu estado de espírito. "O John não sabe o quanto sofro realmente. Sabe que não há razão para sofrer e isso satisfá-lo".
Os sentimentos de culpa acumulam-se: "Custa-me tanto não cumprir o meu dever".
Tenta expressar os seus sentimentos num caderno mas fá-lo às escondidas porque mais uma vez se sente pressionada pelas opiniões do marido e "ele detesta que escreva uma palavra que seja".
Mudam-se, temporariamente, para uma mansão no campo, juntamente com Jennie, a irmã do marido, com o intuito da protagonista apanhar bons ares, benéficos para a sua diagnosticada histeria mas, em vez de melhorar, como o seu marido esperava, a sua situação vai-se agravando. O papel de parede amarelo do seu quarto, onde ela julga ver imagens em movimento, vai tomando uma proporção cada vez maior na percepção da realidade que a rodeia.
Presa, reduzida quase a quatro paredes, sem conviver com quase ninguém, ela piora!
Esta é uma leitura muito perturbadora e chocante. Tão pequeno este livro, como tão forte! Com uma escrita simples mas inteligente, a narradora prende o leitor com o decorrer das vivências da mulher/mãe/esposa e o explanar dos seus pensamentos.
Muito forte. Muito bom! Traduz bem como seria ser mulher e possuir uma doença do foro psicológico no séc. XIX.
Terminado em 14 de Fevereiro de 2023
Estrelas: 5*
Sinopse
"Conto publicado no final do século XIX, O Papel de Parede Amarelo retrata a história semiautobiográfica de uma jovem mulher deprimida, recentemente mãe.
O marido, John, por sinal médico, demonstra grande incapacidade para entender o que se passa com ela, em larga medida ele próprio preso nos perímetros culturais da época.
Na esperança de poder ajudá-la, John muda-se temporariamente com a mulher para uma outra casa, bonita, campestre, onde tentará recuperar a paciente com ar puro e repouso de qualquer tipo de trabalho.
A mulher, sentindo-se presa, sem opções para a sua imaginação e criatividade — ademais num quarto com uma decoração que a incomoda — vai ficando cada vez mais longe da cura, cada vez mais perto da loucura.
Narrado na primeira pessoa, O Papel de Parede Amarelo é um dos mais importantes textos da literatura feminista americana, e global, entrando aprofundadamente nos sinuosos caminhos das perturbações mentais provocadas a mulheres que, afinal, são apenas impedidas de ser o que são."
Cris
Parece bem interessante!!
ResponderEliminar.
São estilhaços da vida que me fazem viver
.
Beijo, boa tarde!
É muito interessante ver como as doenças são apreendidas e tratadas ao longo dos tempos.
ResponderEliminarOs hospitais psiquiátricos foram palco de muitos internamentos só para afastar pessoas indesejáveis...
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