Gostei da escrita sóbria e forte com que José Manuel Saraiva nos relata esta história passada, maioritariamente, numa região inóspita da Guiné Bissau. Estamos perante alguns relatos ficcionados de uma guerra que não trouxe nada mais do que mortes sem sentido, como todas as guerras aliás, "mortes para nada", uma expressão do livro. Quando se fala em guerra tenho presente as imagens actuais da TV e não foram estas imagens que li e vi neste livro. Aqui, a guerra é feita de emboscadas, de armadilhas, de explosões surpresa onde o inimigo não se vê, escondido que está no mato. O tempo aqui passava lento. Os dias são contados a subtrair ao dia da partida para Portugal.
Essa guerra deixa marcas. Muitos não conseguem libertar-se desses dias vividos, das mortes dos companheiros, das diferenças encontradas quando voltam. E desistem.
E, se bem que nas primeiras páginas sejamos confrontados com a carta testamento do protagonista principal, é certo que, com o decorrer da narrativa, esqueci-me de que ele foi um dos que desistiu. Tanto que no final tive de voltar às primeiras páginas pois não acreditava que tal tivesse ocorrido. Logo ele, pendei, que tanta força deu aos colegas.
Muito embora este livro seja uma obra de ficção, sentimos nas palavras do autor que o relato poderia corresponder perfeitamente à época em que a história se passa. Sentimos nas suas palavras a verdade e o horror de quem passou por situações idênticas. Parece-me que, só quem viveu episódios semelhantes, pode escrever com tanta verdade.
Gostei muito. As estrelas que dei comprovam-no.
Terminado em 26 de Dezembro de 2017
Estrelas: 6*
Sinopse
Baseada nas experiências do autor na Guerra do Ultramar, As Lágrimas de Aquiles é uma história de ficção sobre o amor, a saudade, a guerra e as escolhas que se tornam a nossa vida. Ou que acabam com ela.
Cris
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