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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

"A Educação de Eleanor" de Gail Honeyman

Recomendaram-me esta leitura. Duas amigas livrólicas cujos gostos literários respeito e com os quais me identifico. Achei, pois, que ia gostar. Não supûs, no entanto, que chegasse ao final do livro e que sentisse verdadeiramente que ele vai ficar marcado em mim. 

As primeiras páginas são ligeiras. Possuidoras de um humor subtil, muito sui generis, sobretudo no que diz respeito à caracterização da personagem principal, Eleanor Oliphant. É uma personagem que, pela sua excentricidade, nos faz sorrir amiúde. Eleanor é uma pessoa socialmente inadaptada, com comentários em relação às coisas que a rodeiam e às pessoas, muito desajustados. Esta peculiaridade faz rir o leitor pelo humor muito especial contido nas suas observações.

E no entanto são tantos os temas tratados nestas páginas com sabedoria e subtileza! A solidão imposta por quem sofreu um trauma infantil brutal, o medo de recordar, o medo de avançar pela vida carregando genes e uma herança indesejada e assim, passá-los aos descendentes! A alteração na vida de Eleanor quando decide mudar, embora o motivo da mudança se revele pouco válido. A desilusão mas também a alteração nos aspectos diários de sua vida.

Parece-nos, a meio desta leitura, que sabemos mais do que a personagem principal. Sabemos o que lhe aconteceu, deduzimos qual o trauma que carrega dentro de si e achamos que o nosso papel nesta história é esperar pacientemente que Eleanor descubra o seu passado, num processo de cura que desejamos rápido. Ah! Como estamos enganados! Ah! Como me soube bem perceber que afinal há sempre mais a descobrir!

Se eu fosse escritora gostaria de ter escrito este livro. E, sabendo que é o primeiro livro desta autora, mais agradada fico. Há elogio maior? Leiam-no, pf. Esta obra merece-o e vocês sairão mais enriquecidos, de certeza!

Terminado em 21 de Janeiro de 2018

Estrelas: 6*

Sinopse
Eleanor Oliphant tem uma vida perfeitamente normal - ou assim quer acreditar. É uma mulher algo excêntrica e pouco dotada na arte da interação social, cuja vida solitária gira à volta de trabalho, vodca, refeições pré-cozinhadas e conversas telefónicas semanais com a mãe.

Porém, a rotina que tanto preza fica virada do avesso quando conhece Raymond - o técnico de informática do escritório onde trabalha, um homem trapalhão e com uma grande falta de maneiras - e ambos socorrem Sammy, um senhor de idade que perdeu os sentidos no meio da rua.

A amizade entre os três acaba por trazer mais pessoas à vida de Eleanor e alargar os seus horizontes. E, com a ajuda de Raymond, ela começa a enfrentar a verdade que manteve escondida de si própria, sobre a sua vida e o seu passado, num processo penoso mas que lhe permitirá por fim abrir o coração. 

Cris

2 comentários:

  1. Li este livro no final do ano transacto, Cris.
    Foi uma pedrada no charco, nas minhas leituras.
    Fiquei extasiada com a personagem Eleanor no seu todo.
    Estamos de acordo na apreciação da obra: devia ser "quase" de leitura obrigatória!
    Nas minhas notas dei 5* ao livro e escrevi "quero mais!
    Manuela Colaço

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