porque nunca soube lidar com injustiças e pensava que, de algum modo, poderia fazer a diferença. Enganei-me! Presentemente, sou completamente descrente na nossa justiça.
Enquanto adolescente, sempre gostei de ler e talvez por isso mesmo tenha, naturalmente, evoluído para a escrita. Recentemente, coloquei a mim própria este desafio, o de escrever um romance, e foi por isso que comecei a escrever. Aprendi que, ao escrever, consigo exercitar a minha imaginação e julgo que foi isso mesmo que me seduziu na escrita. Adoro fazer pesquisa e dedico-me essencialmente aos romances históricos.
Escrevo porque gosto de contar histórias, pois gosto de criar personagens e de lhes dar vida. Adoro acompanhá-los, durante alguns meses, enquanto decorre a elaboração de uma narrativa. Na parte ficcionada da narração, nunca sei como as personagens vão reagir a determinado acontecimento, desconheço como vai acabar a história e isso para mim é fascinante.
Escrevo de um modo simples e fluido, porque quero chegar a todos os leitores e, fundamentalmente, porque gostava que aprendessem algo com aquilo que escrevo. Vivo intensamente todos os projectos que abraço e procuro sobretudo escrever sobre mulheres, especialmente sobre aquelas que ficaram esquecidas para a história ou aquelas que vestem a pele de tantas outras.
Escrevo principalmente ao Domingo, porque é o dia em que tenho mais disponibilidade, embora também escreva regularmente aos dias de semana, em qualquer lugar, na praia, no café, nas repartições públicas, durante o dia ou de noite.
Vivo em Arruda dos Vinhos, com o meu marido, e sou uma pessoa que gosta de gozar os prazeres simples da vida, nomeadamente um almoço com os amigos ou com a família, uma festa pijama com as amigas, uma ida à praia, uma caminhada ou uma viagem. Vibro imenso com as viagens e elas são, sem dúvida, uma fonte de inspiração.
Até ao momento já publiquei três livros, dois romances e um policial, mas todos de cariz histórico.
Em Janeiro de 2017, foi editado pela Saída de Emergência, na colecção História de Portugal em Romances, a obra “A Rainha Perfeitíssima”. Trata-se de um romance histórico que nos fala de Leonor de Lencastre, que viveu no século dos Descobrimentos e muito fez pelos desfavorecidos, criando vários hospitais e misericórdias. Também deu uma notável contribuição à divulgação das artes e das letras, mandando publicar várias obras, entre as quais se destacam as de Gil Vicente.
Desde muito cedo esteve destinada a ser coroada Rainha de Portugal. Casou com o primo, D. João II, a quem foi dado o cognome de “Príncipe Perfeito”, mas que nem por isso estava isento de defeitos que o levavam frequentemente a disputas com os nobres do reino. Estas contendas rapidamente se transformaram em atentados, configurando crimes de alta-traição e levaram não só à prisão e posterior execução do duque de Bragança como também à morte do duque de Viseu, D. Diogo, com um punhal no peito, às mãos de El- Rei.
Leonor enfrentou durante a sua vida várias tragédias pessoais, sendo confrontada, desde muito nova, com a morte dos irmãos, do pai e, anos mais tarde, com a morte suspeita do príncipe herdeiro, num acidente. Depois da tragédia veio a desilusão, quando o seu marido, em substituição do seu próprio filho, tentou colocar no trono o seu descendente bastardo.
Estas tensões levaram Leonor a recolher-se no Paço de Santo Elói, onde levava uma vida calma, afastando-se assim definitivamente da vida palaciana e onde passou a dedicar-se às causas sociais do reino.
Paula Veiga
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