Sinceramente teria sido mais fácil começar esta leitura se nāo tivesse reparado no apelido da autora e nāo me tivesse posto a passear pela net. Após alguns minutos estava achado o mistério. Ainda hoje me lembro do espanto que senti aquando do terminus da leitura de um dos livros da Rosinha. Nada esperava, tudo encontrei. E os livros seguintes foram, de igual modo, uma descoberta de sentidos, cores e emoçōes. Tantas as que se esperam de um livro. Todas, aliás!
Mas indo para o que me traz aqui: Imaculada. A capa atraiu-me de imediato. Simples, sóbria e por isso, a meu ver, bonita. A sinopse também foi do meu agrado. A acçāo passa-se numa época (Salazarismo) que nāo vivi verdadeiramente porque para além de ser criança encontrava-me numa ex-colónia e as coisas lá eram sentidas de forma diferente. Creio que a censura nāo era tāo visível nem se fazia sentir como na metrópole. Gosto, por isso, de ler romances onde a acçāo se passa nesse tempo. Acredito que muitas histórias estāo escondidas à espera de serem contadas...
Esta é uma história de um desencontro entre dois jovens. De como a vida os afastou (entendendo-se que, aqui, a "vida" se tratou de vontades humanas) depois de os ter juntado. Mas, para mim, mais do que nos contar a história desses dois jovens, a autora soube traduzir por palavras a história de uma época, soube contar-nos a história de muitos jovens que ousaram resistir ao regime. Os que se aproveitaram e os que sucumbiram.
Por outro lado, nāo posso deixar de vos transmitir a estranheza que senti aquando da leitura de certos diálogos, sobretudo entre Cristiana, a personagem principal, e sua māe. Embora impensáveis no Portugal de hoje, espelham uma época longínqua onde o poder de decisāo sobre a vida de uma filha dependia exclusivamente dos pais. Só algumas ousavam lutar e transgredir às ordens recebidas. Irritou-me a passividade dessa personagem, daí tê-los achado bastante verosímeis.
Foi um bom começo, Paula. A meu ver, é continuar. Eu gostei.
Terminado a 10 de Abril de 2017
Estrelas: 4*+
Sinopse
Esta é uma história inspirada em acontecimentos reais em que a dualidade de ser e de parecer, da lealdade e da traição, do amor e da obrigação nos leva a caminhos imprevisíveis.
Portugal, 1956
Tempo da ditadura de Salazar, da censura e da PIDE. Numa família da alta burguesia, no interior do país, o lema "Deus, Pátria e Família" é sagrado. Mas a vida estremece quando na casa dos Correia bate à porta o amor e o desejo de liberdade.
«Apenas um por cento é baseado em memórias e todo o resto na imaginação, mas muitos leitores vão aqui identificar pessoas que conheceram durante a vida, pois os personagens desta trama são gente comum, de carne e osso», avança a autora nas primeiras páginas do romance.
Cris
Sem comentários:
Enviar um comentário