Conhecendo e simpatizando com o autor, sinto que esta opiniāo poderá nāo ser isenta de todo mas, como vos estou a avisar de antemāo, isso deixa-me mais descansada e, assim, posso continuar com os meus pensamentos e deambular livremente pelo que senti ao ler este livro.
Isabel, a protagonista principal, é uma mulher culta e inteligente que se deixou enredar num casamento onde o abuso e a opressão vão tomando conta do seu dia a dia. O amor transforma-se rapidamente em medo. E rapidamente a ideia de liberdade se sobrepõe a tudo e Isabel deseja ver-se livre do marido, nem que para isso tenha de o matar. Às vezes pensamos que os estudos impedem qualquer pessoa de se meter em situações idênticas, onde a vontade própria deixa de existir... Porém, a realidade é outra. Bem perto de nós encontramos siruações semelhantes a esta, tão bem descrita pelo autor.
Assim, e infelizmente, a temática deste livro é mais actual que o desejado. Com uma sensibilidade enorme, o autor consegue escrever na primeira pessoa como se dela se tratasse, fazendo com que o leitor se sinta mais próximo da personagem e dos conflitos que atravessa.
A meu ver, muito embora perceba que deverá ser uma paixão do autor, reduziria algumas referências a figuras históricas e mitológicas, porque achei que me desviou da história central, muito embora perceba a razão da sua existência. Um livro sobre as mulheres, que um homem dá voz, através da voz de uma mulher sofrida que se consegue libertar das prisões que a impedem de se sentir bem.
Uma vez mais, o autor tráz-nos um tema actual (devem também ler Os Números que Venceram os Nomes) e com muita perspicácia denuncia um tipo de violência que, infelizmente, é bastante comum nos nossos dias.
Força Samuel! O caminho é por aqui mesmo!
Terminado em 28 de Fevereiro de 2017
Estrelas:4*+
Sinopse
Na aldeia onde é rejeitada e perseguida pela população, Isabel acorda com a única ideia capaz de a libertar do casamento opressor em que vive: matar o marido. Se, de início, a ideia lhe parece improvável, vai ganhando força à medida que recorda as histórias das mulheres do passado, de que a avó lhe falava quando, com outras mulheres, se reuniam em grupos femininos secretos para falarem de oráculos, curas e magia.
Isabel é moderna, sensível, curiosa e sempre quis a sua independência. Cresceu na capital, mas mudou-se para a aldeia por causa do casamento. E foi essa união que a aprisionou numa existência de medo e abuso. Só ela pode libertar-se desse homem castigador, e ao longo de vários dias Isabel confronta-se com todos os receios e dúvidas, imaginando planos e lembrando-se dos ensinamentos da avó, procurando argumentos que fortaleçam a sua decisão, enquanto cumpre com todos os rituais quotidianos da casa com beleza e empenho poético.
luminações de uma Mulher Livre revisita histórias por via da tradição oral, figuras históricas, mitos e referências da literatura universal.
Para mais informações sobre este livro, consulte o site da Editorial Presença aqui.
Cris
Adorei o teu texto Cris, um tom muito próximo e aberto.Bjs
ResponderEliminarObrigada Claudia! Beijinho
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