No entanto, escrevo há muito tempo. Desde que me conheço. Talvez esteja a exagerar… Tenho memórias anteriores à escola primária e, para dizer a verdade, só aprendi a ler e escrever aos seis anos. Corrigindo, escrevo desde os seis. Na altura, não escrevia romances. Limitava-me a repetir letras ao longo de uma linha tracejada. E era bem difícil.
A folha em branco, essa velha conhecida… O momento em que tudo é permitido. Depois, a partir da primeira palavra, as possibilidades começam a afunilar-se até que, com o derradeiro ponto final, se tornaram numa história única. Aquela que, sem eu desconfiar, vivia dentro de mim, ansiosa por saltar cá para fora. E, uma vez liberta e à solta, pode tornar-se perigosa. Tal e qual como se estivesse a bordo da Nostromo.
Eu escrevo porque não consigo não escrever. Estou sempre distraído a imaginar histórias (o que talvez seja pouco saudável) e preciso de as verter para um papel. Quero conhecer todos os seus pormenores e, sobretudo, ficar a saber o seu fim. Eu escrevo até quando não escrevo. Escrevo quando olho para um desconhecido e lhe reconheço uma maneira de andar que se adapta a certa personagem. Escrevo quando leio uma notícia que é um ponto de partida para uma metáfora. Escrevo quando preciso de exorcizar o demónio que construiu um ninho no meu coração.
Gosto muito de escrever. No sentido mais literal. Tenho um prazer físico em sentir uma caneta de tinta permanente a desenhar um conjunto de letras num papel de 120 gramas. É um luxo. Faço-o de vez em quando porque escrever no word é melhor. Poupa tempo. Poupa espaço. E pouca a paciência porque depois perco os papéis e a ordem dos papéis e é uma chatice.
Desconfio que todos os escritores acham que podiam fazer uma melhor figura do que Deus. Se fosse eu a criar o mundo, tinha tido mais cuidado. Basta ler o que escrevo para perceber que os mundos que criei fazem muito mais sentido do que a realidade.
João Valente
Fico curioso e vou à procura.
ResponderEliminarMas há uma razão para o romance do português João Valente se chamar The Empire?
Olá José. Em primeiro lugar, agradeço o interesse neste meu romance. Espero que goste.
EliminarO nome completo do romance "é The Empire - a história da banda que se tornou uma lenda do rock". E, como já deve ter adivinhado, The Empire é o nome por que a banda ficou conhecida.
Gostei de ler a apresentação de João Valente. Quanto ao livro, parece uma biografia ao próprio mundo do rock duro com drogas à mistura, isto apenas a avaliar pelas páginas disponíveis para avaliação do livro. Desejo Boa Sorte e continuação de Boa Escrita.
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