Edição/reimpressão: 2006
Páginas: 280
Editor: Gótica
ISBN: 9789727921614
Colecção: Cavalo de Tróia
Mais uma vez Richard não me decepcionou!
Americano, naturalizado português e a viver no Porto, este escritor, professor de jornalismo, é, neste romance, simultaneamente, uma personagem. Com isso dilui as fronteiras entre a realidade e a ficção. Relata alguns factos pessoais e introduz várias situações reais do conflito Israel/Palestina.
E nós leitores interroga-mo-nos: onde acaba a realidade e começa a ficção? Agradou-me isso!
Richard conta-nos como se sentiu envolvido com a morte de uma bailarina e todo o seu percurso para descobrir a ou as causas de tal tragédia, visto que ele se suicidou na sua presença.Nesta viagem que fez pelo passado de Sana, fala-nos de si, da sua vida como escritor, do conflito entre povos israelitas e palestinianos que levou a mortes e sofrimentos inimagináveis, levando-nos, também, ao 11 de Setembro de 2001.
O que levou Sana, uma árabe nascida em Israel, a praticar uma acto suicida? É através da sua melhor amiga de infância, Helena, uma judia nascida também em Haifa, Israel, que o autor se aproxima do seu passado e nos relata situações vividas por estas duas amigas, que a vida fez questão de separar.
A vida de Sana cruzou-se com Richard Zimler, num breve momento, e ele gostava de ter compreendido que ela precisava de ajuda. "Que triste não sabermos interpretar com alguma precisão a linguagem de sinais dos outros." É bem verdade isto, não?
Terminado em 30 de Outubro de 2010
Estrelas: 4*
Sinopse
A amizade pode crescer no mais árido dos solos - mas talvez não de forma durável
Em Fevereiro de 2000, Richard Zimler foi à Austrália para participar no Encontro de Escritores de Perth. No dia da sua chegada, conheceu uma talentosa bailarina brasileira que lhe contou o muito que o seu romance O Último Cabalista de Lisboa tinha significado para ela. O trágico passo que ela daria no dia seguinte mudou para sempre a vida de Zimler, lançando-o numa intensa investigação de três anos sobre o passado dela.
O escritor descobre então uma infância vivida à sombra do Monte Carmelo na década de 1950, uma época de tolerância entre comunidades vizinhas de árabes e de judeus nos velhos bairros de Haifa. À medida que esta paz se vai fragilizando, duas raparigas - uma palestiniana, outra israelita - tecem entre si laços que as ligam para sempre. A demanda de Zimler desvenda a história desta amizade extraordinária, apesar de o conduzir através de uma teia de ilusão, crueldade e enganos e, finalmente, ao 11 de Setembro de 2001, quando a tragédia que testemunhou em Perth surge à luz do mais extremado contexto político.
À Procura de Sana apaga as fronteiras convencionais entre realidade e ficção, ao analisar a natureza da verdadeira amizade, e o germinar de um crime impensável. Escrito pelo autor de alguns best-sellers sobre a cultura e a história judaicas, é ao mesmo tempo uma emocionante digressão sobre questões que nos afectam a todos.
Um pouco de História
Os conflitos entre Israel e Palestina nasceram em tempos remotos.
Mas os embates entre estes povos, que detêm a mesma origem étnica, recrudesceram no final do século XIX, quando o povo judeu, cansado do exílio, passou a expressar o desejo de retornar para sua antiga pátria, então habitada em grande parte pelos palestinianos, embora sob o domínio dos Otomanos.
Com a queda do Império Otomano, a Inglaterra transforma a região em colônia britânica, instituindo um protetorado – apoio dado por uma nação a outra menos poderosa – na região pleiteada tanto por palestinos quanto por israelenses, o qual se estendeu de 1918 até 1939. Depois do início da Segunda Guerra Mundial, com a perseguição do Nazismo aos judeus, os problemas agravaram-se, pois mais que nunca eles desejavam retornar à Palestina, há muito tempo consagrada como um território árabe.
O principal confronto entre palestinianos e israelitas dá-se em torno da soberania e do poder sobre terras que envolvem complexas e antigas questões históricas, religiosas e culturais. Tanto árabes quanto judeus reivindicam a posse de territórios nos quais se encontram seus monumentos mais sagrados. A ONU ofereceu aos dois lados a possibilidade de dividir a região entre palestinos e israelenses; estes deteriam 55% da área, 60% composta pelo deserto do Neguev. A Palestina resistiu e recusou-se a aceitar a presença de um povo não árabe neste território.
Com a saída dos ingleses das terras ocupadas, a situação complicou-se, pois os judeus anunciaram a criação do Estado de Israel. Egito, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque mobilizaram-se e deflagraram intenso ataque contra os israelenses, em busca de terras. Assim, o Egito conquista a Faixa de Gaza, enquanto a Jordânia obtém a área composta pela Cisjordânia e por Jerusalém Oriental. Como conseqüência desta disputa, os palestinos são desprovidos de qualquer espaço nesta região.
A OLP – Organização para Libertação da Palestina –, organização política e armada, voltada para a luta pela criação de um Estado Palestiniano livre, é criada em 1964. Guerras sucedem-se entre estes vários países.
Em 1982 Israel ataca o Líbano, com o suposto objetivo de cessar as investidas terroristas que seriam empreendidas pela OLP a partir de bases localizadas neste país. Cinco anos depois ocorre a primeira Intifada – sublevação popular assinalada pela utilização de armas rudimentares, como paus e pedras, atirados contra os judeus; mas ela não se resumia só a essas investidas, englobava também vários atentados sérios contra os israelenses. Finalmente, em 1988, o Conselho Palestino rejeita a Intifada e aceita a Partilha proposta pela ONU.
No ano de 1993, através do Acordo de Paz de Oslo, criou-se a Autoridade Palestina, liderada pelo célebre Yasser Arafat. Os palestinianos, porém, continuaram sem cumprir as cláusulas do tratado por eles firmado, pois a questão principal, referente a Jerusalém, mantém-se em aberto, enquanto os israelitas, mesmo dispostos a abandonar várias partes dos territórios ocupados em Gaza e na Cisjordânia, preservam neles alguns assentamentos judaicos. Por outro lado, não cessam os atentados palestinos.
Uma nova Intifada é organizada a partir de 2000. Um ano depois Ariel Sharon é elevado ao cargo de primeiro-ministro de Israel, invade novamente terras palestinas e começa a edificar uma cerca na Cisjordânia para evitar novos atentados de homens-bombas. Em 2004 morre Yasser Arafat, substituído então por Mahmud Abbas, ao mesmo tempo em que israelenses recuam e eliminam encraves judaicos nos territórios ocupados. O terror, porém, continua a agir. Em 2006 ocorre um novo retrocesso com a ascensão do Hamas, grupo de fundamentalistas que se recusa a aceitar o Estado de Israel, ao Parlamento Palestino. Qualquer tentativa de negociação da paz se torna inviável.
As chances do nascimento de um Estado Palestiniano eram crescentes, mas com a eleição do Hamas, não reconhecido pela comunidade internacional, tudo se complica e as possibilidades de paz reduzem-se. Neste momento, por conta de confrontos internos entre os palestinos, eles perdem a maior oportunidade de garantir a soberania sobre o território reivindicado, pois há uma nova escalada do terror. Em 2006 também ocorre o afastamento de Ariel Sharon, atingido por um derrame cerebral que o deixa em coma. Ele é então substituído temporariamente por Ehud Olmert, logo depois consolidado no poder pela vitória de seu partido nas eleições.
Actualmente, a maior parte dos palestinianos e israelitas concordam que a Cisjordânia e a faixa de Gaza devem constituir o Estado Palestiniano; e o Hamas e o Fatah uniram-se para a instauração de um governo de coligação, à custa de muito sangue palestino derramado, mas esse passo ainda não foi suficiente para instalar a Palestina de volta nas mesas de negociação. (Retirado de: http://www.infoescola.com/historia/conflito-entre-israel-e-palestina
Olá, Cris!
ResponderEliminarÉ a primeia vez que visito seu cantinho! Estou seguindo!
Fiquei interessada pelo livro... Israel/Palestina e uma história real? Deve ser muito bom! E a capa também é tão linda em vermelho e preto! Adorei!
Também tenho um blog literário! Passa lá depois!
Bjus,
Náh
http://www.lerdormircomer.blogspot.com/
Olá querida, desculpe-me pela demora da resposta e também pela demora de atualizar os links do meu blog. Agora você está efetivamente linkada. Voltarei aqui sempre.
ResponderEliminarbjos
LuRussa
Olá Cris,
ResponderEliminarA mim Richard Zimler apenas surpreendeu pela positiva. O primeiro livro dele que li foi o "Meia-noite ou o princípio do mundo". Comprei-o numa feira do livro em segunda mão e gostei imenso. Para além de gostar dos livros e das histórias deste autor acho que é feliz nos títulos que escolhe para os seus livros (sei lá, tenho a mania de gostar dos títulos dos livros).
Ainda não li este (aliás ainda me faltam alguns livros deste autor) mas sei que é sempre uma boa escolha. Boas leituras
Excelente este post. Concordo com a tua apreciação muito embora não seja o meu preferido do Zimler.
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