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sábado, 19 de julho de 2014

Na minha caixa de correio

  

  
Das editoras Alfaguara e Suma de Letras vieram, respectivamente, Delirium e Vejo-te...
Os outros ganhei no Liga e Ganha.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

"A Última História de Amor" de Conceição Queiroz

Nasci em África. Nunca me canso de ouvir histórias de lá, histórias de uma História onde há tantas coisas por contar. Histórias que são povoadas por amores fortes, coloridos como as cores do arco-íris, mas também por horrores difíceis de imaginar.

Este é um livro onde as mulheres possuem um papel determinante. A mãe, bonita e livre, vive uma história de amor e de morte que nunca esquece. A fuga para Portugal não impede a sua luta mas o passado está sempre vivo, permanece e retorna uma e outra vez. Nunca esquece. A filha, ainda mais bela, com os caracóis do pai, pele branca, ouve, vezes sem conta, a história da mãe. Moçambique mora em seu coração. Por isso vai buscar as suas origens, a uma terra que nunca viu mas que conhece de tanto ouvir. Procura o passado da mãe, que é o seu afinal.

Conceição Queiroz possui uma escrita forte, directa, sem pejos. Conseguimos, por essa razão, ver (mais do que ler) o que nos conta. Agradou-me isso. Retrata as várias "etapas" de um país que marca quem lá esteve ou quem lá viveu. As cores de África, os ritos, as paisagens, as gentes e seus costumes. Algumas frases utilizadas, sendo curtas, parecem que saem em golfadas tal como alguns acontecimentos semeados de violência.

Um livro que se lê rapidamente porque ficamos envolvidos por completo na história destas mulheres, na História deste país. Gostei muito e recomendo! Que Conceição Queiroz não termine por aqui!

Terminado em 13 de Julho de 2014

Estrelas: 5*

Sinopse

A notícia deixa-o enlouquecido de raiva. O fazendeiro alemão de caçadeira em punho lança-se pela selva adentro em perseguição do seu filho Zinkke e da negra Ângela, que acabou de dar à luz as suas netas. Merkel arrasa tudo o que encontra à sua frente. Zinkke sabe que tem de partir, fugir do ódio do pai, proteger a mulher que ama e as suas duas filhas. Mas é tarde demais. Duas balas atingem-no e Zinkke cai por terra com uma das recém-nascidas ao colo. Mas o avô não tem dó - segura-a pelos pés e, cruelmente, esmaga-a contra o tronco de uma árvore. Ângela consegue escapar com Gabriela: era preciso deixar Moçambique para trás. Gabriela cresce em Lisboa, a ouvir os relatos da mãe sobre a terra onde nasceu, e deseja voltar a África para conhecer as suas raízes. Nessa viagem, descobre a história da avó, traída e abandonada pelo marido; e desvenda o passado da mãe, que, depois de tantos anos, continua agarrada a um grande amor. Neste romance apaixonante, baseado na história da própria família da autora, a jornalista Conceição Queiroz transporta-nos para o surpreendente mundo africano onde foi vivida a última história de amor.

Novidade Sinais de Fogo

Também me Salvaste
de Susan Kushner Resnick
Também me Salvaste conta a história verídica de Aron Lieb, um sobrevivente do Holocausto. O livro foi escrito por Susan Kushner Resnick, com quem Aron estabelece uma forte amizade, e atravessa toda a vida dele, contemplando a sua infância na Polónia, os anos em Auschwitz, o fim da guerra, a sua ida para a América e o recomeço de uma vida nova.  É um testemunho emotivo e arrepiante que apela a que não deixemos cair no esquecimento as atrocidades do genocídio, assim como a necessidade de darmos valor à felicidade. 

Novidades Porto Editora

Quatro novas edições de Saramago


Novidades Planeta

Vestido para a Morte
de Donna Leon
A esperança do Commissario Guido Brunetti de escapar do calor sufocante de Veneza em Agosto e de desfrutar de umas férias em família nas montanhas é gorada quando uma descoberta macabra é feita num campo em Marghera. 
Um corpo está tão espancado, que o rosto é irreconhecível. A vítima parece ser uma prostituta transsexual. O comissário começa as buscas em Veneza de alguém que possa identificar o cadáver, mas depara-se com um muro de silêncio. 
Então recebe um telefonema prometendo informações, a condição é que se encontre com o interlocutor numa ponte na cidade, a meio da noite. Apesar do perigo, Brunetti continua determinado a descobrir a verdade e quando a desvenda depara-se com uma realidade assustadora.

Este Homem - Obsessão
de Jodi Malpas 
Neste segundo livro da trilogia continua a história entre o aristocrata Jesse Ward e a jovem designer de interiores Ava O’Shea. 
Jesse Ward afogou-a com a intensidade e surpreendeu-a com a paixão, mas manteve-a à margem dos seus segredos obscuros e coração partido. 
Deixá-lo era a única maneira que Ava O’Shea teria para se libertar do romance demasiado conturbado. Mas também devia ter desconfiado que era impossível fugir dele. 
Agora Jesse voltou à sua vida, determinado a recordá-la dos prazeres sensuais que partilharam. Ava está também decidida a descobrir a verdade oculta na frieza deste homem. Isso significa envolver-se de outra forma com o Senhor do Solar. E é isso mesmo que ele quer dela...

Novidade Vogais


Novidade ASA

Para Sir Phillip, Com Amor
de Julia Quinn
Sir Phillip sabia que Eloise Bridgerton tinha já 28 anos e era, pois claro, uma solteirona. Foi por isso mesmo que pediu a sua mão em casamento. Sir Phillip partiu do princípio de que Eloise estaria desesperada por casar e não seria exigente ou caprichosa.
Só que… estava enganado. No dia em que ela lhe aparece à porta, torna-se óbvio que é tudo menos modesta e recatada.
E quando Eloise finalmente para de falar, ele percebe, rendido, que o que mais deseja é… beijá-la.
É que, quando recebeu a tão inesperada proposta, Eloise ficou perplexa. Afinal, nem sequer se conheciam pessoalmente. Mas depois… o seu coração levou a melhor e quando dá por si está numa carruagem alugada, rumo àquele que pensa poder ser o homem dos seus sonhos. Só que… estava enganada. Embora Sir Phillip seja atraente, é certo, é também um bruto, um rude e temperamental bruto, o oposto dos gentis cavalheiros que a cortejam em Londres.
Mas quando ele sorri… e quando a beija… o resto do mundo evapora-se e Eloise não consegue evitar a pergunta: será que este pesadelo de homem é, afinal, o homem dos seus sonhos? 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A Escolha do Jorge: "À Espera de Moby Dick"

Por vezes adquirimos livros que acabam por ficar algum tempo ou mesmo anos a fio nas estantes junto dos demais livros à espera de serem lidos como se de alguma forma cada livro tivesse o seu timing correto para ser lido por cada pessoa. Foi exatamente o que aconteceu com "À Espera de Moby Dick" de Nuno Amado que já cá estava em casa há quase dois anos precisamente desde a altura em que foi publicado em 2012.
Estes livros que parecem ter vida própria acabam por ser daquelas pérolas que temos bem guardadas entre os outros livros e que após a sua leitura vão certamente ocupar um lugar especial na nossa biblioteca sendo igualmente daqueles livros que farão parte de nós por diversas razões.
Escrito sob a forma epistolar, "À Espera de Moby Dick" apresenta-nos muitas histórias cruzadas que à medida que a narrativa avança vão encaixando umas nas outras tratando-se, pois, de um livro que é um hino à vida mesmo quando esta se nos apresenta difícil e desgastante, mas é igualmente um livro sobre viagens e livros, em suma, a descoberta do prazer de viver e a forma como cada um de nós tenta encontrar-se consigo próprio, encontrando, consequentemente, o seu lugar no mundo tentando também compreender a sua relação com as demais pessoas à sua volta.
O personagem principal de quem nunca sabemos o nome desde cedo sentiu necessidade de conhecer o mundo dado que há tanto para visitar e tantos amores por viver e é essa tomada de consciência face à urgência em viver de tal modo para não perder nada ou para que nada fique para trás, que o personagem principal se vai apercebendo da inevitabilidade da sua, nossa, finitude, num mundo, universo de possibilidades e alternativas. É através das cartas que envia aos seus pais que vai dando conta do amor que lhes devota, mas simultaneamente do sofrimento da separação durante a longa viagem à volta do mundo procurando viver intensamente tudo à sua volta como em Nova Iorque, Veneza, Praga ou Madrid. É também um pouco por estes locais que visita que vai compreendendo o que é o amor e o apaixonar-se, mas também sobre a inevitável perda na sequência da viagem que terá de continuar.
Já na casa do quarenta anos, talvez, dado que a idade nunca é objetivamente indicada, o personagem principal é acometido por algo trágico que acontece na sua vida apelidando-o de "aquilo-que-aconteceu" ao longo de toda a obra não só como forma de prender o leitor, mas também evidenciando através do personagem a sua incapacidade ou talvez negação em levar a sua vida para a frente optando por se refugiar nos Açores, mais especificamente numa pequena localidade isolada na proximidade de Ponta Delgada, na ilha de S. Miguel.
É durante o seu exílio a que tantas vezes faz referência à sua passagem pelos Açores que inicia a troca de correspondência com o seu melhor amigo que reside em Lisboa relatando frequentemente o seu quotidiano, a relação que mantém com os habitantes da localidade e o grande desejo de ver uma baleia quase em jeito de redenção pessoal.
É na sua passagem pela ilha e na relação com os "novos amigos" que o personagem principal vai compreender que o ser humano procura resolver a (in)compreensão da dor através das formas mais curiosas e não menos dolorosas percebendo então que afinal o ser humano é ainda mais frágil do que aquilo que imagina e que afinal o segredo da felicidade está precisamente em viver a vida e não fugir dela.
Há momentos na vida de cada um em que o simples colocar os pés no chão pode ser algo gritante faltando tantas vezes a coragem e a esperança no amanhã para continuar a jornada.
Nuno Amado consegue fazer com que o leitor sorria inúmeras vezes, mas é também capaz de o fazer lacrimejar de alegria e felicidade intensa ao referir-se a questões tão práticas como o que é importante nas nossas vidas e das quais não devemos fugir.
Aliando o doce viver às viagens que realizamos, aos livros que lemos e aos filmes que vemos, ficam somente a faltar aqueles que amamos, os que já partiram e aqueles com quem diariamente convivemos.

Excertos:
"(…) Devo dizer que não acho que vivamos tempos terríveis, de crise ou medo, mas sim que vivemos na mais feliz, próspera, luminosa, tremenda, insuperável das eras, nem que seja porque é a única que eu conheço, a única da qual eu posso dizer que respirei o ar."(p. 111)
"Amanhã vou ver baleias. Imagino que um monstro de carne e espuma salta e abalroa o barco. Imagino que me engole e lá dentro encontro Jonas e Gepetto. Mas, o mais importante, encontro um bálsamo para todas as minhas recordações de um mundo que é mais belo do que merece. Que é mais belo do que aquilo que mereço." (p. 121)
"Agora resta-me viver a vida fora do papel, feliz por saber que perto de mim, pode estar um pianista sonâmbulo, uma criança perguntando a um adulto onde fica a cama de Deus, um guarda-livros apaixonado por uma cantora lírica, um jovem a quem os médicos têm de retirar uma colher de pus do seu lindo corpo, um adolescente que se apaixonou pela primeira vez no dia anterior, um amigo que me abrirá sempre a porta.
Como te disse, o suicídio nunca será uma opção para mim. Agora, depois deste dia divino, consigo até precisar as muitas razões para continuar vivo. Dizem que há sete biliões de pessoas no mundo. São sete biliões de motivos para não me matar.
Obrigado, muito obrigado." (p. 243)
Texto da autoria de Jorge Navarro

quarta-feira, 16 de julho de 2014

"Gostas do que vês?" de Rute Coelho

Não fora a dica de uma amiga e este livro de Rute Coelho ter-me-ia passado despercebido! A capa é bonita mas traduz, à primeira vista, algo que não pertence â realidade. Confesso que me pareceu um livro de cariz erótico e não era isso que me apetecia ler, de momento. Nada de mais errado. Só depois de se apreciar o conteúdo é que a capa faz todo o sentido!

Como falar-vos da construção das duas personagens principais sem vos contar todo o enredo? Natália e Cecília são duas mulheres adultas que têm excesso de peso, obesas mesmo. Mas enquanto que uma se aceita e se consegue olhar ao espelho, às vezes assumindo uma confiança que nao possui, é certo, mas gostando do que vê; a outra é insegura, tenta por várias vezes resistir a uma dieta sem sucesso e possui uma falta de confiança de tal forma grande que aceita as migalhas de um homem casado que não a ama e a usa a seu bel prazer...

Creio que Rute Coelho conseguiu delinear duas personagens que, tendo tantas características físicas semelhantes, são muito diferentes nos seus aspectos íntimos e que, com isso, nos transmite uma mensagem simples mas, por vezes, difícil de assimilar e interiorizar: sem deixarmos de alterar e mudar o que precisa de ser mudado, conseguimos nós olharmo-nos ao espelho e apreciar a nossa beleza?

Numa época de botox e outras operações de estética é preciso parar para pensar no que realmente importa não descurando, em todo o caso, os aspectos de saúde. Saber gostar de nós não é frequentemente uma tarefa fácil, mas é fundamental.

A autora soube, com mestria, colocar-se e colocar-nos dentro das duas personagens através dos diálogos e pensamentos muito emotivos que retratam excepcionalmente Natália e Cecília. Gostei muito da escrita de Rute Coelho: fluída, simples mas muito intensa!

Livro a ler e reter!

Terminado em 12 de Julho de 2014

Estrelas: 5*+

Sinopse

Natália e Cecília não se conhecem. São duas mulheres jovens muito diferentes, uma introvertida e amargurada, a outra confiante e determinada. Mas têm a irmaná-las o excesso de peso - e, apesar de cada uma lidar com ele à sua maneira, fugindo do espelho ou assumindo o corpo, a verdade é que nem sempre é fácil viver numa sociedade com os cânones de beleza instituídos e na qual se convive diariamente com o preconceito.
Natália está convencida de que não merece ser feliz; Cecília, pelo contrário, numa atitude desafiante, defende a beleza das suas curvas e o seu direito à felicidade, independentemente da diferença e da discriminação social.
Num mundo em que se mascara a felicidade com plásticas e dietas loucas, Rute Coelho construiu uma história realista e surpreendente sobre a forma como podemos e devemos assumir o nosso corpo, aprendendo a gostar dele através das mudanças necessárias.

"Lago Perdido" de Sarah Addison Allen

Gosto muito da forma mágica como esta escritora nos conta as suas histórias! E é isso mesmo de que se trata, de MAGIA!

É uma característica que a define muito bem e quando pensamos que nada mais nos pode surpreender eis que surge um novo livro repleto de histórias mágicas que aceitamos como se fossem reais e pudessem existir de facto. É encantador a forma como Sarah Addison Allen nos consegue prender aos pormenores das singulares personagens que constrói! Cada uma é, na realidade, única e especial nas suas características tão próprias.

Kate, perdeu o marido que amava. Um ano depois "acorda" da sua dor e verifica que esteve simplesmente adormecida para a vida! Nesse ano deixou de viver. Sobreviveu sem saber como.
Sua filha, Devin é uma menina de oito anos muito especial. Exterioriza nas suas vestes a sua alegria. Sente que a sua mãe esteve adormecida após a morte do seu pai e capta na perfeição o momento em que a tem de volta, em que ela "acorda" e passa a comandar de novo as suas vidas.

Eby, tia avó de Kate e proprietária do Lago Perdido, uma instãncia de férias, Lisette, a sua amiga muda mas que vê e conversa com um fantasma, as inclinas Selma e Bulahdeen, uma com os seus feitiços a outra com o seu passado de luta, Wes, seu irmão Billy e o aligátor, Jack e a sua paixão escondida... Todos eles são especiais e com todos aprendemos formas de estar e reagir ao que a vida nos traz, ultrapassando todos os traumas.

Com as suas personagens mágicas, Sarah Addison Allen fala-nos do poder da amizade e do amor, dos reencontros, da partilha, dos recomeços. Uma história de encantar onde há que ler por detrás das entrelinhas e dos sentimentos das personagens tão sui generis: a vida deve ser apreciada em todos os seus momentos e devemos estar prontos para todos os recomeços que ela nos impõe.
Recomendo esta leitura, sobretudo para quem gosta de histórias especiais!

Terminado em 11 de Julho de 2014

Estrelas: 5*

Sinopse

A primeira vez que Eby Pim viu Lago Perdido foi num postal. Apenas uma fotografia antiga e algumas palavras num pequeno quadrado de papel pesado, mas quando o viu soube que estava a olhar para o seu futuro.
Isso foi há metade de uma vida. Agora Lago Perdido está prestes a deslizar para o passado de Eby. O seu marido George faleceu há muito tempo. A maior parte da sua exigente família desapareceu. Tudo o que resta é uma velha estância de cabanas outrora encantadoras à beira do lago a sucumbirem ao calor e à humidade do Sul da Georgia, e um grupo de inadaptados fiéis atraídos para Lago Perdido ano após ano pelos seus próprios sonhos e desejos.
É bastante, mas não o suficiente para impedir Eby de abrir mão de Lago Perdido e vendê-lo a um empreiteiro. Este é por isso o seu último verão no lago… até que uma última oportunidade de reencontrar a família lhe bate à porta.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A Convidada Escolhe: A Desumanização


O facto de a narradora Halla, uma criança de apenas onze anos, estar a sofrer pela morte recente da sua irmã gémea Sigridur prendeu-me de imediato ao livro. Para além da figura central que se sente incompleta e perdida com a morte da sua outra metade, do seu espelho - “tudo em meu redor se dividiu por metade com a morte” - as outras personagens que formam uma comunidade pequena e fechada a viver nos fiordes da Islândia carregam a tristeza, o desespero, a solidão, os pesadelos, os medos, os monstros. A certa altura, Halla – a “irmã menos morta” - diz: “Não havia mais miúdos. Era tudo velho. A gente, os sonhos, os medos e as montanhas.” A mãe que se auto mutila, o pai que escreve poemas e é quem está mais próximo de Halla, Einar que todos consideram tolo e cujo crescimento foi mutilado por uma tragédia que viveu quando ainda muito criança, Steindór a fazer as vezes de prior, a tia e “as nossas pessoas”, ou seja, a pequena comunidade de habitantes da aldeia que tudo sabem e que tudo controlam. Um mundo pequeno, fechado sobre si mesmo, de onde não é possível fugir!

É um livro que fala da morte, mas também do amor, do peso e da força das palavras, da música, do rigor e da emoção que há na música, do mundo que se desumaniza, dos homens e da sua relação interesseira com as mulheres, da vingança. É um livro triste em que o luto está sempre presente.
É também um livro muito visual em que a paisagem desempenha um papel muito relevante. A Islândia, os fiordes, o mar, o inverno e a neve que obrigam as pessoas a ficar em casa surgem ao longo do livro como a moldura que tudo envolve. É um livro duro, estranho e poético que, à semelhança de outros deste autor, me perturbou, mas de que gostei muitíssimo.

Dedicado ao seu irmão Casimiro e ao músico e amigo islandês Hilmar Orn Hilmarsson, Valter Hugo Mãe diz numa nota de autor no final do livro “Sei que este livro é uma declaração de amor esquisita, mas é a mais sincera declaração de amor aos fiordes do oeste islandês”.

Almerinda Bento

segunda-feira, 14 de julho de 2014

"Morte na Arena" de Pedro Garcia Rosado

O "perigo" de lermos duas obras quase de seguida do mesmo autor é o facto de podermos considerar a segunda leitura menos interessante que a primeira e perdermos então o interesse... E disse-vos aqui o quanto gostei de Morte com Vista para o Mar.

Digo-vos agora, que considero o segundo superior em termos da trama arquitectada, dum enredo onde a imaginação se cruza espectacularmente com locais que conhecemos da nossa capital, tal como as ruas da Baixa e também, locais que sabemos existir mas que não são de fácil acesso, como por exemplo os túneis e ruínas romanas que "vivem" debaixo das ruas pombalinas de Lisboa. As cenas no subsolo lisboeta são muito reais e muito assustadoras, próprias para espíritos e leitores arrojados! 

Abundam imagens de uma crueza desconcertante  que dariam um belo filme, daqueles que nos manteria presos à cadeira! 

Gostei particularmente do enredo porque nos mantém em suspense durante o livro todo. Para além dos crimes cometidos e das situações de extrema dureza, crueldade e realismo, gostei do facto de serem revelados, aos poucos, características humanas e pessoais do investigador reformado Gabriel Ponte. Não se torna necessário ler o livro anterior, Morte com Vista para o Mar, mas para quem o fez esta leitura torna-se mais enriquecedora.

Gostei muito desta obra e espero que o terceiro livro me desperte ainda mais curiosidade e fique ainda mais embebida na leitura, tal como aconteceu em relação ao livro anterior. Alguns aspectos da vida pessoal de Gabriel ficaram em aberto o que mantem o interesse do leitor na obra seguinte que espero ler brevemente.

Se gostarem de acção, suspense e uma leitura com ritmos acelerados então este é o livro perfeito! Drama, mistério, thriler, acção e romance bem doseados numa narrativa que nos cativa de imediato.

Terminado em 9 de Julho de 2014

Estrelas: 5*

Sinopse

Quatro homens aparecem mortos num prédio devoluto, ao lado de um braço decepado que não pertence a nenhum deles. Com o passar dos dias começam a surgir outros membros humanos espalhados por Lisboa, até ser evidente que são partes do corpo de uma jovem de dezasseis anos, filha de um dirigente político, que foi assassinada e que estava desaparecida havia meses.
As investigações destes casos estão a cargo da inspetora-coordenadora da PJ, Patrícia Ponte, ex-mulher de Gabriel Ponte, que enfrenta agora obstáculos dentro da própria PJ, além da pressão do ex-marido, que quer informações sobre o caso, e da jornalista Filomena Coutinho, que foi a causa da separação deles.
Os três acabam por descobrir um inferno escondido nos túneis subterrâneos de Lisboa: uma arena onde especialistas em combate corpo a corpo massacram homens e mulheres, numa imitação dos combates de gladiadores da Roma Antiga.

"A Vida Secreta de Stella Bain" de Anita Shreve

Saber que o Clube do Autor tinha editado mais uma obra desta escritora e depois de ler a sinopse, vi que o livro "tinha a minha cara". Gostei muito desta leitura.

Saber que as palavras certas nos podem transportar para épocas remotas ē uma magia da qual não me consigo desligar. Nem quero tampouco! Anita Shreve escreve de uma forma simples mas que nos toca, despertando o nosso interesse e colocando-nos na pele dos personagens. Neste caso, da personagem principal, Stella ou Etna. 

Em plena Primeira Guerra Mundial, Stella não sabe quem é, o que faz, nem como foi parar, ferida, no meio de um hospital de campanha em Marne, França. É o início de uma história empolgante que me deixou de tal forma agarrada ao enredo que li o livro num só dia. Estou de férias, é claro, pois não sei o que faria se tivesse de o largar!

É a partir da amnésia de Stella ou Edna que vamos recuando no tempo e sabendo mais da vida desta americana que desconhece o seu passado e o procura desesperadamente. Que esconderá? Onde pertence? Fugirá de alguma coisa ou de alguém?

Ao centrar-nos na história de Stella, Anita Shreve descreve-nos também os horrores na Primeira Grande Guerra, dos imensos feridos tanto física como psicologicamente engolidos pelas calamidades da guerra, do papel dos condutores das ambulâncias que atravessavam as zonas de guerra para irem buscar feridos, dos médicos e enfermeiros que exaustos não tinham mãos a medir, dos traumas de guerra vividos por aqueles que viram mais do que os seus olhos poderiam suportar.

Creio que o que torna este romance tão empolgante é a sua verosimilhança com a realidade. A história podia muito bem ter acontecido. Recomendo!

Terminado em 6 de Julho de 2014

Estrelas: 5*

Sinopse

Neste envolvente drama, Anita Shreve tece uma apaixonante história acerca do amor e da memória, tendo como pano de fundo uma guerra que devastou milhões de civis e deixou sequelas em todos aqueles que testemunharam os seus horrores. Um romance histórico inesquecível, sério e surpreendente.
França, 1916. Uma mulher acorda na cama de um hospital de campanha em Marne, sem qualquer recordação do seu passado ou de como ali chegara.
Identificou-se como Stella, mas sente que esse não é o seu verdadeiro nome. De repente, uma palavra incita-a a agir e Stella parte para Londres, onde espera encontrar algumas respostas e abrir as portas para o seu passado.

domingo, 13 de julho de 2014

Ao Domingo com... Eduardo Aleixo

Notas sobre mim e os meus livros
Chamo-me Eduardo Aleixo. Nasci em 26 de Outubro de 1946, em Mértola, Baixo-Alentejo. Comecei a escrever cedo e publiquei na adolescência crónicas no “ Diário do Alentejo” e no suplemento literário. O  “ Juvenil”, do “ Diário de Lisboa”.  Durante a longa vida profissional, embora tenha escrito sempre, pouco publiquei. Só iniciei a publicação de livros a partir de 2005, data em que criei o blogue, “ À Beira de Agua “ , que ainda mantenho, só de poesia, e em 2009 publiquei o livro de poemas, “ As palavras são de água “ e em 2011, outro livro, chamado, “ Os Caminhos do Silêncio”, todos eles através da Chiado Editora. Colaborei ainda em todas as colectâneas, poéticas,  desta Editora, em nº de 4, subordinadas ao título: “ Entre o Sono e o Sonho”.  A  paisagem seca, mas  muito bela, de Mértola, à beira do Guadiana, onde vivi a infância, marcou a minha linguagem poética. Agradeço o convite formulado amavelmente por Cristina Delgado  e vou apresentar-me falando um pouco dos meus livros.

“ As palavras são de água “ revelam a importância da água na minha vida. Em alguns poemas falo das águas limpas, claras e sempre em movimento, clareza e limpidez que desejo para a minha poesia. Falo também de nascentes, de fontes, porque não escondo a minha sede de regresso  a  uma origem,  que não sei explicar,  mas sei que é aí que existe a fonte donde bebo as águas mais puras e donde saem os versos mais autênticos. Falo também da importância das palavras, porque elas são as pedras com que construo as casas dos poemas. Falo do Amor. Não só pela pessoa amada, mas por todos os seres e por toda  a Terra, onde habitamos. Amor indissociável da dádiva, da liberdade, da alegria, do sem medo, do repúdio das máscaras, mas também da dor. Tem este livro um capítulo dedicado aos “ caminhos do silêncio”. É a parte que retrata o meu ser mais profundo. Os caminhos que levam ao silêncio e à serenidade. À paz. Que exploram e atravessam a paisagem mais rica, e a essencial – quanto a mim – do ser, aquela que vive esquecida, não lembrada, na maioria de nós, muitas vezes traída, onde a nossa criança interior, a maior riqueza que temos dentro de nós, sofre e espera que olhemos para ela. Nos poemas destes caminhos falo com o silêncio, ouço a sua voz, a voz do mar, dos pássaros, do vento, e bato à porta do mistério, em alguns lugares que visito, onde as sombras e as luzes se entrechocam e é com denodo que entreabro as cortinas que separam as águas da superfície das águas mais profundas da vida.   Não esquece ainda o livro, “ As palavras são de água “ os problemas do Homem em sociedade e por fim mostra a minha postura face à morte, entendida como fase natural da vida e fronteira com outra vida que existe  a despeito de não a vermos com os sentidos da nossa dimensão.

Em  “ Os Caminhos do Silêncio”, livro publicado
em 2011, encontramos  o aprofundamento do já referido em “ As palavras são de água”, no que concerne à procura do mais profundo de  mim, espaço ilimitado onde sei que posso encontrar a serenidade.  Poesia que procura uma espiritualidade , mas sempre enraizada na terra dos homens, sem a qual o céu não faz sentido. Os versos são simples e, como diz Isabel Mendes Ferreira, no seu belo prefácio, não vêm acompanhados de “ objectos adornantes”. Nascem despidos o mais possível e isso faz-me lembrar gostosamente a paisagem árida, de xisto, da minha infância, com sol muito quente e luminoso, incidindo na cal branca das paredes e sobre as flores silvestres, como as estevas, as urzes, os cardos, beleza sóbria, lisa, quanto baste, mas com as águas do rio ao lado, muitas águas, onde as estrelas se reflectem.
Os meus poemas fazem um apelo permanente às origens que não sei. Por isso uso com frequência palavras como colo, regaço, nascente, manhã, orvalho, fonte, Desejo intenso de regresso a um ponto de partida que é também um ponto de chegada, às origens, à pureza, à inocência, à nudez, à transparência, ao mistério, ao indizível.
Depeço-me, oferecendo-vos o poema que consta na contra-capa deste livro :

Isto é mais importante
É importante escutar o que dizem os pássaros,
a voz do mar,
os sentimentos do vento,
a sonata do luar,
o namoro das pedras com as águas,
a sinfonia dos canaviais,
o rumorejar dos pássaros
antes do anoitar dos bicos
debaixo dos sovacos das penas…
Tantas palavras que escrevo para dizer
que isto é mais importante
do que os pensamentos ardilosos
que te povoam a mente
e com os quais, se dizes que sentes
a sábia música do silêncio…
mentes!...

Eduardo Manuel Nascimento Aleixo



sábado, 12 de julho de 2014

Na minha caixa de correio

   
   

Da Planeta: Quando o Ódio Matar e Obsessão.
Da Editorial Presença: um Grito de Socorro e Detox em 10 Dias
Da Oficina do Livro: Gostas do que Vês?
Da Esfera dos Livros: A última História De Amor e Aço
O meu agradecimento às editoras!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Novidades Presença

Um Grito de Socorro
de Casey Watson
Quando Casey Watson recebe Sophia no âmbito do programa de acolhimento, imediatamente se apercebe de que algo não bate certo. O comportamento de Sophia é inconstante e manipulador e a jovem está habituada a conseguir tudo o que quer, reagindo violentamente quando a contrariam. Parece só ter olhos para os homens da família de acolhimento e trata as mulheres com insolência. À medida que o tempo passa, Casey apercebe-se de que este comportamento esconde uma infância repleta de dor e abusos. Mas, quando as explosões violentas de Sophia começam a ameaçar a integridade física dos membros da família, Casey pergunta-se se será a pessoa certa para ajudar esta menina profundamente perturbada.

Sumos Verdes
Detox em 10 Dias
de J J Smith
O Programa Sumos Verdes – Detox em 10 Dias é uma experiência transformadora na nossa vida, pois permite-nos perder peso, aumentar a energia vital e reencontrar a saúde, o bem-estar e a beleza. Ao contrário das dietas convencionais, este programa faz-nos perder peso de uma forma consistente, uma vez que altera a nossa relação com os alimentos e reeduca o nosso apetite. A palavra-chave é desintoxicar, para que o organismo, liberto de toxinas, possa queimar calorias. Todos os aspetos são detalhadamente explicados neste livro: em que consiste o programa, porquê os sumos verdes, como continuar a perder peso após os 10 dias do programa. Este guia inclui ainda cinco métodos de desintoxicação, mais de 100 receitas de sumos verdes para vários objetivos, receitas saudáveis e altamente proteicas, uma lista de compras e as dicas da autora para ter sucesso.

Novidades TopSeller

Em Segredo 
de Catherine McKenzie
Ao regressar a casa, vindo do trabalho, Jeff Manning é atropelado por um carro e morre. Duas mulheres ficam desfeitas perante a notícia: a sua esposa, Claire, e uma colega de trabalho, Tish. 
Destroçada com a sua perda, Claire tem sobre os ombros o dever de confortar o filho, e ainda de lidar com os preparativos para o funeral e com a chegada do irmão de Jeff, com quem namorara anos antes. Tish, por seu lado, voluntaria-se para estar presente no velório em nome da empresa, mas apenas ela sabe a dor que realmente sente. 
Contada através das vozes de três pessoas, Jeff, Tish e Claire, a narrativa de Em Segredo explora a complexidade das relações, as repercussões das nossas escolhas individuais e a responsabilidade que temos perante aqueles que amamos.

Jogo Arriscado
de Janet Evanovich
Depois de um verão fraco a perseguir burlões de baixo nível, Stephanie Plum, a caçadora de recompensas mais sexy de New Jersey, aceita finalmente um trabalho que pode pôr a sua conta bancária em ordem.
Geoffrey Cubbin tinha sido preso por ter desviado cinco milhões de dólares de um lar de idosos, e aguardava julgamento. Internado de emergência com uma apendicite, desapareceu misteriosamente do hospital. Juntamente com os cinco milhões… Agora, Stephanie tem de encontrá-lo e devolvê-lo à justiça. Infelizmente, Cubbin desapareceu sem deixar rasto, e ninguém no hospital parece disposto a colaborar. A nossa heroína vê-se, assim, obrigada a aceitar ajuda da sua excêntrica avó Mazur, e a trabalhar lado a lado com o polícia mais cobiçado da cidade, e seu atual namorado, Joe Morelli.
Pelo caminho, para conseguir pagar a renda (e enquanto não encontra Cubbin), Stephanie aceita um trabalho secundário como guarda-costas para o seu mentor secreto e antiga paixão, Ranger. Não era bem o que Stephanie queria, mas, contas feitas, uma intoxicação alimentar por envenenamento, ameaças escritas e um vestido de dama de honor com excesso de tafetá nunca fizeram mal a ninguém, pois não?

Novidades Esfera dos Livros


quinta-feira, 10 de julho de 2014

A Convidada Escolhe: Uma Família Feliz

De David Safier já tinha lido o seu primeiro romance "Maldito Karma" e tinha ficado fã. O seu segundo livro "Jesus Ama-me" também mora nas minhas estantes mas, talvez graças a opiniões menos abonatórias, ainda lá permanece sem ser lido.

Desta vez, também movida por opiniões e comentários de amigos destas andanças dos livros, "Uma família feliz", comprado na recente Feira do Livro de Lisboa, saltou rapidamente na hierarquia dos livros a ler e passou para o topo das leituras. Não me arrependo de o ter feito.

Dotado de um humor fantástico, de uma ironia fina, diria mesmo, de um sarcasmo muito próprio, David Safier conquista-me pela forma como retrata a nossa sociedade.

Se em "Maldito Karma" é o mundo profissional a sua "vítima", desta feita acompanhamos a família von Kieren na sua interrelação, mas também no mundo que os envolve.

"Uma família feliz" é uma crítica mordaz que me fez soltar várias gargalhadas, e às vezes um riso contido, mas ainda assim sonoro, por causa dos locais onde me encontrava.

Graças a um mal-entendido os von Kieren mascaram-se de monstros e, por artes mágicas, são transformados, assumindo as suas identidades. Ao longo das breves páginas deste romance acompanhamo-los na sua aventura para voltarem a ser humanos. Cheguei ao fim das páginas deste
livro com pena de a história de apenas três dias ter terminado, pese embora ela estar concluída e, claro, ter um final feliz. Esta é daquelas leituras em que nos apetecia continuar a ler pela boa disposição que nos proporciona.

Afinal... "Todas as famílias têm monstros como estes"...
Uma leitura que recomendo para os dias de lazer que se avizinham, mas também para desanuviar da vida pesada que vivemos ou para aligeirar leituras mais pesadas. Um livro cheio de humor mas não acéfalo. Um autor que certamente continuarei a seguir. Uma pessoa sui generis que criou uma fundação na sequência do êxito do seu primeiro romance, a Fundação do Bom Karma, para promover a educação de crianças em todo o mundo.


"- O mestre (Drácula) – prosseguiu o motorista – também possui vários grupos empresariais . Entre eles, um a que deu o nome de um camponês da sua própria terra natal. Um voyeur que se chamava
Guguel.
Essa empresa era de Drácula? Isso explicava a lassitude da companhia da internet na hora de tratar dos direitos dos outros." (p. 122)
"Carreguei no botão do intercomunicador e chamei o meu criado Renfield, ou, como se dizia naquele século, o meu assistente pessoal. (...) Renfield era um jovem ambicioso, vestido com fato preto e camisa branca, que eu ainda não transformara com uma dentada numa criatura dos malditos. Nos cargos mais altos das minhas empresas, tal como em muitas empresas do planeta, trabalhavam muitos não vampiros desalmados." (p. 159)
"(...) Não tive pena dela. O meu estado de ânimo era semelhante a como quando vemos na televisão uma reportagem sobre crianças na guerra e nos interrogamos se noutro canal estará a dar o House. Ter-me-ia convertido num monstro insensível por ser vampira? Ou era apenas como muita gente normal?" (p. 222)
"(...)
- O molho bearnês está a transbordar!
(...)
Não continuou. O demónio também lhe deu com a sertã, ela voou contra a parede e aterrou ao pé do meu pai. Não se podia derrotar aquela criatura com recurso à força bruta. Portanto, havia que descobrir como era ele em termos de vontade. Com um pavor brutal e a tremer dos joelhos, aproximei-me dele enquanto retirava do lume a caçarola com o molho. (...)
Aproximei-me dos fogões e disse:
- Ei, tu, Gordon Ramsay... " (p. 247)

Fernanda Palmeira

Passatempo "Um Grito de Socorro"

Ē com prazer que anuncio um novo passatempo que tem a colaboração da Editorial Presença! O Tempo Entre os Meus Livros tem para oferecer aos seus seguidores um exemplar do livro de Casey Watson, Um Grito de Socorro. Aposto que vão ficar rendidos com esta obra.
 Leiam a sinopse que ela fala por si mesma!

O passatempo decorre até ao dia 20 de Julho.

Para mais informações vejam Editorial Presença aqui!

Boa sorte e respondam acertadamente às questões colocadas!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

"Seres Mágicos em Portugal" de Vanessa Fidalgo

Já sabem que gosto de variar nas minhas leituras! Tinha este livro da Vanessa já há algum tempo na minha estante e achei que era o momento ideal para depois intercalar com romances mais leves de verão. Fiquei curiosa com este livro só de olhar para a sua capa e título. Quem não ouviu já falar de seres mirabolantes e de histórias de arrepiar? Histórias contadas pelos mais velhos, que tinham um forte impacto nas nossas cabecinhas enquanto crianças? Contadas ao anoitecer ou em noites de tempestade eram um bom começo para uma noite de insónia, pois ouviamos barulhos esquisitos que nos faziam tapar imediatamente com o lençol!

Desmistificar e chegar à raiz destas histórias, agrupá-las segundo os tipos de seres fantásticos deve ter sido um trabalho fascinante e enriquecedor. Muitas delas passaram oralmente de pais para filhos e já sabem que quem conta um conto, acrescenta um ponto! Lendas, fábulas e contos de lobisomens, duendes, e trasgos, gigantes, demónios, olharapos, sereias e monstros marinhos, bruxas e feiticeiras, mouras e fadas e meninas encantadas tudo se encontra aqui um pouco...

Um livro para ter na mesinha de cabeceira e que se pode ir lendo, intercalando até com outras histórias, apreciando todo um manancial de uma tradição oral tão rica como é a do nosso país! Uma delícia para saborear devagar! Recomendo, sobretudo para quem estes temas despertam 
curiosidade.

Terminado em 4 de Julho de 2014

Estrelas: 5*

Sinopse

Dona Adelina conta-nos a história do lobisomem que na freguesia da Bemposta corria ruas pela noite fora estragando o pão que cozia de madrugada nos fornos e assustando os mais novos e indefesos. Na ilha do Pico, Açores, o dia 2 de fevereiro de cada ano era dia para ficar em casa. Homens, mulheres e crianças trancavam-se a sete chaves e protegiam-se comendo alhos. Lá fora os labregos, uma espécie de duendes, saíam das águas salgadas do mar para nos próximos meses viverem escondidos nos matos verdejantes da ilha. Nas serras de Arruda dos Vinhos é bem conhecida a história de um gigante terrível, que, de tão grande e violento, aterrorizava as povoações da região. Em Santa Maria, nos Açores, o povo garante que as jovens de cabelo vermelho que ainda hoje por lá moram são descendentes de uma jovem e bela sereia que caiu de amores nos braços do filho de um pescador. Fadas, duendes, gigantes, olharapos, lobisomens, trasgos, sereias entre outras, são algumas das criaturas mágicas que habitam o nosso país, o nosso imaginário e que vai conhecer ao longo das páginas deste livro. Depois dos seus anteriores livros Histórias de um Portugal Assombrado e 101 Lugares para Ter Medo em Portugal, a jornalista Vanessa Fidalgo percorreu o país, de lés-a-lés, visitou bibliotecas locais à descoberta de histórias, ouviu relatos e entrevistou dezenas de pessoas para resgatar a nossa rica tradição oral. O resultado é este original livro onde a imaginação e o fantástico ganham protagonismo, numa história que não consta nos manuais escolares, mas que faz parte do nosso país e das nossas tradições.

terça-feira, 8 de julho de 2014

A Convidada Escolhe: A Misteriosa Chama da Rainha Loana


Voltei a Umberto Eco com "A Misteriosa Chama da Rainha Loana".

É um livro de memórias interessante de um alfarrabista que devido a AVC perdeu a sua memória recente. É, assim, um desfilar de factos pessoais e históricos vivenciados no passado. Penso que é tanto mais atraente quanto maior for a empatia e a possibilidade de o leitor as poder partilhar.

Gostei bastante e li-o com agrado de um folgo, talvez porque pude partilhar algumas por conhecimento e vivência no tempo histórico, outras porque fizeram também parte da minha experiência de vida. Caso de livros e revistas de BD (tema que sempre foi e me é próximo). É um livro bastante ilustrado o que o torna atrativo e informativo sobre as décadas 30 e 40. Mais uma vez este autor não me desiludiu.

Maria Fernanda Pinto

segunda-feira, 7 de julho de 2014

"Mar Humano" de Raquel Ochoa



Fui conhecer a Raquel aquando da apresentação deste seu livro na FLL. Intrigaram-me as palavras que escreveu no autógrafo: "Ninguém pode contar a tua história". Fez sentido quando acabei o livro. Todo o sentido.

A primeira obra que li desta autora ficou-me no coração já há alguns anos: "A Casa-Comboio". Seguiu-se depois "O Vento dos Outros". Admirei-lhe a coragem do tom intimista. Muitas das 
coisas que se escrevem são nossas e nem sempre conseguimos 
partilhar. "Sem Fim à Vista" aguarda na estante a sua vez.

Amigas que leram "Mar Humano" adoraram-no. Quando comecei a lê-lo pensei que não "existe amor como o primeiro"... Não foi fácil conquistar-me este livro, não senhora! Ouvia cá dentro a adjectivação espectacular usada por essas amigas e mais 
dificil se tornava entrar na história. Ela conquistou-me aos poucos mas firmemente.

Creio que a vida de Raquel se lê neste livro. Não que ache que alguma personagem traduz o que é a Raquel, ou melhor, o que é a sua vida, não! Aliás, nem teria como afirmá-lo. Mas as suas frequentes viagens, a sua visão alargada do mundo que faz de Portugal a sua casa, o jornalismo que abraça e uma pesquisa intensa fazem com que tenha sentido que conhecer Ema, uma das personagens principais, foi perceber mais um pouco como é a Raquel.


Ema e Samuel, um amor que é feito de desencontros, de palavras não ditas, de uma paixão que se toca mas que se repele com a mesma intensidade. Feito de silêncios, feito de gritos que não se dão mas que se sentem. "Tanto silêncio num amor por viver". Paralelamente a este amor, vive-se também um amor por Portugal, pela sua história. Amor grande, sentido sobretudo por aqueles que estando fora conseguem olhar mais para dentro deste país e amá-lo de uma forma diferente. Amor de quem viaja muito também.

Gostei da forma como, quase por magia (têm de ler o livro porque não vou denunciar como...) a autora soube "esticar" os personagens e a sua história! Um livro onde há uma continuidade entre o "ontem", o "hoje" e o "amanhã", nada surge por acaso, nada é deixado de lado. Gostei também dos nomes peculiares que os personagens secundários possuem. Porque eles são isso mesmo, secundários. Giram em torno de Ema e Samuel. Faz todo o sentido que tenham esses 
nomes!

Curiosos? Pois terão de espreitar o livro. Mais, aconselho-vos a ler. Com calma para que possam degustar desta viagem que é este livro. Por Portugal sim, mas também pela História.

Terminado em 29 de Junho de 2014

Estrelas: 5*+

Sinopse

Mar Humano parte da ligação turbulenta entre duas pessoas e penetra em temas como a longevidade da vida humana, a responsabilidade que os sentimentos acarretam, a luta pela liberdade de expressão e o impacto da ciência na evolução da consciência. Um brinde à coragem de cada indivíduo em ser autor da sua própria vida.

domingo, 6 de julho de 2014

Ao Domingo com... Jorge Sousa Correia

Leituras a preceito
O primeiro romance que li tinha catorze anos. E que romance! Como é que um jovem como eu abria o mundo dos livros com Stefan Zweig? Era muito autor para um rapaz do campo. Em Vinte e Quatro Horas na Vida de uma Mulher, o autor narra as paixões da personagem na primeira pessoa, tal como se fosse uma mulher a contá-las. E eu a interrogar-me. Como é que uma mulher, não era uma mulher era um homem, expõe assim a sua vida? Mas expunha bem, tão bem que num instante li o livro. Enquanto o lia, nem me pus a pensar que o autor estava a fazer batota. Eu lia o que dizia a mulher, queria lá saber se as palavras eram construídas por um homem. É que para mim, o Stefan Zweig era tão conhecido, como a certeza de que viria algum dia a publicar um livro.
Li logo a seguir outro livro do mesmo autor, o Amok. Era o que havia. Talvez fosse até um dos quatro ou cinco livros que existiam em casa dos meus pais, exceptuando os livros escolares. Mas este Amok exigiu de mim um grande empenho cognitivo, pois a narrativa era complexa, sobretudo porque comecei desde logo a detestar o personagem. Aquela obsessão repentina do médico pela mulher que lhe veio pedir ajuda, pôs-me a pensar que havia gente que eu entretanto não catalogara. Ainda bem que lhe deu o «Amok», palavra indígena que de certo modo significa propensão para lutar, mas também para morrer.
A leitura destes livros devo-as ao meu irmão. Nessa altura estagiava ele nas OGMA e lá conseguia comprar livros mais baratos.
Depois li muitos, muitos livros, mas não tantos que tenha ficado farto, nem tão poucos que não me tivessem ajudado pela vida afora.
Dos clássicos portugueses, gostei sempre mais do Aquilino do que qualquer outro. Até porque a sua obra é telúrica, bem mais próxima das minhas raízes. Então O Malhadinhas, cujo personagem assenta num espertalhão manhoso e sem medo, era tal e qual como alguns homens desenrascados que eu fui conhecendo por aí.
 Estou a falar dos livros que me influenciaram, por isso dispenso-me de fazer a lista dos autores que li. Falarei no entanto de Eça de Queirós, porque em O Crime do Padre Amaro, para mim mais interessante do que os Maias, o meu pensamento dividiu-se: o reprovador, mais racional, via no padre o sequestrador sexual, quando os seus deveres devocionais o deveriam afastar dos pecados da carne. O que vale é que o lado criativo, mais ligado à intuição, espreitava a relação entre a serviçal e o padre como um voyeur, interrogando-me sobre que afectos poderiam ter aqueles dois. É que no tempo em que li O Crime do Padre Amaro, ainda me encontrava no reino da repressão mental, e por isso, toda aquela cena me perturbou.
Mas nós crescemos, não é? Num instante dei por mim a ler tudo o que aparecia sobre a segunda Guerra Mundial: entre todos, destaco Os Julgamentos de Nuremberg, de Paul Roland, testemunho real de como a justiça se pode abater sem concessões sobre os criminosos. Mas foi Mila 18, de Leon Uris, que mais me impressionou: todo o relato propõe uma lição de coragem, a capacidade do ser humano em descobrir estratégias para sobreviver num mundo excepcionalmente hostil. Com a morte por companhia nas vinte e quatro horas do dia, mesmo assim os judeus do gueto de Varsóvia organizaram-se, para sobretudo ludibriar as tropas nazis que os martirizavam. Como ratos nos seus buracos, os judeus polacos criaram uma organização que perdurou para lá da guerra. A realidade das descrições é tão verosímil, que até a história de amor que adoça a acção me pareceu verdadeira, ou não partilhassem homens e mulheres os mesmos espaços mentais e físicos.
Alguém, algum dia, me propôs a leitura de Antoinette en Saint German-des-Prés. E eu li! E não é que por ler o livro fiquei cativo da Antoinette? Sim, a da Calçada do Combro, onde ao fim do dia comia umas belas iscas com batatas fritas por onze escudos, pouco mais do que os cinco cêntimos actuais.
Tantos anos li o mesmo livro… Culpa minha? Não, culpa da Antoinette!
Outros tempos, outras mentalidades, numa altura em que na feira do livro de Lisboa se conseguia comprar bons livros pelo preço das iscas.
Então, quando a Antoinette passou a estar mais longe do que onde a tinha encontrado, surgiu-me a maior dúvida da minha vida: volto a ler Antoinette en Saint Germain-de-Prés ou fico-me por outras leituras em Almada, onde passei a ir mais vezes do que as que algum dia tinha pensado? E lá vem mais um livro ajudar-me nesta indecisão. A coisa tornou-se simples em dois parágrafos: a vida humana só acontece uma vez e nunca podemos verificar qual era a boa e qual era a má decisão porque (…) Não nos é concedida nem uma segunda, nem uma terceira, nem uma quarta vida para podermos comparar as diversas decisões. Em A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, segui o que Tomas propunha, mesmo reconhecendo a capacidade que ele tinha para o egoísmo. Como se sabe, ainda que vindo de um mau conselheiro, o conselho não tem que ser infeliz. Foi bom. Continuo a frequentar a a(l)madaAna e nunca mais pensei na Antoinette.
Depois vieram os contemporâneos abrir-me a cabeça para outras realidades: Alves Redol, Os Gaibéus; Soeiro Pereira Gomes, magistral n’Os Esteiros; José Cardoso Pires, A Balada da Praia do Cães; Álvaro Guerra, autor da trilogia Café Central, Café República, Café 25 de Abril de que muito gostei.
Mas há autores que nunca esqueço. Não digo que lhes decoro a obra, longe disso, até porque alguns dos livros que escreveram não entram nas minhas escolhas. Por exemplo: talvez esteja a cometer um sacrilégio, mas li com gosto O Memorial de Convento e O Ano da Morte de Ricardo Reis, e a contragosto a Jangada de Pedra ou O Evangelho Segundo Jesus Cristo, todos do José Saramago. Jorge Amado, Chico Buarque, Teolinda Gersão, acompanharam-me, e a partir daqui, juntando os autores contemporâneos que acima citei, já se sabe para que lado os meus ideais me conduzem na sociedade.  
Em frente. A partir de certa altura, as minhas leituras deixaram de ter a abrangência temática que tiveram, pois passei a ler quase em exclusivo sobre História: trabalhos científicos, ensaios, documentos, crónicas, tratados, e não o faço por obrigação, não tenho nenhum compromisso institucional ou profissional, apenas a curiosidade e a necessidade do saber. Leio de vez enquanto algum romance histórico, o mais recente foi O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, um belo documento sobre o clima de terror que se abateu sobre os judeus de Lisboa no início do reinado de D. Manuel I. E lá vem mais um romance histórico: A Sala das
Perguntas, de Fernando de Campos: até hoje, não conheço um texto que nos elucide tão bem acerca do Humanismo como o deste autor. Inspirado em Damião de Góis, Fernando de Campos revelou-me as ligações fortes entre homens dos mesmos ideais, mas também a mentalidade ultramontana da Contra Reforma em os liquidar. Sinceramente, quem quiser perceber as relações entre a Inquisição mais cruel e as aspirações de homens ligados entre si por um mundo mais inteligente e fraterno, leia este livro.

E agora? Agora resta-me reler este artigo, mas não tantas vezes como faço com os livros que vou escrevendo. Estes são de leitura ininterrupta. Releio e volto ao princípio, e assim que são editados, volto a lê-los à espera de encontrar uma gralha, um vírgula fora do lugar, as frases de que gosto e as que gostaria de ter mudado. Pois é! Se há livros que mudaram a minha vida, os meus foram-no de certeza. Não falo da substância, alguém o fará por mim, refiro-me tão só ao tempo que eles me ocupam e me tornam uma pessoa melhor. Aliás, quando tive na mão o meu primeiro livro editado, e olhei para registo IBSN, disse cá para mim: tornei-me imortal! Não se riam. O corpo vai, mas há uma coisa que perdura: o pensamento em forma de escrita.
Jorge Sousa Correia

sábado, 5 de julho de 2014

Na minha caixa de correio

  
  

 


Oferta da Quinta Essência, Uma Casa no Campo e Lago Perdido
Oferta da Asa, O Livro dos Sabores Perdidos e O Despertar do Mundo
Oferta do clube do Autor, A Vida Secreta de Stella Bain e Até nos Vermos Lá em Cima.
Da Porto Editora:  Morte numa Noite de Verão
E da Esfera do Caos, Amor e Liberdade de Germano Pata-Roxa
O meu agradecimento às editoras aqui mencionadas!