Foi a minha estreia com esta autora, prémio Nobel 2024, mas não fiquei encantada. Iniciei bem esta obra mas a meio comecei a achar a narrativa dispersa, com muitas situações onde me perdi no tempo pois a narradora alternava entre passado e presente, entre realidade e sonho com demasiada frequência.
Sinto que perdi qualquer coisa de realmente importante, sobretudo a crítica, o apontar do dedo a actos praticados na Coreia do Sul, desconhecidos para mim, e se calhar, para a maioria das pessoas. Estamos habituados a ouvir falar da Coreia do Norte por vários motivos que não os melhores, mas da Coreia do Sul nem por isso. Este alerta não poderia ter passado despercebido nestas páginas pelo que para ele vão as minha 4 estrelas. Os massacres, relatados aqui, fizeram-me ir pesquisar sobre.
Os massacres das Liga Bodo tiveram lugar durante a Guerra da Coreia no verão de 1950 contra suspeitos de serem comunistas. Os suspeitos eram alistados à força nas “Ligas Bodo” que mais não eram que campos de reeducação ideológica. O número de mortos ronda mais de 60 mil. Vários massacres tiveram lugar. As execuções eram feitas sem qualquer julgamento. Não se sabe ao certo quantas pessoas foram executadas pelas milícias anti-comunistas por suspeitas de serem simpatizantes do regime norte-coreano. As fotografias existentes das valas com os corpos são impressionantes.
Esta história debruça-se sobre duas amigas (uma delas a narradora) que mesmo separadas fisicamente encontram forma de manter e alimentar essa amizade. Quando uma necessita de apoio, a outra move montanhas para o fazer. O passado familiar de uma delas vem ao de cima, trazendo um passado doloroso.
No entanto, embora não tenha acolhido com simpatia a forma como Han Kang narra esta obra e por ter ouvido falar tão bem de Atos Humanos, quero ler esse livro em breve. A autora é multi premiada e quero conhecê-la melhor através dos seus outros livros que esperam vez na minha estante.
Terminado em 17 de Fevereiro de 2025
Estrelas: 4*
Sinopse
Numa manhã gelada de dezembro, Kyungha recebe uma mensagem da sua amiga Inseon –internada num hospital de Seul na sequência de um ferimento grave a cortar madeira – pedindo-lhe que a visite urgentemente.
Quando Kyungha chega à enfermaria, Inseon conta-lhe que veio de avião da ilha de Jeju para ser tratada urgentemente e implora-lhe que vá a sua casa dar de comer e beber ao seu periquito, que de contrário morrerá.
Uma tempestade de neve fustiga a ilha à chegada de Kyungha e muitos dos autocarros foram cancelados ou sofreram atrasos.
As rajadas de vento e o nevão constante não a deixam avançar e de repente a escuridão invade tudo.
Kyungha não sabe se chegará a tempo de salvar a ave – nem mesmo se sobreviverá ao frio tremendo daquela noite; e não sabe também a vertigem que a aguarda em casa da amiga, onde a história há muito sepultada da família de Inseon acaba por revelar-se, em sonhos e memórias transmitidas de mãe para filha e num arquivo diligentemente organizado que documenta um terrível massacre ocorrido em Jeju.
Despedidas Impossíveis é um hino à amizade, uma elegia à imaginação e, acima de tudo, um poderoso manifesto contra o esquecimento.
Como um longo sonho de inverno, estas páginas belíssimas formam muito mais do que um romance – iluminam uma memória traumática, enterrada ao longo de décadas, que ainda hoje ecoa no peito de muitas famílias.
Cris
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